sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

sábado, 31 de dezembro de 2011

Auto-Estudo

Bom dia, pessoal!!!

Abaixo segue vários artigos de pensadores que já estudamos ou vamos estudar.
Fiz um apanhado dos melhores e aí está a dica.
Bons estudos!!!

Rudolf Steiner e a Pedagogia Waldorf

O que é mais importante para um professor é sua concepção da vida e do mundo. A inspiração que flui no professor de sua concepção interior e a cada nova experiência, é carregada além na constituição anímica da criança a ele confiada.”

(Rudolf Steiner)


Rudolf Steiner A Pedagogia Waldorf, criada em 1919 na Alemanha, está presente no mundo inteiro. Uma das principais características da Pedagogia Waldorf é o seu embasamento na concepção de desenvolvimento do ser humano introduzida por Rudolf Steiner, orientada a partir de pontos de vista antropológico, pedagógico, curricular e administrativo fundamentados na Antroposofia. Nela o ser humano é apreendido em seu aspecto físico, anímico (psico-emocional) e espiritual, de acordo com as características de cada um e da sua faixa etária, buscando-se uma perfeita integração do corpo, da alma e do espírito, ou seja, entre o pensar, o sentir e querer.

A base da Pedagogia Waldorf é conceber ao homem a harmonia físico-anímico-espiritual na prática educativa, partindo da visão antropológica, fazendo com que esta educação responda às necessidades atuais e futuras do homem.

O ser humano deve buscar a resposta que seu interior é capaz de realizar, pois todos nascemos com predisposições e capacidades que ao longo do tempo se desenvolverão.

O ensino teórico é sempre acompanhado pelo prático, com grande enfoque nas atividades corpóreas (ação), artísticas e artesanais, de acordo com a idade dos estudantes; o cultivo das atividades do pensar inicia-se com o exercício da imaginação, do conhecimento dos contos, lendas e mitos, até gradativamente atingir-se o desenvolvimento do pensamento mais abstrato, teórico e rigorosamente formal, mais ou menos na época de ensino médio. Essa não exigência de atividades que necessitam de um pensar abstrato muito cedo é também um dos grandes diferenciais em relação à outros métodos de ensino.

Nessa concepção predomina o exercício e desenvolvimento de habilidades e não do mero acúmulo de informações, cultivando a ciência, a arte e os valores morais e espirituais necessárias ao ser humano.

Seus princípios são pautados na Trimembração do Organismo Social, que partiu da revalorização dos impulsos da Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade, onde se tem liberdade (no pensar) com responsabilidade, igualdade (jurídico-legal) de deveres e direitos e fraternidade como respeito mútuo regendo as instituições com base na Pedagogia Waldorf.

Do período entre a infância e adolescência dá-se importância aos três primeiros setênios, nas faixas de 0 a 7 anos, de 07 a 14 anos e de 14 a 21 anos (as idades são aproximadas devido a fatores que antecipam alguns acontecimentos), período em que a criança e o jovem recebem educação na escola.

Os Setênios:

De 0 a 07 anos (maturidade escolar)

  • A criança está aberta ao mundo;
  • Tem confiança ilimitada;
  • Recebe impressões sensoriais;
  • Não elabora julgamento ou análise;
  • Está na fase do desenvolvimento motor;
  • As percepções inadequadas são armazenadas no inconsciente (não compreende o pensamento dos adultos);
  • Aprendizado por imitação;
  • O educador Waldorf deve ser digno de ser imitado, pois nessa imitação inconsciente estará fundamentando sua moralidade futura.

Característica: O bom.

De 07 a 14 anos (maturidade sexual)

  • Desenvolvimento anímico;
  • Emancipação da vida corporal;
  • Interage e reage aos estímulos que recebe;
  • Necessita de explicações conceituais;
  • Interesse pela admiração que as coisas causam;
  • Vivência na área dos sentimentos (sai sentido entra sentimento);
  • Puberdade (12/14 anos) perturba a harmonia anímica;
  • O professor Waldorf deve saber o que é bom ou não para seu aluno e entusiasmá-lo, deve ter "autoridade amorosa";

Característica: O belo.

