sábado, 31 de dezembro de 2011

Auto-Estudo

Bom dia, pessoal!!!

Abaixo segue vários artigos de pensadores que já estudamos ou vamos estudar.
Fiz um apanhado dos melhores e aí está a dica.
Bons estudos!!!

Rudolf Steiner e a Pedagogia Waldorf

O que é mais importante para um professor é sua concepção da vida e do mundo. A inspiração que flui no professor de sua concepção interior e a cada nova experiência, é carregada além na constituição anímica da criança a ele confiada.”

(Rudolf Steiner)


Rudolf Steiner A Pedagogia Waldorf, criada em 1919 na Alemanha, está presente no mundo inteiro. Uma das principais características da Pedagogia Waldorf é o seu embasamento na concepção de desenvolvimento do ser humano introduzida por Rudolf Steiner, orientada a partir de pontos de vista antropológico, pedagógico, curricular e administrativo fundamentados na Antroposofia. Nela o ser humano é apreendido em seu aspecto físico, anímico (psico-emocional) e espiritual, de acordo com as características de cada um e da sua faixa etária, buscando-se uma perfeita integração do corpo, da alma e do espírito, ou seja, entre o pensar, o sentir e querer.

A base da Pedagogia Waldorf é conceber ao homem a harmonia físico-anímico-espiritual na prática educativa, partindo da visão antropológica, fazendo com que esta educação responda às necessidades atuais e futuras do homem.

O ser humano deve buscar a resposta que seu interior é capaz de realizar, pois todos nascemos com predisposições e capacidades que ao longo do tempo se desenvolverão.

O ensino teórico é sempre acompanhado pelo prático, com grande enfoque nas atividades corpóreas (ação), artísticas e artesanais, de acordo com a idade dos estudantes; o cultivo das atividades do pensar inicia-se com o exercício da imaginação, do conhecimento dos contos, lendas e mitos, até gradativamente atingir-se o desenvolvimento do pensamento mais abstrato, teórico e rigorosamente formal, mais ou menos na época de ensino médio. Essa não exigência de atividades que necessitam de um pensar abstrato muito cedo é também um dos grandes diferenciais em relação à outros métodos de ensino.

Nessa concepção predomina o exercício e desenvolvimento de habilidades e não do mero acúmulo de informações, cultivando a ciência, a arte e os valores morais e espirituais necessárias ao ser humano.

Seus princípios são pautados na Trimembração do Organismo Social, que partiu da revalorização dos impulsos da Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade, onde se tem liberdade (no pensar) com responsabilidade, igualdade (jurídico-legal) de deveres e direitos e fraternidade como respeito mútuo regendo as instituições com base na Pedagogia Waldorf.

Do período entre a infância e adolescência dá-se importância aos três primeiros setênios, nas faixas de 0 a 7 anos, de 07 a 14 anos e de 14 a 21 anos (as idades são aproximadas devido a fatores que antecipam alguns acontecimentos), período em que a criança e o jovem recebem educação na escola.

Os Setênios:

De 0 a 07 anos (maturidade escolar)

  • A criança está aberta ao mundo;
  • Tem confiança ilimitada;
  • Recebe impressões sensoriais;
  • Não elabora julgamento ou análise;
  • Está na fase do desenvolvimento motor;
  • As percepções inadequadas são armazenadas no inconsciente (não compreende o pensamento dos adultos);
  • Aprendizado por imitação;
  • O educador Waldorf deve ser digno de ser imitado, pois nessa imitação inconsciente estará fundamentando sua moralidade futura.

Característica: O bom.

De 07 a 14 anos (maturidade sexual)

  • Desenvolvimento anímico;
  • Emancipação da vida corporal;
  • Interage e reage aos estímulos que recebe;
  • Necessita de explicações conceituais;
  • Interesse pela admiração que as coisas causam;
  • Vivência na área dos sentimentos (sai sentido entra sentimento);
  • Puberdade (12/14 anos) perturba a harmonia anímica;
  • O professor Waldorf deve saber o que é bom ou não para seu aluno e entusiasmá-lo, deve ter "autoridade amorosa";

Característica: O belo.

