segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Organização e Metodologia da Educação Infantil - Tema 1

Organização e Metodologia da Educação Infantil - Tema 2

Organização e Metodologia da Educação Infantil - Temas: 3 e 4

Organização e Metodologia da Educação Infantil - Temas: 5, 6 e 7

As Crianças e o Limite



Nos dias de hoje, com tantas visões à respeito de como educar os filhos, surgem muitas dúvidas pelos pais em relação aos limites.

De três gerações para cá, verifica-se uma mudança radical e significativa na posição dos pais quanto à colocação dos limites e das regras disciplinares em seus filhos. Se por um lado até as décadas de 40 e 50, a maneira de educar os filhos seguia uma direção vertical, na qual os pais exerciam sua autoridade de cima para baixo sem maiores questionamentos. A geração seguinte, a partir do final dos anos 60, incomodada pelo autoritarismo, ao assumir o lugar dos pais agiu no extremo oposto, optando por mais permissividade.

A falta de limites tem conseqüências negativas para a criança e seu desenvolvimento, afinal a criança que não aceita regras, seja para jogar um jogo, para andar no ônibus, para se comportar na escola, terá dificuldades para conviver com os outros.

Os limites ajudam a criança a tolerar frustrações e adiar sua satisfação. Ela tem que apreender a esperar sua vez, a compreender que existem outros e que precisa compartilhar. A insuficiência de limites pode conduzir a uma desorientação, a uma falta de noção dos outros, de respeito e até à criminalidade em alguns casos extremos.

Colocar limites não significa ser autoritário, mas sim ter autoridade. Através da colocação de limites os pais ensinam a criança a respeitar-se e a respeitar os outros. Dizer "não" para uma criança, e ensinar-lhe que ela também pode dizer não quando alguém quiser lhe impor atitudes ou comportamentos. Na medida em que os pais percebem as necessidades da criança, as identificam e as apontam, ela poderá também identificar quais suas próprias necessidades.

Por exemplo, se uma mãe percebe que seu filho está morrendo de sono e precisa dormir, e ela é firme e lhe disse que é hora de dormir, mesmo que ele resista aos poucos ele poderá identificar seu próprio cansaço e a necessidade do corpo de descansar. Existem muitos adultos que não ouvem as mensagens do próprio corpo, dor, cansaço, fadiga, e passam por cima dos limites do corpo, o que freqüentemente provoca stress e adoecimento. Por outro lado, é comum ouvir as jovens hoje em dia dizerem não saber como dizer "não", a um namorado que deseja ter uma relação sexual.

Colocar limites não significa privar de liberdade. Quanto mais cedo, os pais colocarem os limites de forma afetiva e com segurança de propósitos menos problemas terão na puberdade e na adolescência, fase na qual as crianças se revoltam contra as imposições desmedidas e transgridem aquilo que é insuportável.

É importante que os pais dialoguem com os filhos e expliquem quais os propósitos dos limites. Se mesmo assim as crianças não obedecerem, às vezes é necessário colocar sanções, com o intuito das crianças se responsabilizarem pelos atos e pelas suas decisões.

A tarefa de dizer não, por outro lado, inicia-se desde o nascimento. A importância do "não" e do estabelecimento de limites é fator organizador na formação da personalidade de todo ser humano. Desde ao redor de um ano de idade aproximadamente a criança precisa aprender a ouvir a palavra "não" e o os pais de pronunciá-la.

As crianças passam pela "fase do negativismo", na qual a criança fala quase compulsivamente a palavra "não", testando sua força diante da autoridade do adulto, pai ou mãe. Com esse comportamento as crianças estão experimentando até onde podem chegar e até onde os pais deixam ir.

As crianças precisam de regras claras, objetivas e coerentes colocadas com segurança e na hora certa. O estabelecimento de limites não é tarefa fácil, mas muito mais complicado é mantê-los. Ter de enfrentar o choro, resmungos, esperneio e a sensação provocada pela criança de que somos pais "maus" e injustos é difícil de tolerar. É fundamental conhecer quais os recursos mentais da criança em cada faixa etária. Por exemplo, antes dos 4 ou 5 anos é quase impossível esperar que uma criança compreenda e aceite as regras de um jogo. Ela vai querer jogar e ganhar toda vez. Obrigá-la a aceitar regras antes do tempo seria um limite absurdo. Porém, a partir dos 6 anos a criança já terá adquirido a capacidade para aceitar as regras e a vez dos amiguinhos.