De 14 a 21 anos (maturidade social)

  • Liberdade das forças anímicas;
  • Desenvolvimento do lógico, analítico e sintético;
  • Separa-se do mundo (vê o mundo de fora);
  • Quer explicações conceituais e intelectuais;
  • Quer ser compreendido;
  • O professor Waldorf deve ser digno de respeito.

Característica: O verdadeiro.

As características do processo evolutivo da aprendizagem e transmissão do conhecimento requerem um grande conhecimento por parte do professor Waldorf, e a ação pedagógica deve ser o agente facilitador deste processo, pois quando as respostas às expectativas dos estudantes são atendidas a aprendizagem tem caráter significativo.

O estudante deve ter um acompanhamento do seu desenvolvimento integralmente, pois passa da infância à adolescência na escola. É a educação transcendendo a transmissão de conhecimento e cultivando devagar e com carinho o intelecto e a sensibilidade humana.

A Pedagogia Waldorf trabalha a formação do indivíduo, é o chegar, fazer e ser. Ter mais sabedoria do que conhecimento e o professor deve atar tudo isso com um laço de amor partilhado.

Para saber mais:

Philippe Perrenoud

“A perversão mais grave da avaliação é avaliar conhecimentos que a escola não ensinou.”



Philippe PerrenoudSociólogo suíço, referência essencial para os educadores em virtude de suas idéias pioneiras sobre a profissionalização de professores e a avaliação de alunos. Doutor em sociologia e antropologia, professor da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Genebra e diretor do Laboratório de Pesquisas sobre a Inovação na Formação e na Educação (Life), também em Genebra.

Segundo Philippe Perrenoud, o ofício de professor está se transformando: trabalho em equipe e por projetos, autonomia e responsabilidades crescentes, pedagogias diferenciadas, centralização sobre os dispositivos e as situações de aprendizagem. Este contexto privilegia as práticas inovadoras e, portanto, as competências emergentes, aquelas que deveriam orientar as formações iniciais e Contínuas, aquelas que contribuem para a luta contra o fracasso escolar e desenvolvem a cidadania, aquelas que recorrem à pesquisa e enfatizam a prática reflexiva. É preciso reconhecer que os professores não possuem apenas saberes, mas também competências profissionais de modo a não se reduzir ao domínio dos conteúdos a serem ensinados, e aceitar a idéia de a evolução exigir que todos os professores possuam competências antes reservadas aos inovadores ou àqueles que precisavam lidar com públicos difíceis.

Competência é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações etc) para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações. Competências estão ligadas a contextos culturais, profissionais e condições sociais. Os seres humanos não vivem todos as mesmas situações. Eles desenvolvem competências adaptadas a seu mundo.

A selva das cidades exige competências diferentes da floresta virgem, os pobres têm problemas diferentes dos ricos para resolver. Algumas competências se desenvolvem em grande parte na escola. Outras não. Quando a escola se preocupa em formar competências, em geral dá prioridade a recursos. De qualquer modo, a escola se preocupa mais com ingredientes de certas competências, e bem menos em colocá-las em sinergia nas situações complexas.

Durante a escolaridade básica, aprende-se a ler, a escrever, a contar, mas também a raciocinar, explicar, resumir, observar, comparar, desenhar e dúzias de outras capacidades gerais. Assimila-se conhecimentos disciplinares, como matemática, história, ciências, geografia etc. Mas a escola não tem a preocupação de ligar esses recursos a certas situações da vida. Quando se pergunta porque se ensina isso ou aquilo, a justificativa é geralmente baseada nas exigências da seqüência do curso : ensina-se a contar para resolver problemas ; aprende-se gramática para redigir um texto. Quando se faz referência à vida, apresenta-se um lado muito global : aprende-se para se tornar um cidadão, para se virar na vida, ter um bom trabalho, cuidar da sua saúde.

Na teoria do autor Philippe Perrenoud, existe hoje um referencial que identifica cerca de 50 competências cruciais na profissão de educador. Algumas delas são novas ou adquiriram uma crescente importância nos dias de hoje em função das transformações dos sistemas educativos, bem como da profissão e das condições de trabalho dos professores.

