sábado, 31 de dezembro de 2011

Lev S. Vygotsky

"Quanto mais rica a experiência humana, tanto maior será o material disponível para a imaginação e a criatividade".


Professor e pesquisador foi contemporâneo de Piaget, e nasceu em Orsha, pequena cidade da Bielorrusia em 17 de novembro de 1896, viveu na Rússia, quando morreu, de tuberculose, tinha 37 anos.

Construiu sua teoria tendo por base o desenvolvimento do indivíduo como resultado de um processo sócio-histórico, enfatizando o papel da linguagem e da aprendizagem nesse desenvolvimento, sendo essa teoria considerada histórico-social. Sua questão central é a aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio.

Segundo Vygotsky, a evolução intelectual é caracterizada por saltos qualitativos de um nível de conhecimento para outro. A fim de explicar esse processo, ele desenvolveu o conceito de ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL, que definiu como a "distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes".

De acordo com Vygotsky “a escola tem o papel de fazer a criança avançar em sua compreensão de mundo a partir de seu desenvolvimento já consolidado e tendo como meta etapas posteriores, ainda não alcançadas”. Por sua vez, “o professor tem o explícito papel de interferir na zona de desenvolvimento proximal dos alunos provocando avanços que não ocorreriam espontaneamente” (REGO, 1999, p. 85) .

O aluno só conseguirá atingir um nível de abstração em Matemática, por exemplo, se anteriormente ele foi estimulado com operações concretas, como o uso do ábaco, do material dourado, dos palitos de sorvete, das pedrinhas, das barrinhas de Cursinaire, entre tantos. Valemo-nos, mais uma vez, das contribuições de Vygotsty (1987 – p. 31) - “o único bom ensino é aquele que se adianta ao desenvolvimento” .

Ao ensinar/educar as crianças, o adulto deverá, ainda, utilizar sempre um vocabulário vasto, além de usar nomenclaturas corretas e dar explicações coerentes, que satisfaçam o grau de desenvolvimento delas. Tornando mais claro, se um professor que trabalha com crianças de quatro anos fazer uso contínuo de diminutivos, certamente elas assim o farão; falarão como o modelo apresentado. Mas, em outro exemplo, se alguém disser às crianças que a gripe é causada por um vírus e lhes der uma explicação plausível sobre o que é ‘isso', elas sairão, no final de cada processo, de cada momento de ensino-aprendizagem, mais bem preparadas, com um vocabulário mais rico e, certamente, não falarão à outra pessoa que a gripe é causada por uns ‘bichinhos'...

Vygotsky enfatiza o papel da intervenção no desenvolvimento, porém o seu objetivo maior é trabalhar com a importância do meio cultural e das relações entre indivíduos na definição de um percurso de desenvolvimento da pessoa humana, e não propor uma pedagogia diretiva, autoritária.

Trabalha com a idéia de reconstrução, de reelaboração, por parte do indivíduo, dos significados que lhe são transmitidos pelo grupo cultural. Imitação, para ele, é uma reconstrução individual daquilo que é observado nos outros.

Ele não toma a atividade imitativa como um processo mecânico, mas sim como uma oportunidade de a criança realizar ações que estão além de suas próprias capacidades, o que contribuiria para seu desenvolvimento. Ao imitar a escrita de um adulto, a criança está promovendo o amadurecimento de processos de desenvolvimento que a levarão ao aprendizado da escrita. Quando uma criança de três ou quatro anos imita um adulto utilizando-se da garatuja ou dos rabiscos contínuos, na tentativa de se comunicar via escrita, ela está tentando imitar a letra cursiva do adulto/modelo. Isso significa que está sendo, portanto, estimulada pelo meio e, após alcançar o NDP, assim o fará, se bem estimulada. Não se pode esquecer que todo esse mecanismo está intrinsecamente ligado e, ao mesmo tempo, se inter-relacionando com a maturidade do sistema nervoso central. É preciso que tal sistema esteja amadurecido. Segundo alguns autores é por essa razão que a criança deve ser alfabetizada com sete anos.

A interação entre alunos também provoca intervenções no desenvolvimento das crianças. Ao propor uma atividade em grupo, o professor deve ter como objetivos, além dos específicos, a expectativa de que a ajuda mútua, as discussões, os levantamentos de hipóteses, sejam momentos de grande aprendizado.