De 14 a 21 anos (maturidade social)

  • Liberdade das forças anímicas;
  • Desenvolvimento do lógico, analítico e sintético;
  • Separa-se do mundo (vê o mundo de fora);
  • Quer explicações conceituais e intelectuais;
  • Quer ser compreendido;
  • O professor Waldorf deve ser digno de respeito.

Característica: O verdadeiro.

As características do processo evolutivo da aprendizagem e transmissão do conhecimento requerem um grande conhecimento por parte do professor Waldorf, e a ação pedagógica deve ser o agente facilitador deste processo, pois quando as respostas às expectativas dos estudantes são atendidas a aprendizagem tem caráter significativo.

O estudante deve ter um acompanhamento do seu desenvolvimento integralmente, pois passa da infância à adolescência na escola. É a educação transcendendo a transmissão de conhecimento e cultivando devagar e com carinho o intelecto e a sensibilidade humana.

A Pedagogia Waldorf trabalha a formação do indivíduo, é o chegar, fazer e ser. Ter mais sabedoria do que conhecimento e o professor deve atar tudo isso com um laço de amor partilhado.

Para saber mais:

Philippe Perrenoud

“A perversão mais grave da avaliação é avaliar conhecimentos que a escola não ensinou.”



Philippe PerrenoudSociólogo suíço, referência essencial para os educadores em virtude de suas idéias pioneiras sobre a profissionalização de professores e a avaliação de alunos. Doutor em sociologia e antropologia, professor da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Genebra e diretor do Laboratório de Pesquisas sobre a Inovação na Formação e na Educação (Life), também em Genebra.

Segundo Philippe Perrenoud, o ofício de professor está se transformando: trabalho em equipe e por projetos, autonomia e responsabilidades crescentes, pedagogias diferenciadas, centralização sobre os dispositivos e as situações de aprendizagem. Este contexto privilegia as práticas inovadoras e, portanto, as competências emergentes, aquelas que deveriam orientar as formações iniciais e Contínuas, aquelas que contribuem para a luta contra o fracasso escolar e desenvolvem a cidadania, aquelas que recorrem à pesquisa e enfatizam a prática reflexiva. É preciso reconhecer que os professores não possuem apenas saberes, mas também competências profissionais de modo a não se reduzir ao domínio dos conteúdos a serem ensinados, e aceitar a idéia de a evolução exigir que todos os professores possuam competências antes reservadas aos inovadores ou àqueles que precisavam lidar com públicos difíceis.

Competência é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações etc) para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações. Competências estão ligadas a contextos culturais, profissionais e condições sociais. Os seres humanos não vivem todos as mesmas situações. Eles desenvolvem competências adaptadas a seu mundo.

A selva das cidades exige competências diferentes da floresta virgem, os pobres têm problemas diferentes dos ricos para resolver. Algumas competências se desenvolvem em grande parte na escola. Outras não. Quando a escola se preocupa em formar competências, em geral dá prioridade a recursos. De qualquer modo, a escola se preocupa mais com ingredientes de certas competências, e bem menos em colocá-las em sinergia nas situações complexas.

Durante a escolaridade básica, aprende-se a ler, a escrever, a contar, mas também a raciocinar, explicar, resumir, observar, comparar, desenhar e dúzias de outras capacidades gerais. Assimila-se conhecimentos disciplinares, como matemática, história, ciências, geografia etc. Mas a escola não tem a preocupação de ligar esses recursos a certas situações da vida. Quando se pergunta porque se ensina isso ou aquilo, a justificativa é geralmente baseada nas exigências da seqüência do curso : ensina-se a contar para resolver problemas ; aprende-se gramática para redigir um texto. Quando se faz referência à vida, apresenta-se um lado muito global : aprende-se para se tornar um cidadão, para se virar na vida, ter um bom trabalho, cuidar da sua saúde.

Na teoria do autor Philippe Perrenoud, existe hoje um referencial que identifica cerca de 50 competências cruciais na profissão de educador. Algumas delas são novas ou adquiriram uma crescente importância nos dias de hoje em função das transformações dos sistemas educativos, bem como da profissão e das condições de trabalho dos professores.

Essas competências dividem-se em 10 grandes "famílias":

1. Organizar e dirigir situações de aprendizagem

  • Conhecer, para determinada disciplina, os conteúdos a serem ensinados e sua tradução em objetivos de aprendizagem.
  • Trabalhar a partir das representações dos alunos.
  • Trabalhar a partir dos erros e dos obstáculos à aprendizagem.
  • Construir e planejar dispositivos e seqüências didáticas.
  • Envolver os alunos em atividades de pesquisa, em projetos de conhecimento.