Essas competências dividem-se em 10 grandes "famílias":

1. Organizar e dirigir situações de aprendizagem

  • Conhecer, para determinada disciplina, os conteúdos a serem ensinados e sua tradução em objetivos de aprendizagem.
  • Trabalhar a partir das representações dos alunos.
  • Trabalhar a partir dos erros e dos obstáculos à aprendizagem.
  • Construir e planejar dispositivos e seqüências didáticas.
  • Envolver os alunos em atividades de pesquisa, em projetos de conhecimento.

2. Administrar a progressão das aprendizagens

  • Conceber e administrar situações-problema ajustadas ao nível e às possibilidades dos alunos.
  • Adquirir uma visão longitudinal dos objetivos do ensino.
  • Estabelecer laços com as teorias subjacentes às atividades de aprendizagem.
  • Observar e avaliar os alunos em situações de aprendizagem, de acordo com uma abordagem formativa.
  • Fazer balanços periódicos de competências e tomar decisões de progressão.
  • Rumo a ciclos de aprendizagem.

3. Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação

  • Administrar a heterogeneidade no âmbito de uma turma.
  • Abrir, ampliar a gestão de classe para um espaço mais vasto.
  • Fornecer apoio integrado, trabalhar com alunos portadores de grandes dificuldades.
  • Desenvolver a cooperação entre os alunos e certas formas simples de ensino mútuo.
  • Uma dupla construção.

4. Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho

  • Suscitar o desejo de aprender, explicitar a relação com o saber, o sentido do trabalho escolar e desenvolver na criança a capacidade de auto-avaliação.
  • Instituir um conselho de alunos e negociar com eles diversos tipos de regras e de contratos.
  • Oferecer atividades opcionais de formação.
  • Favorecer a definição de um projeto pessoal do aluno.

5. Trabalhar em equipe

  • Elaborar um projeto em equipe, representações comuns.
  • Dirigir um grupo de trabalho, conduzir reuniões.
  • Formar e renovar uma equipe pedagógica.
  • Enfrentar e analisar em conjunto situações complexas, práticas e problemas profissionais.
  • Administrar crises ou conflitos interpessoais.

6. Participar da administração da escola

  • Elaborar, negociar um projeto da instituição.
  • Administrar os recursos da escola.
  • Coordenar, dirigir uma escola com todos os seus parceiros.
  • Organizar e fazer evoluir, no âmbito da escola, a participação dos alunos.
  • Competências para trabalhar em ciclos de aprendizagem

7. Informar e envolver os pais

  • Dirigir reuniões de informação e de debate.
  • Fazer entrevistas.
  • Envolver os pais na construção dos saberes.

8. Utilizar novas tecnologias

  • A informática na escola: uma disciplina como qualquer outra, um savoir-faire ou um simples meio de ensino?
  • Utilizar editores de texto
  • Explorar as potencialidades didáticas dos programas em relação aos objetivos do ensino.
  • Comunicar-se à distância por meio da telemática.
  • Utilizar as ferramentas multimídia no ensino.
  • Competências fundamentadas em uma cultura tecnológica.

9. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão

  • Prevenir a violência na escola e fora dela.
  • Lutar contra os preconceitos e as discriminações sexuais, étnicas e sociais.
  • Participar da criação de regras de vida comum referentes à disciplina na escola, às sanções e à apreciação da conduta.
  • Analisar a relação pedagógica, a autoridade e a comunicação em aula.
  • Desenvolver o senso de responsabilidade, a solidariedade e o sentimento de justiça.
  • Dilemas e competências

10. Administrar sua própria formação continua

  • Saber explicitar as próprias práticas
  • Estabelecer seu próprio balanço de competências e seu programa pessoal de formação continua.
  • Negociar um projeto de formação comum com os colegas (equipe, escola, rede).
  • Envolver-se em tarefas em escala de uma ordem de ensino ou do sistema educativo.
  • Acolher a formação dos colegas e participar dela
  • Ser agente do sistema de formação continua.

 

Para saber mais Pedagogia Indaiatuba indica:

  • PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre:Artes Médicas Sul, 2000.