Quando a criança é pequena, ela não sabe o que lhe faz bem e o que é prejudicial para sua saúde; são os pais e professores que aos poucos precisam ir ensinando-lhes estes valores, colocando limites, dizendo "não", para que ela possa apreender por si só e se tornar autônoma, conhecendo seu próprio corpo.Também, para que as crianças entendam a importância dos limites é fundamental, que os pais sejam coerentes, fazendo ou deixando de fazer aquilo que foi proibido para a criança fazer.

Maria Cristina Capobianco é psicóloga e autora do livro "O corpo em off" (Ed. Liberdade).

A Importância da Educação Infantil



O mundo todo desperta-se para a importância da educação infantil. Até pouco tempo atrás esse ensino era tido como de menor importância.

Hoje, sabemos que a estimulação precoce das crianças contribui e muito para o seu aprendizado futuro. Desenvolve suas capacidades motoras, afetivas e de relacionamento social. O contato das crianças com os educadores transforma-se em relações de aprendizado.

Uma outra concepção é o desenvolvimento da autonomia, considerando, no processo de aprendizagem, que a criança tem interesses e desejos próprios e que é um ser capaz de interferir no meio em que vive. Entender a função de brincar no processo educativo é conduzir a criança, ludicamente, para suas descobertas cognitivas, afetivas, de relação interpessoal, de inserção social. A brincadeira leva a criança ao conhecimento da língua oral, escrita, e da matemática.

Acompanhando a implantação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), o Ministério da Educação (MEC), com o objetivo de assessorar as escolas, elaborou referenciais para um ensino de qualidade da educação básica, os chamados Parâmetros Curriculares Nacionais.

Os Parâmetros não têm caráter obrigatório e servem de orientação às escolas públicas e particulares. Os Parâmetros, assessorando a competência profissional, contribuem para a elaboração de currículos de melhor nível, mais ajustados à realidade do ensino.

Os “Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Infantil” propõem critérios curriculares para o aprendizado em creche e pré-escola. Buscam a uniformização da qualidade desse atendimento. Os Parâmetros indicam as capacidades a serem desenvolvidas pelas crianças: de ordem física, cognitiva, ética, estética, afetiva, de relação interpessoal, de inserção social e fornecem os campos de ação. Nesses campos são especificados o conhecimento de si e do outro, o brincar, o movimento, a língua oral e escrita, a matemática, as artes visuais, a música e o conhecimento do mundo, ressaltando a construção da cidadania.

O então ministro da Educação, Paulo Renato Souza, ao se referir aos Parâmetros Curriculares do Ensino Fundamental, ponderou: “Passamos a oferecer a perspectiva de que as creches passem a ter um conteúdo educacional e deixem de ser meros depósitos de crianças. Em todo o mundo está havendo a preocupação de desenvolver a criança desde o seu nascimento”.

Dados de 1998, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 25% da população de zero a 6 anos freqüentam creche ou pré-escola. São 5,5 milhões de crianças de um total de 21,3 milhões.

A educação infantil é definida na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) como parte da educação básica, mas não da educação obrigatória. A lei define, também, nas disposições transitórias, a passagem das creches para o sistema educacional. O Ministério da Educação (MEC) determinou que, a partir de janeiro de 1999, todas as creches do País deveriam estar credenciadas nos sistemas educacionais.

Conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, cabe aos sistemas municipais a responsabilidade maior por esses atendimento. A Constituição da República diz que “A educação é direito de todos e dever do Estado”. A emenda constitucional n.º 14/96 alterou dispositivos relativos à educação e estabeleceu que a educação infantil é atribuição prioritária dos municípios.

A educação infantil tem-se revelado primordial para uma aprendizagem efetiva. Ela socializa, desenvolve habilidades, melhora o desempenho escolar futuro, propiciando à criança resultados superiores ao chegar ao ensino fundamental.

A educação infantil é o verdadeiro alicerce da aprendizagem, aquela que deixa a criança pronta para aprender.

* Izabel Sadalla Grispino -Supervisora de ensino aposentada.

A Importância do Afeto na Infância




Um Nó do Afeto

Em uma reunião de pais numa escola da periferia, a diretora ressaltava o apoio que os pais devem dar aos filhos; pedia-lhes também que se fizessem presentes o máximo de tempo possível... Ela entendia que, embora a maioria dos pais e mães daquela comunidade trabalhassem fora, deveriam achar um tempinho para se dedicar e entender as crianças.