2. Administrar a progressão das aprendizagens

  • Conceber e administrar situações-problema ajustadas ao nível e às possibilidades dos alunos.
  • Adquirir uma visão longitudinal dos objetivos do ensino.
  • Estabelecer laços com as teorias subjacentes às atividades de aprendizagem.
  • Observar e avaliar os alunos em situações de aprendizagem, de acordo com uma abordagem formativa.
  • Fazer balanços periódicos de competências e tomar decisões de progressão.
  • Rumo a ciclos de aprendizagem.

3. Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação

  • Administrar a heterogeneidade no âmbito de uma turma.
  • Abrir, ampliar a gestão de classe para um espaço mais vasto.
  • Fornecer apoio integrado, trabalhar com alunos portadores de grandes dificuldades.
  • Desenvolver a cooperação entre os alunos e certas formas simples de ensino mútuo.
  • Uma dupla construção.

4. Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho

  • Suscitar o desejo de aprender, explicitar a relação com o saber, o sentido do trabalho escolar e desenvolver na criança a capacidade de auto-avaliação.
  • Instituir um conselho de alunos e negociar com eles diversos tipos de regras e de contratos.
  • Oferecer atividades opcionais de formação.
  • Favorecer a definição de um projeto pessoal do aluno.

5. Trabalhar em equipe

  • Elaborar um projeto em equipe, representações comuns.
  • Dirigir um grupo de trabalho, conduzir reuniões.
  • Formar e renovar uma equipe pedagógica.
  • Enfrentar e analisar em conjunto situações complexas, práticas e problemas profissionais.
  • Administrar crises ou conflitos interpessoais.

6. Participar da administração da escola

  • Elaborar, negociar um projeto da instituição.
  • Administrar os recursos da escola.
  • Coordenar, dirigir uma escola com todos os seus parceiros.
  • Organizar e fazer evoluir, no âmbito da escola, a participação dos alunos.
  • Competências para trabalhar em ciclos de aprendizagem

7. Informar e envolver os pais

  • Dirigir reuniões de informação e de debate.
  • Fazer entrevistas.
  • Envolver os pais na construção dos saberes.

8. Utilizar novas tecnologias

  • A informática na escola: uma disciplina como qualquer outra, um savoir-faire ou um simples meio de ensino?
  • Utilizar editores de texto
  • Explorar as potencialidades didáticas dos programas em relação aos objetivos do ensino.
  • Comunicar-se à distância por meio da telemática.
  • Utilizar as ferramentas multimídia no ensino.
  • Competências fundamentadas em uma cultura tecnológica.

9. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão

  • Prevenir a violência na escola e fora dela.
  • Lutar contra os preconceitos e as discriminações sexuais, étnicas e sociais.
  • Participar da criação de regras de vida comum referentes à disciplina na escola, às sanções e à apreciação da conduta.
  • Analisar a relação pedagógica, a autoridade e a comunicação em aula.
  • Desenvolver o senso de responsabilidade, a solidariedade e o sentimento de justiça.
  • Dilemas e competências

10. Administrar sua própria formação continua

  • Saber explicitar as próprias práticas
  • Estabelecer seu próprio balanço de competências e seu programa pessoal de formação continua.
  • Negociar um projeto de formação comum com os colegas (equipe, escola, rede).
  • Envolver-se em tarefas em escala de uma ordem de ensino ou do sistema educativo.
  • Acolher a formação dos colegas e participar dela
  • Ser agente do sistema de formação continua.

 

Para saber mais Pedagogia Indaiatuba indica:

  • PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre:Artes Médicas Sul, 2000.

Edgar Morin

"A educação deve favorecer a aptidão natural da mente em formular e resolver problemas essenciais e, de forma correlata, estimular o uso total da inteligência geral. Este uso total pede o livre exercício da curiosidade, a faculdade expandida e a mais viva durante a infância e a adolescência, que com freqüência a instrução extingue e que, ao contrário, se trata de estimular ou, caso esteja adormecida, de despertar."