Se o professor, por exemplo, dá uma tarefa individual aos alunos em sala de aula, a troca de informações e de estratégias entre as crianças não deve ser considerada como procedimento errado, pois pode tornar a tarefa um projeto coletivo extremamente produtivo para cada criança.

Quando um aluno recorre ao professor como fonte de informação para ajudá-lo a resolver algum tipo de problema escolar, não está burlando as regras do aprendizado, mas ao contrário, utilizando-se de recursos legítimos para promover seu próprio desenvolvimento. E uma das melhores formas de o professor ajudá-lo é propondo algo que o faça buscar uma resposta. Por exemplo, se um aluno lhe pergunta se ‘benefício' escreve-se com c, ç, s ou ss, o professor pode, juntamente com ele, buscar a resposta num dicionário. Ou pode propor um desafio para grupos de crianças, oferecendo-lhes uma lista com palavras para trabalharem e criarem regras ortográficas, fazendo-as defrontar-se com o problema.

Vygotsky exemplifica a importância das situações concretas e a fusão que a criança pequena faz entre os elementos percebidos e o significado. Numa situação imaginária, entretanto, a criança é levada a agir num mundo imaginário, onde a situação é definida pelo significado estabelecido pela brincadeira e não pelos elementos reais concretamente presente.

Ao brincar com um tijolinho de madeira como se fosse um carrinho, por exemplo, a criança se relaciona com o significado em questão e não com o objeto concreto. O tijolinho serve como uma representação de uma realidade ausente – um jogo simbólico. O brinquedo provê, assim, uma situação de transição entre a ação da criança com objetos concretos e suas ações com significados – preparando-a para uma nova etapa de seu desenvolvimento. Portanto, a promoção de atividades que favoreçam o envolvimento da criança em brincadeiras, tem nítida função pedagógica e psicológica (catalisação de conflitos, por exemplo).

Outra função extremamente importante da escola é a de criar espaços/condições para promover a leitura e a escrita. Vygotsky tem uma abordagem genética da escrita: preocupa-se com o processo de aquisição. Para compreender o desenvolvimento da escrita é necessário estudar o que ele chama de “a pré-história da linguagem escrita” – o que se passa com a criança antes de ser submetida a processos deliberados de alfabetização.

Alguns exemplos de práticas didáticas baseadas nos estudos vygotskyanos

Alfabetização
Não se pauta por fases (como pré-silábica ou silábica, que orientam o construtivismo). O objetivo é ampliar o universo de expressões da criança para facilitar a incorporação da escrita. A ênfase é na elaboração da fala, da escrita e da leitura como instrumentos simbólicos que reprecutem no desenvolvimento mental.

O erro
Faz parte do processo de aprendizado, mas o professor deve apontá-lo sempre para que a criança o corrija. "Não se pode esperar que o aluno descurbra sozinho que errou", diz João Carlos. O construtivismo também faz correções, mas sempre considerando o desenvolvimento da criança.

Cópia
A criança deve contar com um ponto de partida para realizar suas próprias descobertas. Nesse sentido, o oferecimento de modelos de texto, por exemplo, é uma estratégia válida - desde que resulte numa atividade criativa, não numa cópia mecânica. O construtivismo rígido exclui o trabalho com cópias.



Para saber mais Pedagogia Indaiatuba recomenda:

  • A Formação Social da Mente, Lev Vygotsky, Martins Fontes.
  • Pensamento e Linguagem, Lev Vygotsky, Martins Fontes.
  • Linguagem, Desenvolvimento e Aprendizagem, Yygotsky, Luria e Leontiev, Ícone Editora e Editora da USP.
  • A Linguagem e o Outro no Espaço Escolar - Vygotsky e a Construção do Conhecimento, Ana Smolka e Mari Cecilia Goes, Papirus.
  • O Pensamento de Vygotsky e Bakhtin no Brasil, Maria Teresa de Assunção Freitas, Papirus.
  • Psicologia na Educação, Claudia Davis e Zilma Oliveira, Cortez.
  • Vygotsky: Aprendizado e Desenvolvimento - Um Processo Sócio-Histórico, Marta Kohl de Oliveira, Scipione.
  • Vygotsky e a Educação, Luis Moll, Artes Médicas.
  • Vygotsky - Uma Perspectiva Histórico-Cultural da Educação, Teresa Cristina Rego, Vozes.
  • Vygotsky - Uma Síntese, Renê Van Der Veer e Jaan Vaisiner, Loyola.

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