Mas a diretora ficou muito surpresa quando um pai se levantou e explicou, com seu jeito humilde, que ele não tinha tempo de falar com o filho, nem de vê-lo, durante a semana, porque quando ele saía para trabalhar era muito cedo e o filho ainda estava dormindo...

Quando voltava do serviço já era muito tarde e o garoto não estava mais acordado. Explicou, ainda, que tinha de trabalhar assim para prover o sustento da família, mas também contou que isso o deixava angustiado por não ter tempo para o filho e que tentava se redimir indo beijá-lo todas as noites quando chegava em casa. E, para que o filho soubesse da sua presença, ele dava um nó na ponta do lençol que o cobria.

Isso acontecia religiosamente todas as noites quando ia beijá-lo.

Quando o filho acordava e via o nó, sabia, através dele, que o pai tinha estado ali e o havia beijado. O nó era o meio de comunicação entre eles.

A diretora emocionou-se com aquela singela história e ficou surpresa quando constatou que o filho desse pai era um dos melhores alunos da escola.

O fato nos faz refletir sobre as muitas maneiras das pessoas se fazerem presentes, de se comunicarem com os outros. Aquele pai encontrou a sua, que era simples, mas eficiente. E o mais importante é que o filho percebia, através do nó afetivo, o que o pai estava lhe dizendo .

Por vezes, nos importamos tanto com a forma de dizer as coisas e esquecemos o principal, que é a comunicação através do sentimento, simples gestos como um beijo e um nó na ponta do lençol, que valiam, para aquele filho, muito mais do que presentes ou desculpas vazias.

É válido que nos preocupemos com as pessoas, mas é importante que elas saibam, que elas sintam isso. Para que haja a comunicação é preciso que as pessoas "ouçam" a linguagem do nosso coração, pois, em matéria de afeto, os sentimentos sempre falam mais alto que as palavras.

É por essa razão que um beijo, revestido do mais puro afeto, cura a dor de cabeça, o arranhão no joelho, o medo do escuro.

As pessoas podem não entender o significado de muitas palavras, mas SABEM registrar um gesto de amor. Mesmo que esse gesto seja apenas um nó...

Um nó cheio de afeto e carinho. E você?... Já deu algum nó afetivo hoje?

AUTORIA: não consegui achar a autoria deste texto. se voce souber, por favor me avise.

Superproteção é legal?


Superprotegendo os filhos, nós impedimos que eles desenvolvam os meios necessários para se manter sobre as suas próprias pernas.

Um dos filmes mais bonitos e comoventes dos últimos anos foi Cinema Paradiso, que ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Foi um grande sucesso de bilheteria em muitos países e também no nosso. Quase todas as pessoas que conheço choraram em algumas partes do filme. A cena que provocou lágrimas no maior número de espectadores é aquela na qual o velho, que é o pai espiritual e sentimental do rapaz, que lhe ensinou quase tudo o que sabia da vida até então, diz a ele que se prepare para partir do vilarejo rumo à cidade grande: "Vá e não olhe para trás; não volte nem mesmo se eu te chamar". O pai manda embora o filho adorado e "ordena" a ele que vá em busca do seu caminho, do seu destino, dos seus ideais.

Nesse momento, eu não fui mais capaz de conter as lágrimas, coisa que tentava fazer até então em respeito a esse esforço que os homens fazem para não chorar - e que é absolutamente ridículo. Lembrei da minha história pessoal e lamentei, com enorme tristeza, que eu jamais tivesse ouvido coisa parecida. Parece que eu havia nascido essencialmente para realizar tarefas que fossem da conveniência dos meus pais. Eles jamais me estimularam a sair de perto deles, ainda que pudessem achar que partir seria bom para mim. Achavam intelectualmente; mas, como isso era inconveniente e doloroso para eles, optavam por me impor o que fosse melhor para eles.