 


Edgar MorinEdgar Nahoun (que mais tarde adota o sobrenome "Morin") nasceu em Paris no dia 8 de julho de 1921. É o filho único de um casal de judeus sefarditas (descendentes dos judeus expulsos da península ibérica em 1492/1496).

Morin é Diretor Emérito do CNRS, Centro Nacional da Pesquisa Científica do qual participa ativamente.

Professor honoris causa da Universidade de Consenza na Itália.

Um dos maiores intelectuais vivos da atualidade, Edgar Morin, sociólogo e filosofo francês, tem influenciado decisivamente o pensamento científico contemporâneo. Crítico contundente da ciência moderna baseada na razão pura, esse autor propõe uma reavaliação dos métodos tradicionais das práticas científicas a partir da aquisição de um pensamento complexo. Morin lança o desafio de aceitarmos a desrazão e a incerteza como princípios inerentes a qualquer processo cognitivo. Em sua obra "Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro" nos contempla com uma profunda reflexão sobre temas fundamentais para a educação contemporânea.

Se vivemos em um mundo complexo e interligado, e novas informações nos fazem, a toda hora, mudar de planos, por que a escola ainda teima em ensinar certezas e conhecimentos que parecem únicos e absolutos? Questões como essa levaram Edgar Morin a propor uma nova estrutura para a educação, que implicasse também em uma reforma do pensamento. Nos anos 1990 ele foi convidado pelo Ministério da Educação de seu país para replanejar o ensino secundário. A mudança não ocorreu, mas logo suas idéias tomaram corpo e ultrapassaram as fronteiras da França. A convite da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Morin fez um estudo sobre quais seriam os temas que não poderiam faltar para formar o cidadão do século 21. Assim nasceu Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro, texto que serviu de base para a elaboração de nossos Parâmetros Curriculares Nacionais, entre outros documentos.

Os processos de aprendizagem que visam para a pura transmissão de conhecimentos, segundo Morin, são cegos ao conhecimento humano. A educação pressupõe "sempre" a ameaça do erro e da ilusão, sem que estes sejam necessariamente reconhecidos como tais. O autor exemplifica esse fundamento referindo-se a teoria da informação que mostra as perturbações aleatórias e os ruídos como riscos imanentes a qualquer transmissão de informação ou comunicação de mensagens. Desta forma, por ser o ato cognitivo dependente de um intelecto-afeto que só é capaz de conhecer por meio das perturbações e traduções cerebrais com base em experiências internas do indivíduo, e nunca através do mundo exterior, o erro, a ilusão e a incerteza são partes constitutivas de qualquer saber.

A educação para o futuro pressupõe disponibilizar acesso ao conhecimento global. O conhecimento pertinente, diz o autor, é aquele que permite apreender o complexus, ou seja, aquilo que foi tecido junto. Se torna imprescindível a aquisição de conhecimentos com base em conjunções que possibilitem relacionar a multidismensionalidade do contexto, para então evidenciar a complexidade do mesmo. As hiperespecializações são obstáculos ao conhecimento do futuro porque já comprovaram ter sido inócuas à um saber contextualizador e integrador. São fechadas em si mesmas, parcelando e compartimentando os saberes, impedindo a preensão do que foi tecido junto, ou seja, do todo. Educar, portanto, denota ensinar a condição humana integrada nas mais diversas disciplinas, situando o sujeito no universo, e não separando-o dele.

O principal desafio para a educação do futuro é promover meios para a reforma do pensamento. É tarefa educativa ensinar a identidade planetária, a compreensão da ética do gênero humano. A compreensão, denuncia o autor, está ausente do ensino moderno. É vital para a sobrevivência do gênero humano sair do seu estado bárbaro de incompreensão e adquirir conhecimentos que oportunizem a solidariedade intelectual e moral para a humanidade. E, segundo Morin, há duas formas de compreensão. A compreensão intelectual ou objetiva que pressupõe inteligibilidade e modelos explicativos, e a compreensão humana intersubjetiva que transcende a simples explicação. Assim, compreender também inclui "um processo de empatia, de identificação e projeção".