Edgar Morin

"A educação deve favorecer a aptidão natural da mente em formular e resolver problemas essenciais e, de forma correlata, estimular o uso total da inteligência geral. Este uso total pede o livre exercício da curiosidade, a faculdade expandida e a mais viva durante a infância e a adolescência, que com freqüência a instrução extingue e que, ao contrário, se trata de estimular ou, caso esteja adormecida, de despertar."

 


Edgar MorinEdgar Nahoun (que mais tarde adota o sobrenome "Morin") nasceu em Paris no dia 8 de julho de 1921. É o filho único de um casal de judeus sefarditas (descendentes dos judeus expulsos da península ibérica em 1492/1496).

Morin é Diretor Emérito do CNRS, Centro Nacional da Pesquisa Científica do qual participa ativamente.

Professor honoris causa da Universidade de Consenza na Itália.

Um dos maiores intelectuais vivos da atualidade, Edgar Morin, sociólogo e filosofo francês, tem influenciado decisivamente o pensamento científico contemporâneo. Crítico contundente da ciência moderna baseada na razão pura, esse autor propõe uma reavaliação dos métodos tradicionais das práticas científicas a partir da aquisição de um pensamento complexo. Morin lança o desafio de aceitarmos a desrazão e a incerteza como princípios inerentes a qualquer processo cognitivo. Em sua obra "Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro" nos contempla com uma profunda reflexão sobre temas fundamentais para a educação contemporânea.

Se vivemos em um mundo complexo e interligado, e novas informações nos fazem, a toda hora, mudar de planos, por que a escola ainda teima em ensinar certezas e conhecimentos que parecem únicos e absolutos? Questões como essa levaram Edgar Morin a propor uma nova estrutura para a educação, que implicasse também em uma reforma do pensamento. Nos anos 1990 ele foi convidado pelo Ministério da Educação de seu país para replanejar o ensino secundário. A mudança não ocorreu, mas logo suas idéias tomaram corpo e ultrapassaram as fronteiras da França. A convite da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Morin fez um estudo sobre quais seriam os temas que não poderiam faltar para formar o cidadão do século 21. Assim nasceu Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro, texto que serviu de base para a elaboração de nossos Parâmetros Curriculares Nacionais, entre outros documentos.

Os processos de aprendizagem que visam para a pura transmissão de conhecimentos, segundo Morin, são cegos ao conhecimento humano. A educação pressupõe "sempre" a ameaça do erro e da ilusão, sem que estes sejam necessariamente reconhecidos como tais. O autor exemplifica esse fundamento referindo-se a teoria da informação que mostra as perturbações aleatórias e os ruídos como riscos imanentes a qualquer transmissão de informação ou comunicação de mensagens. Desta forma, por ser o ato cognitivo dependente de um intelecto-afeto que só é capaz de conhecer por meio das perturbações e traduções cerebrais com base em experiências internas do indivíduo, e nunca através do mundo exterior, o erro, a ilusão e a incerteza são partes constitutivas de qualquer saber.

A educação para o futuro pressupõe disponibilizar acesso ao conhecimento global. O conhecimento pertinente, diz o autor, é aquele que permite apreender o complexus, ou seja, aquilo que foi tecido junto. Se torna imprescindível a aquisição de conhecimentos com base em conjunções que possibilitem relacionar a multidismensionalidade do contexto, para então evidenciar a complexidade do mesmo. As hiperespecializações são obstáculos ao conhecimento do futuro porque já comprovaram ter sido inócuas à um saber contextualizador e integrador. São fechadas em si mesmas, parcelando e compartimentando os saberes, impedindo a preensão do que foi tecido junto, ou seja, do todo. Educar, portanto, denota ensinar a condição humana integrada nas mais diversas disciplinas, situando o sujeito no universo, e não separando-o dele.