Antigamente isso era feito de modo aberto e frontal. Os pais, em certas culturas, chegavam até mesmo a escolher algum filho - especialmente filha - que lhes servisse de companhia e amparo na velhice. Essa criatura não deveria se casar nem ter qualquer tipo de vida própria; seria a "enfermeira" e "empregada" dos pais nos seus últimos anos. A maior parte das famílias, isto há 40, 50 anos, não agia assim tão diretamente. Mas jamais estimulariam todos os filhos para que fossem estudar em outras cidades. Alguns podiam - e deviam - ir; outros deveriam ficar para dar continuidade aos negócios dos pais e para zelar por eles. Filho era, de certo modo, propriedade dos pais e seu destino era o que fosse decidido por eles. E as decisões eram feitas essencialmente em função das conveniências práticas - materiais e de conforto físico - dos patriarcas. Os aspectos emocionais da vida existiam, é claro, mas estavam submersos e invisíveis, colocados embaixo das questões práticas de todos os tipos. Não eram relevantes na hora das decisões. Se um filho era escolhido para ser padre, de nada interessavam suas reclamações de que não era esse o desuno que havia sonhado para si e que isso o faria infeliz. Ser infeliz não era argumento forte!

Temos a impressão de que esses tempos já se foram e que hoje em dia as coisas são muito diferentes. Parece que agora nós agimos respeitando a vontade dos nossos filhos e que eles podem fazer das suas vidas o que desejarem. Será mesmo? Não é essa a minha impressão. É evidente que há grandes avanços. Rapazes e moças são mais livres para escolher suas profissões; são mais livres para escolher seus namorados, para se casarem ou não - isso em termos, pois uma filha solteira com mais de 25 anos de idade ainda preocupa, e muito, os pais. Poucos são os pais que, hoje em dia, têm coragem de interferir frontalmente sobre o destino de seus filhos. Isso, é claro, desde que eles se comportem dentro dos limites, estreitos em muitos casos, dos padrões de conduta mais usuais. Filhos que decidem ser atores, bailarinos, músicos etc. esbarram em grandes obstáculos familiares. O mesmo acontece com os homossexuais que, até hoje, escondem suas práticas das famílias.

Agora, a forma mais sórdida e maldosa que existe de dominação é aquela que se mascara, que se traveste de grande amor e superproteção. A criança - e depois o jovem - é tão paparicada que não desenvolve os meios necessários para se manter sobre as próprias pernas. É evidente que, dessa forma, jamais poderá partir para longe dos pais. Foi carregada no colo o tempo todo e suas pernas ficaram, por isso mesmo, atrofiadas. Não pode andar por seus próprios meios e é dependente da família para a vida toda. Pais fracos e inseguros fazem isso porque, na realidade, querem os filhos perto de si, exatamente como se fazia no passado. Querem os filhos por perto para darem sabor e sentido às suas vidas pobres e vazias. Querem seus filhos sem asas e incapazes de voar por conta própria. Não prepararam seus descendentes para voarem seus próprios vôos e buscarem seu lugar na terra. Em nome do amor - o que é mentira - geram um parasita, uma criatura dependente. A coisa é mais grave do que era no passado: antes o indivíduo era proibido de partir. Hoje, é permitido que parta, mas ele não tem pernas para isso