É no contexto teórico dessas reflexões que Morin destaca a pertinência de uma reforma no pensamento moderno. Para ele, o conhecimento do futuro pressupõe habilidades que oportunizem ao educando articular e organizar conteúdos que adquiram sentido para ele mesmo. Isso só é possível através de uma postura aberta, não dogmática e consciente de que o erro e a incerteza são partes intrínsecas de qualquer processo de conhecimento. Para tanto, o autor nos desafia a usar a racionalidade em oposição a racionalização, que por ser fechada e determinista nega a contestação argumentativa. Assim, nas próprias palavras do autor "a verdadeira racionalidade é fruto do debate argumentado das idéias, e não a propriedade de um sistema de idéias". Morin, concluindo suas reflexões, deixa evidente que a tarefa da educação do futuro está em desenvolver a mútua compreensão das mentalidades planetárias com objetivos à democracia e à cidadania.


Para saber mais Pedagogia Indaiatuba indica:
Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro – 2ª ed. – São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2000;
Título original: Les sept savoirs nécessaires à l’ education du futur;
Tradução de Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawya; Revisão Técnica de Edgard de Assis Carvalho; Originalmente publicado pela United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO) Paris, France.

Rubem Alves

"O nascimento do pensamento é igual ao nascimento de uma criança: tudo começa com um ato de amor. Uma semente há de ser depositada no ventre vazio. E a semente do pensamento é o sonho. Por isso os educadores, antes de serem especialistas em ferramentas do saber, deveriam ser especialistas em amor: intérpretes de sonhos.”



Rubem AlvesRubem Alves é educador, escritor, psicanalista e professor. Talvez seja o educador mais famoso e requisitado atualmente no Brasil.

Autor de mais de sessenta livros, entre os quais se encontra uma prolífica literatura infantil, crônicas e inúmeros livros voltados para a área da educação.

Em suas obras pedagógicas costuma abordar temas sérios e importantes como a formação do educador, se há a diferença entre ser professor e ser educador, o processo educacional, a qualidade total na educação, entre outros. Seu texto é bastante agradável a partir do momento em que se utiliza de histórias, metáforas e fábulas para um melhor entendimento do conteúdo.

Segundo Rubem ensinar é mobilizar o desejo de aprender. Mais importante do que saber é nunca perder a capacidade de aprender. "Saber é saborear": afirma. O novo profissional da educação deve romper o divórcio entre a vida escolar e o prazer.

Diante da atual sociedade onde o capitalismo dita as regras chegando atingir a área educacional - a qual muitas vezes visa eficiência e lucro esquecendo do prazer e entusiasmo necessários para que o processo ensino-aprendizagem aconteça de forma eficaz, constatamos com tristeza que o professor trabalha sem interesse e sem prazer, apenas para obter um salário e usufruir dele.

Rubem Alves faz uma boa distinção entre o Professor e o Educador, "advertindo-nos de que na realidade, na prática, eles se encontram juntos, mesclados no profissional da educação".Para ele o educador é aquele que abraça a causa com vontade, que tem paixão pelo que faz. A teoria de Rubem Alves é grande inspiradora da equipe Projetos Pedagógicos Dinâmicos que busca motivar professores e alunos, construindo constantemente novos saberes e contagiando, descobrindo, inquietando, na certeza de que há esperança e que é possível transformar o azedo limão em uma deliciosa limonada.

Em "Sobre Jequitibás e Eucaliptos: Amar", Alves deixa claro seu questionamento sobre o que é educar e qual a identidade de quem se propõe tal tarefa, e remete-nos sempre ao mesmo ponto: ensinar é prazer. Nessa parte ele compara o educador (que ensina com amor) com um Jequitibá, árvore robusta que raramente se vê nos dias de hoje; os professores por sua vez são comparados com Eucaliptos, árvore que encontramos com facilidade.

Essa distinção se dá através de temas sensíveis como amar, acordar, libertar e agir. Questiona a perda do amor pela arte de ensinar e aborda o resultado que isso trará para os alunos. Aponta que muitas vezes a miséria nos meios de educação não é culpa do governo e sim de mesquinharias que professores e cientistas estabelecem entre si. Mais uma vez ele critica a prática da ciência visando apenas resultados econômicos, podendo ser usada para o bem e para o mal.