O principal desafio para a educação do futuro é promover meios para a reforma do pensamento. É tarefa educativa ensinar a identidade planetária, a compreensão da ética do gênero humano. A compreensão, denuncia o autor, está ausente do ensino moderno. É vital para a sobrevivência do gênero humano sair do seu estado bárbaro de incompreensão e adquirir conhecimentos que oportunizem a solidariedade intelectual e moral para a humanidade. E, segundo Morin, há duas formas de compreensão. A compreensão intelectual ou objetiva que pressupõe inteligibilidade e modelos explicativos, e a compreensão humana intersubjetiva que transcende a simples explicação. Assim, compreender também inclui "um processo de empatia, de identificação e projeção".

É no contexto teórico dessas reflexões que Morin destaca a pertinência de uma reforma no pensamento moderno. Para ele, o conhecimento do futuro pressupõe habilidades que oportunizem ao educando articular e organizar conteúdos que adquiram sentido para ele mesmo. Isso só é possível através de uma postura aberta, não dogmática e consciente de que o erro e a incerteza são partes intrínsecas de qualquer processo de conhecimento. Para tanto, o autor nos desafia a usar a racionalidade em oposição a racionalização, que por ser fechada e determinista nega a contestação argumentativa. Assim, nas próprias palavras do autor "a verdadeira racionalidade é fruto do debate argumentado das idéias, e não a propriedade de um sistema de idéias". Morin, concluindo suas reflexões, deixa evidente que a tarefa da educação do futuro está em desenvolver a mútua compreensão das mentalidades planetárias com objetivos à democracia e à cidadania.


Para saber mais Pedagogia Indaiatuba indica:
Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro – 2ª ed. – São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2000;
Título original: Les sept savoirs nécessaires à l’ education du futur;
Tradução de Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawya; Revisão Técnica de Edgard de Assis Carvalho; Originalmente publicado pela United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO) Paris, France.

Rubem Alves

"O nascimento do pensamento é igual ao nascimento de uma criança: tudo começa com um ato de amor. Uma semente há de ser depositada no ventre vazio. E a semente do pensamento é o sonho. Por isso os educadores, antes de serem especialistas em ferramentas do saber, deveriam ser especialistas em amor: intérpretes de sonhos.”



Rubem AlvesRubem Alves é educador, escritor, psicanalista e professor. Talvez seja o educador mais famoso e requisitado atualmente no Brasil.

Autor de mais de sessenta livros, entre os quais se encontra uma prolífica literatura infantil, crônicas e inúmeros livros voltados para a área da educação.

Em suas obras pedagógicas costuma abordar temas sérios e importantes como a formação do educador, se há a diferença entre ser professor e ser educador, o processo educacional, a qualidade total na educação, entre outros. Seu texto é bastante agradável a partir do momento em que se utiliza de histórias, metáforas e fábulas para um melhor entendimento do conteúdo.

Segundo Rubem ensinar é mobilizar o desejo de aprender. Mais importante do que saber é nunca perder a capacidade de aprender. "Saber é saborear": afirma. O novo profissional da educação deve romper o divórcio entre a vida escolar e o prazer.

Diante da atual sociedade onde o capitalismo dita as regras chegando atingir a área educacional - a qual muitas vezes visa eficiência e lucro esquecendo do prazer e entusiasmo necessários para que o processo ensino-aprendizagem aconteça de forma eficaz, constatamos com tristeza que o professor trabalha sem interesse e sem prazer, apenas para obter um salário e usufruir dele.

Rubem Alves faz uma boa distinção entre o Professor e o Educador, "advertindo-nos de que na realidade, na prática, eles se encontram juntos, mesclados no profissional da educação".Para ele o educador é aquele que abraça a causa com vontade, que tem paixão pelo que faz. A teoria de Rubem Alves é grande inspiradora da equipe Projetos Pedagógicos Dinâmicos que busca motivar professores e alunos, construindo constantemente novos saberes e contagiando, descobrindo, inquietando, na certeza de que há esperança e que é possível transformar o azedo limão em uma deliciosa limonada.

Em "Sobre Jequitibás e Eucaliptos: Amar", Alves deixa claro seu questionamento sobre o que é educar e qual a identidade de quem se propõe tal tarefa, e remete-nos sempre ao mesmo ponto: ensinar é prazer. Nessa parte ele compara o educador (que ensina com amor) com um Jequitibá, árvore robusta que raramente se vê nos dias de hoje; os professores por sua vez são comparados com Eucaliptos, árvore que encontramos com facilidade.