fonte: somos todos um

Mais Esclarecimentos sobre Dificuldades de Aprendizagem

 
A aprendizagem e a construção do conhecimento são processos naturais e espontâneos do ser humano que desde muito cedo aprende a mamar, falar, andar, pensar, garantindo assim, a sua sobrevivência. Com aproximadamente três anos, as crianças são capazes de construir as primeiras hipóteses e já começam a questionar sobre a existência.
A aprendizagem escolar também é considerada um processo natural, que resulta de uma complexa atividade mental, na qual o pensamento, a percepção, as emoções, a memória, a motricidade e os conhecimentos prévios estão envolvidos e onde a criança deva sentir o prazer em aprender.
O estudo do processo de aprendizagem humana e suas dificuldades são desenvolvidos pela Psicopedagogia, levando-se em consideração as realidades interna e externa, utilizando-se de vários campos do conhecimento, integrando-os e sintetizando-os. Procurando compreender de forma global e integrada os processos cognitivos, emocionais, orgânicos, familiares, sociais e pedagógicos que determinam à condição do sujeito e interferem no processo de aprendizagem, possibilitando situações que resgatem a aprendizagem em sua totalidade de maneira prazerosa.
Segundo Maria Lúcia Weiss, “a aprendizagem normal dá-se de forma integrada no aluno (aprendente), no seu pensar, sentir, falar e agir. Quando começam a aparecer “dissociações de campo” e sabe-se que o sujeito não tem danos orgânicos, pode-se pensar que estão se instalando dificuldades na aprendizagem: algo vai mal no pensar, na sua expressão, no agir sobre o mundo”.
Atualmente, a política educacional prioriza a educação para todos e a inclusão de alunos que, há pouco tempo, eram excluídos do sistema escolar, por portarem deficiências físicas ou cognitivas; porém, um grande número de alunos (crianças e adolescentes), que ao longo do tempo apresentaram dificuldades de aprendizagem e que estavam fadados ao fracasso escolar pôde freqüentar as escolas e eram rotulados em geral, como alunos difíceis.
Os alunos difíceis que apresentavam dificuldades de aprendizagem, mas que não tinha origens em quadros neurológicos, numa linguagem psicanalítica, não estruturam uma psicose ou neurose grave, que não podiam ser considerados portadores de deficiência mental, oscilavam na conduta e no humor e até dificuldades nos processos simbólicos, que dificultam a organização do pensamento, que consequentemente interferem na alfabetização e no aprendizado dos processos lógico-matemáticos, demonstram potencial cognitivo, podendo ser resgatados na sua aprendizagem.
Raramente as dificuldades de aprendizagem têm origens apenas cognitivas. Atribuir ao próprio aluno o seu fracasso, considerando que haja algum comprometimento no seu desenvolvimento psicomotor, cognitivo, lingüístico ou emocional (conversa muito, é lento, não faz a lição de casa, não tem assimilação, entre outros.), desestruturação familiar, sem considerar, as condições de aprendizagem que a escola oferece a este aluno e os outros fatores intra-escolares que favorecem a não aprendizagem.
As dificuldades de aprendizagem na escola, podem ser consideradas uma das causas que podem conduzir o aluno ao fracasso escolar. Não podemos desconsiderar que o fracasso do aluno também pode ser entendido como um fracasso da escola por não saber lidar com a diversidade dos seus alunos. É preciso que o professor atente para as diferentes formas de ensinar, pois, há muitas maneiras de aprender. O professor deve ter consciência da importância de criar vínculos com os seus alunos através das atividades cotidianas, construindo e reconstruindo sempre novos vínculos, mais fortes e positivos.
O aluno, ao perceber que apresenta dificuldades em sua aprendizagem, muitas vezes começa a apresentar desinteresse, desatenção, irresponsabilidade, agressividade, etc. A dificuldade acarreta sofrimentos e nenhum aluno apresenta baixo rendimento por vontade própria.
Durante muitos anos os alunos foram penalizados, responsabilizados pelo fracasso, sofriam punições e críticas, mas, com o avanço da ciência, hoje não podemos nos limitar a acreditar, que as dificuldades de aprendizagem, seja uma questão de vontade do aluno ou do professor, é uma questão muito mais complexa, onde vários fatores podem interferir na vida escolar, tais como os problemas de relacionamento professor-aluno, as questões de metodologia de ensino e os conteúdos escolares.
Se a dificuldade fosse apenas originada pelo aluno, por danos orgânicos ou somente da sua inteligência, para solucioná-lo não teríamos a necessidade de acionarmos a família, e se o problema estivesse apenas relacionado ao ambiente familiar, não haveria necessidade de recorremos ao aluno isoladamente.
A relação professor/aluno torna o aluno capaz ou incapaz. Se o professor tratá-lo como incapaz, não será bem sucedido, não permitirá a sua aprendizagem e o seu desenvolvimento. Se o professor, mostrar-se despreparado para lidar com o problema apresentado, mais chances terá de transferir suas dificuldades para o aluno.
Os primeiros ensinantes são os pais, com eles aprendem-se as primeiras interações e ao longo do desenvolvimento, aperfeiçoa. Estas relações, já estão constituídas na criança, ao chegar à escola, que influenciará consideravelmente no poder de produção deste sujeito. É preciso uma dinâmica familiar saudável, uma relação positiva de cooperação, de alegria e motivação.
Torna-se necessário orientar aluno, família e professor, para que juntos, possam buscar orientações para lidar com alunos/filhos, que apresentam dificuldades e/ou que fogem ao padrão, buscando a intervenção de um profissional especializado. Dicas para os pais:
  1. Estabelecer uma relação de confiança e colaboração com a escola;
  2. Escute mais e fale menos;
  3. Informe aos professores sobre os progressos feitos em casa em áreas de interesse mútuo;
  4. Estabelecer horários para estudar e realizar as tarefas de casa;
  5. Sirva de exemplo, mostre seu interesse e entusiasmo pelos estudos;
  6. Desenvolver estratégias de modelação, por exemplo, existe um problema para ser solucionado, pense em voz alta;
  7. Aprenda com eles ao invés de só querer ensinar;
  8. Valorize sempre o que o seu filho faz, mesmo que não tenha feito o que você pediu;
  9. Disponibilizar materiais para auxiliar na aprendizagem;
  10. É preciso conversar, informar e discutir com o seu filho sobre quaisquer observações e comentários emitidos sobre ele.
Cada pessoa é uma. Uma vida é uma história de vida. É preciso saber o aluno que se tem, como ele aprende. Se ele construiu uma coisa, não pode-se destruí-la. O psicopedagogo ajuda a promover mudanças, intervindo diante das dificuldades que a escola nos coloca, trabalhando com os equilíbrios/desequilíbrios e resgatando o desejo de aprender.