Essa distinção se dá através de temas sensíveis como amar, acordar, libertar e agir. Questiona a perda do amor pela arte de ensinar e aborda o resultado que isso trará para os alunos. Aponta que muitas vezes a miséria nos meios de educação não é culpa do governo e sim de mesquinharias que professores e cientistas estabelecem entre si. Mais uma vez ele critica a prática da ciência visando apenas resultados econômicos, podendo ser usada para o bem e para o mal.

A existência da dicotomia professor/educador deve-se muito, segundo Rubem Alves, ao rápido desenvolvimento da ciência nos séculos XIX e XX, cujo caráter objetivo de seus conhecimentos desprezou aspectos relevantes da experiência e interioridade humanas, como opiniões pessoais, reflexões, ideologias, sonhos, paixões, esperanças, utopias, desejos... A ciência patrocinou o avanço da tecnologia, que fez com que as pessoas idolatrassem a produção daquilo que é útil e imediato para o dia-a-dia. Surgiu, o utilitarismo, segundo o qual as pessoas são determinadas pelo que produzem e objetivamente fazem.

O autor ainda profetiza o professor como sendo aquele que informa, transmite conhecimentos, enquanto que o educador, além de informar, procura formar e informar, assim segundo ele, o educador atua movido pela sua intenção social, o professor pelas regras das instituições.

Sobre metodologia Rubem ressalta que “fazer ciência pela ciência é mero exercício, sem levar em conta o seu uso para fins, cuja finalidade seja resolver questões humanas de importância.”

A idéia central que Rubem Alves traz é a linguagem, a fala ao lado do corpo: “O corpo é o primeiro livro que devemos descobrir; por isso, é preciso reaprender a linguagem do amor, das coisas belas e das coisas boas, para que o corpo se levante e se disponha a lutar.”

A educação é um ato político, que exige reflexão, dentre elas, desenvolver a função crítica em que o questionamento deve ser cada vez mais aguçado. E a função criativa, em que o educador se permite sonhar e buscar realizá-los, não se conformando com o pronto e acabado, mas indo em busca do novo, do desejado e porque não do aparentemente impossível?

“A maioria dos problemas da sociedade se resolveria se os indivíduos tivessem aprendido a pensar.”
“A educação é algo que transborda dos limites das escolas.”

Para conhecer melhor as idéias de Rubem Alves, visite o site:
http://www.rubemalves.com.br/

Gilberto Freyre

"O saber deve ser como um rio, cujas águas doces, grossas, copiosas, transbordem do indivíduo, e se espraiem, estancando a sede dos outros. Sem um fim social, o saber será a maior das futilidades".

Gilberto Freyre - Discurso de "Adeus ao Colégio", novembro de 1917.


Gilberto Freyre (1900-1987) – Pernambucano do Recife - Escritor, sociólogo, etnólogo, antropólogo, educador, jornalista, político, apaixonado pelo Brasil e pela cultura luso-tropical, desmontou teses pessimistas sobre a capacidade empreendedora do homem brasileiro, exaltando a trilogia étnica – índio, branco e negro – sobre a qual se ergueu o País. Publicou mais de 50 livros, sobre todos os assuntos pertinentes à cultura nacional. Foi o escritor brasileiro que recebeu as maiores distinções, o maior reconhecimento de universidades e instituições brasileiras e estrangeiras. Deixou uma obra de grande importância a qual devemos valorizar, explorar, resgatar, reconhecer, compreender, exaltar.

As crianças e jovens precisam conhecer Gilberto Freyre assim como ler e contemplar sua obra. Cabe aos professores a tarefa de apresentar aos seus alunos de forma atraente a personalidade e os livros. A exigência da leitura apenas não atingirá o objetivo de divulgar e agradar. Nada que é imposto e obrigatório agrada. O ato de ler bons livros não pode ser exigido e sim conquistado. A riqueza da obra de Freyre pode proporcionar uma viagem extraordinária no tempo e na cultura brasileira, transformando a escola em real espaço de aprendizagem.

A história de vida do escritor já rende um trabalho pedagógico intenso. Por incrível que pareça aos 08 anos de idade Gilberto era considerado pela a família como “retardado”, pois tinha uma grande dificuldade em ler e escrever. Todavia, se expressava muito bem desenhando. Só criou o hábito e o gosto pela leitura e escrita quando um professor teve a sensibilidade de elogiar e valorizar seus desenhos e partir deles para iniciar a alfabetização.

Quantas vezes os professores rotulam os alunos de incapazes por não seguirem o tempo previsto? Além de cada pessoa ter seu ritmo de aprendizagem não podemos esquecer que nem todos aprendem da mesma maneira. Exemplos de vida como a de Gilberto Freyre nos levam a perceber o quão importante é a tarefa do professor alfabetizador que pode tolher talentos ou aflorá-los, de acordo com o modo em que desenvolvem suas aulas.

Conhecer a biografia e a obra de grandes artistas brasileiros é fundamental desde cedo. Não adianta as vésperas do vestibular, apresentar aos jovens nossos mestres como mais um conteúdo. A idéia não é essa! Sugerimos integrar no cotidiano das aulas, como um amigo, um aliado, uma experiência. Aí os professores do primeiro ciclo do Ensino Fundamental vão indagar como fazê-lo, vão alegar a literatura extensa. Fácil responder! Basta usar a criatividade para apresentar às crianças além do que contêm no livro didático. As crianças são naturalmente curiosas, ávidas por novidades. Algumas estratégias costumam ser eficazes como:

  • Diariamente apresentar uma frase, propor que copiem na agenda, conversar sobre ela, interpretar através de uma conversa plural. Um dia uma frase divertida, outro dia otimista, ludicamente deixar que as crianças acreditem ser “a frase misteriosa”, “a frase secreta”, “a frase do futuro”... Nessa brincadeira pode-se começar a aula sempre com uma frase, colá-la no calendário para marcar o dia, e assim, facilmente introduzir frases de grandes autores brasileiros. Chegará o dia em que os alunos levarão suas próprias frases, terão sede de pesquisar frases interessantes, diferentes, polêmicas... Com isso até gostarão de elaborar suas próprias frases filosóficas.
  • Mostrar a foto do autor e propor uma pesquisa sobre sua biografia. Não aquela pesquisa morta em que depois é guardada e esquecida, usada apenas para uma nota, mas a pesquisa viva onde terão a chance de dialogar com o autor. Com todas as pesquisas em mãos pedir que cada aluno diga o que mais chamou sua atenção de tudo que descobriram. Criar um cartaz listando as descobertas e ilustrando com fotos e caricaturas. O professor pode, ainda, pesquisar junto na internet ou em livros previamente preparados para a aula. Havendo tempo suficiente ainda é possível criar jogos e brincadeiras usando o material pesquisado.
  • Apresentar uma grande obra de forma sintetizada através de dramatização ou teatro fantoches. Quem sabe um pequeno vídeo ou apresentação em Power Point.

No caso de Gilberto Freyre as possibilidades são inúmeras. Sua obra mais conhecida “Casa grande e senzala” foi lançada no formato de gibi (história em quadrinhos) em edição especial para crianças. Gilberto não escreveu somente livros, mas deixou poemas e artigos que podem, também, ser trabalhados em sala de aula. Ainda é possível explorar entrevistas e vídeos com o autor. Para aqueles que moram no nordeste uma opção ainda mais interessante é visitar a Fundação Gilberto Freyre. Localizada em Apipucos. A casa-museu reúne seu patrimônio cultural, seus bens e acervos, além de estimular a continuidade dos seus estudos e de suas idéias, através da compreensão e interpretação da realidade social brasileira.

Uma visita a Fundação Gilberto Freyre integra cultura, história, literatura e ecologia, através de atividades lúdicas e de curiosidades. Existe na fundação um programa especial de atendimento aos educadores.

É inegável que Gilberto Freyre ofereceu contribuições inestimáveis para a compreensão do Brasil. Sua obra retrata a identidade de nosso país e de nosso povo, fala da terra, da vida, dos animais, da casa, da moda, dos fatos do cotidiano. Para tal Freyre utilizou recursos diversos como: histórias infantis, receitas, livros de culinária, diários íntimos, cantigas e mitos e da cultura popular, sendo um revolucionário e como tal bastante polêmico.