  

Dificuldades de aprendizagem - Ana Claudia Almeida de Souza


A questão ensino aprendizagem é algo que tem despertado meu interesse há alguns anos, principalmente no que tange ao fato de que muitas vezes a comunicação receptor-emissor no caso de professor e aluno não alcança o êxito esperado e o aluno não raramente permanece sem o domínio do conteúdo a ele repassado.
Quando nos questionamos a respeito das razões que levam a tal resultado, enumeramos algumas em nossa mente: falta de recursos para o ensino, escolas com espaço não apropriado à aprendizagem, desestrutura familiar, problemas fisiológicos e/ou biológicos que desencadeiam as dificuldades individuais, professores mal capacitados e mal remunerados, dentre outras tantas que são exteriores a nossa condição de educador.
Em alguns estudos realizados ao longo de 14 anos de experiência docente em todos os níveis escolares, foi possível observar que a historia se repete independente do nível em que esteja o aluno. Sempre um questionamento fica no ar: por que essas crianças sentem tanta dificuldade de aprender hoje em dia? Verificando o conteúdo estudado vemos que hoje, ainda permanece o mesmo currículo anterior, enxertado de algumas disciplinas novas que acompanham as necessidades atuais, mas, a essência ainda permanece. Em contato com livros didáticos vê-se repetidos textos e atividades e o livro permanece o mesmo, apenas com uma logística mais atraente e atualizada, muitos desses textos fazem parte do meu arcabouço pessoal, e os tenho ainda gravados desde os meus tempos das primeiras letras, significando que pouca mudança houve nos últimos trinta anos de ensino.
Posso ainda visitar a minha primeira escola e ver que a estrutura ainda é a mesma. Surge daí uma interrogação que necessita de resposta: se a educação ainda permanece a mesma, com raras mudanças, por que os alunos hoje mesmo aprovados não possuem conhecimento dos conteúdos ensinados pelos professores? O que mudou de lá para cá? Antigamente os alunos estudavam de março a junho e de julho a novembro apenas, e ao final do ano os que eram aprovados davam conta do conteúdo daquele ano e dos anos anteriores também. Hoje temos uma jornada de fevereiro a dezembro com aulas muitas vezes em tempo integral e quando começa o ano letivo na maioria das vezes já não se lembram de quase nada do que viram, sendo necessário ao professor semanas de revisão de conteúdo para então começar o novo ano letivo.
Pensando nos fatores advindos destas reflexões é possível parar um pouco e parafrasear o ilustre Paulo Freire quando nos diz que:

O fato de adentrar a escola era para a criança como penetrar num espaço totalmente novo, sem, contudo deixar de lado sua infância, embora não houvesse tantos espaços destinados a elas haviam, no entanto tempo para ser criança, assim a socialização acontecia no pátio da escola, no recreio livre onde se podia correr e brincar as brincadeiras preferidas era o momento do estudo da “palavramundo” (coisa que hoje quase não se vê), e na hora de estudar havia uma atenção voltada para aquele momento, não havia tantos casos de TDAH ( transtorno de Déficit de Atenção e Hiperativismo), e as outras dificuldades também não eram identificadas facilmente a menos que fosse alguma deficiência muito comprometedora que remetia o aluno a escolas especializadas no transtorno. Claro que havia as discriminações e muitas vezes mal-entendidos e falta de inclusão, etc, coisa que daria em si outro artigo. Mas quero referir-me aqui ao fato de que em meio a tantos contrastes e uma legislação tecnicista, a aprendizagem dos conteúdos ocorria.
Hoje a escola modernizou-se, os espaços são pensados para dar a maior condição de concentração e conforto, foram inseridas disciplinas atuais e de acordo com o tempo tecnológico que vivemos, os professores adéquam-se ao ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), aumentou-se os dias letivos e a permanência na escola, criou-se a Inclusão Social inserindo no contexto escolar pessoas segregadas, instituiu-se os Centros de atendimento a crianças com dificuldades de aprendizagem, psicopedagogos e psicólogos foram contratados, e o que vemos? Alunos que concluem o período escolar sem condições de passar num vestibular ou num concurso público, para alegria dos proprietários de cursinhos preparatórios para os que podem pagar, e tristeza dos que não tem condições de arcar com despesas extras e precisam ingressar no mercado de trabalho cuja solução é batalhar para entrar em um curso técnico e sair o mais rápido possível para ganhar a vida, ou quem sabe ainda vender DVDs piratas nas esquinas ou nas feiras livres...
O que acontece com o ensino aprendizagem? As coisas mudaram muito ao longo dos anos? A mudança melhorou a aprendizagem? A “repetência zero” está ajudando a criar um ensino de qualidade que possibilite uma aprendizagem ‘anti-repentência’? São reflexões que precisam ser feitas a cada dia por educadores e governantes. 
Tenho trabalhado com alunos de diferentes classes sociais e escolas variadas, publicas e particulares e a realidade tem sido a mesma, alunos desmotivados que não dão conta do conteúdo, que apresentam um quadro de dificuldades de aprendizagem muito acentuado chegando ao nosso Centro com atividades para realizar sem contudo dominar o conteúdo da mesma ou na maioria das vezes nenhuma noção do que é para ser feito. É como se durante o momento da aula se tratasse de qualquer assunto menos do que precisa ser realizado, ou se estes estivessem aéreos alheios ao que se passa em sala de aula.
Como Psicopedagoga não posso ignorar as diversas dificuldades que impendem o perfeito aprendizado e que se manifestam nas crianças: dislexias, TDAH, dislalias, etc, mas, ainda me questiono como está ocorrendo a “ensinagem”, como está sendo trabalhado o conteúdo dentro da perspectiva de uma preparação para o futuro. Sei que há outras aprendizagens a serem compreendidas como o ensino dos valores (também em baixa), a socialização, o domínio das novas ferramentas tecnológicas de aprendizagem, dentre outras. Mas, precisamos reconhecer que nossos alunos têm pela frente vestibulares, provas de concurso, seleções de pós-graduações, e avaliações diversas que dependem única e exclusivamente do domínio do conhecimento cientifico e muitas vezes, especifico.
Sem perder de vista os fatores externos e internos de cada ser humano que dificultam a compreensão e fixação de determinado conteúdo, é preciso refletir sobre o papel do educador que antes de ser infalível é um ser humano que como qualquer outro está em constante reconstrução e, portanto, necessita a cada dia aprender e ensinar o que aprendeu como reforça Paulo Freire (1996) “Me movo como educador porque primeiro me movo como gente”, a própria compreensão desta condição de Ser humano nos remete ao fato de que precisamos questionar nossas ações enquanto educadores, pensarmos o quanto destas dificuldades de aprendizagem se originam nas nossas “pedagogices”, ou na frieza de uma educação bancária desprovida de relacionamentos, alheias ao fato de que cada pessoa ali inserida em sala de aula tem sua própria personalidade e que precisa ser levada em conta no processo de escolha das estratégias de aula, a cada momento estaremos atingindo determinado grupo em detrimento de outro e isto precisa ser compensado com mudanças estratégicas e variações de nossas ações.
A dificuldade de aprendizagem precisa ser combatida por um conjunto de alianças entre as figuras presentes no contexto escolar, do aluno, família, professores, gestores, profissionais de saúde emocional e física e principalmente dos governantes que precisam oferecer condições de trabalho para que se ofereça a melhor educação que se pode ter, criando não apenas melhores índices no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) internacional, mas, pessoas capazes de dar conta daquilo que aprenderam de fato e de verdade.

Bibliografia
REFERÊNCIAS:
FREIRE, Paulo.  A Importância do Ato de Ler: em três artigos que se completam.  22 ed.  São Paulo: Cortez, 1988. 80 p.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. SP, 1996, Paz e Terra Coleção Leitura, 27ª ed. p.94.