Nas décadas de 30, 40 e 50 já trabalhava temas como ecologia, futebol, família, sexualidade, infância e cultura material.

Quisera conseguir atingir o íntimo dos professores ao ponto de estimulá-los a colocar em seus planejamentos um pouco que seja da imensa contribuição de Freyre para Sociedade. Muito falamos da importância de estimular e criar o hábito da leitura, criamos vários projetos no intuito de inserir a Literatura no cotidiano dos nossos alunos, enquanto isso percebo claramente que a grande maioria dos professores precisam tanto quanto de incentivo, de projetos e de estímulos para ler.

Nos dias de hoje acabamos lendo o que mais aparece na mídia, o que nos é imposto em faculdades ou no próprio trabalho. Acabamos caindo na tentação de ler o mais fácil, o mais ilustrado, o mais rápido... Com isso, se não somos animados e conhecer e re-conhecer bons autores, simplesmente os esquecemos em nossas aulas. Não falo aos especialistas em Ciências Sociais e Antropológicas, mas me dirijo ao público que acompanha o trabalho do PPD e busca em nosso site um apoio a sua prática pedagógica diária. Falo com os professores do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental, aqueles que formam a base da educação. Aqueles que são os modelos de tantas crianças brasileiras.

Se em nossa profissão temos inúmeros obstáculos, problemas e desafios que tanto nos desanimam, não adianta ficarmos buscando culpados e com isso deixar a rotina mecânica dos livros adotados perseverar no erro. Quantos livros lemos por semana, por mês ou por ano? Quantos autores embasam nossa práxis pedagógica? Diria mais, quantos autores conhecemos a fundo? Quantos deles apresentamos às crianças?

Aqui não estou a julgar, mas a tentar mostrar que temos sim nossa grande parcela de culpa no fracasso da educação de nosso país. A partir do momento em que abraçamos o magistério como profissão temos o dever e a obrigação de fazer a nossa parte. Que vai além do que costumamos fazer...

Como Gilberto Freyre inovou para mostrar-nos suas idéias podemos nós aproveitar seu entusiasmo e inovar também lançando mão de suas obras, puramente patriotas, vividas e apaixonadas.

Lanço aqui um desafio aos professores para que trabalhem Gilberto Freyre e nos envie depois, por e-mail, o resultado. Aqueles que sentirem-se tocados por este meu apelo serão publicados no site para, quiçá, estimular outros profissionais.

Os resultados sendo positivos podemos abrir o leque de possibilidades e buscar outros autores brasileiros para enriquecer nossas aulas. Façamos o seguinte: comprometo-me a estudar, pesquisar e oferecer no site subsídios para suas aulas e você que é professor tentará, igualmente fazê-lo, adicionando grandes mestres de nossa Literatura, um a um, na sua prática pedagógica, apresentando-os aos alunos como aliados no processo ensino-aprendizagem. Juntos, reconheceremos nosso país e nosso povo, com criatividade, com sensibilidade e vontade não só de ensinar, mas de aprender junto, de viver a educação, de reinventar a escola e torná-la um capítulo de orgulho a nossa gente e a nossa cultura.


Site da fundação Gilberto Freyre - Onde é possível encontrar link para a Biblioteca Virtual que reúne acervo pessoal, livros, artigos, teses e dissertações, fotos e vídeos. Além dos contatos (telefones e e-mails) para agendar visitas pedagógicas.




Vale a pena conferir a coleção Aprender Brincando que foi criada pelo Escritor Mário Souto Maior com a finalidade de plantar na mente das crianças, com linguagem acessível à idade, informações sobre a vida de brasileiros ilustres que, nas artes e nas letras, elevaram o nome de nossa pátria.

Um menino chamado Gilberto Freyre” número 1 da coleção - pegue aqui o arquivo em PDF e imprima para você e seus alunos. Atenção: Imprimir as páginas ímpares, virar o papel e imprimir as pares. Clique aqui para fazer download.