A existência da dicotomia professor/educador deve-se muito, segundo Rubem Alves, ao rápido desenvolvimento da ciência nos séculos XIX e XX, cujo caráter objetivo de seus conhecimentos desprezou aspectos relevantes da experiência e interioridade humanas, como opiniões pessoais, reflexões, ideologias, sonhos, paixões, esperanças, utopias, desejos... A ciência patrocinou o avanço da tecnologia, que fez com que as pessoas idolatrassem a produção daquilo que é útil e imediato para o dia-a-dia. Surgiu, o utilitarismo, segundo o qual as pessoas são determinadas pelo que produzem e objetivamente fazem.

O autor ainda profetiza o professor como sendo aquele que informa, transmite conhecimentos, enquanto que o educador, além de informar, procura formar e informar, assim segundo ele, o educador atua movido pela sua intenção social, o professor pelas regras das instituições.

Sobre metodologia Rubem ressalta que “fazer ciência pela ciência é mero exercício, sem levar em conta o seu uso para fins, cuja finalidade seja resolver questões humanas de importância.”

A idéia central que Rubem Alves traz é a linguagem, a fala ao lado do corpo: “O corpo é o primeiro livro que devemos descobrir; por isso, é preciso reaprender a linguagem do amor, das coisas belas e das coisas boas, para que o corpo se levante e se disponha a lutar.”

A educação é um ato político, que exige reflexão, dentre elas, desenvolver a função crítica em que o questionamento deve ser cada vez mais aguçado. E a função criativa, em que o educador se permite sonhar e buscar realizá-los, não se conformando com o pronto e acabado, mas indo em busca do novo, do desejado e porque não do aparentemente impossível?

“A maioria dos problemas da sociedade se resolveria se os indivíduos tivessem aprendido a pensar.”
“A educação é algo que transborda dos limites das escolas.”

Para conhecer melhor as idéias de Rubem Alves, visite o site:
http://www.rubemalves.com.br/

Gilberto Freyre

"O saber deve ser como um rio, cujas águas doces, grossas, copiosas, transbordem do indivíduo, e se espraiem, estancando a sede dos outros. Sem um fim social, o saber será a maior das futilidades".

Gilberto Freyre - Discurso de "Adeus ao Colégio", novembro de 1917.


Gilberto Freyre (1900-1987) – Pernambucano do Recife - Escritor, sociólogo, etnólogo, antropólogo, educador, jornalista, político, apaixonado pelo Brasil e pela cultura luso-tropical, desmontou teses pessimistas sobre a capacidade empreendedora do homem brasileiro, exaltando a trilogia étnica – índio, branco e negro – sobre a qual se ergueu o País. Publicou mais de 50 livros, sobre todos os assuntos pertinentes à cultura nacional. Foi o escritor brasileiro que recebeu as maiores distinções, o maior reconhecimento de universidades e instituições brasileiras e estrangeiras. Deixou uma obra de grande importância a qual devemos valorizar, explorar, resgatar, reconhecer, compreender, exaltar.

As crianças e jovens precisam conhecer Gilberto Freyre assim como ler e contemplar sua obra. Cabe aos professores a tarefa de apresentar aos seus alunos de forma atraente a personalidade e os livros. A exigência da leitura apenas não atingirá o objetivo de divulgar e agradar. Nada que é imposto e obrigatório agrada. O ato de ler bons livros não pode ser exigido e sim conquistado. A riqueza da obra de Freyre pode proporcionar uma viagem extraordinária no tempo e na cultura brasileira, transformando a escola em real espaço de aprendizagem.

A história de vida do escritor já rende um trabalho pedagógico intenso. Por incrível que pareça aos 08 anos de idade Gilberto era considerado pela a família como “retardado”, pois tinha uma grande dificuldade em ler e escrever. Todavia, se expressava muito bem desenhando. Só criou o hábito e o gosto pela leitura e escrita quando um professor teve a sensibilidade de elogiar e valorizar seus desenhos e partir deles para iniciar a alfabetização.

Quantas vezes os professores rotulam os alunos de incapazes por não seguirem o tempo previsto? Além de cada pessoa ter seu ritmo de aprendizagem não podemos esquecer que nem todos aprendem da mesma maneira. Exemplos de vida como a de Gilberto Freyre nos levam a perceber o quão importante é a tarefa do professor alfabetizador que pode tolher talentos ou aflorá-los, de acordo com o modo em que desenvolvem suas aulas.

Conhecer a biografia e a obra de grandes artistas brasileiros é fundamental desde cedo. Não adianta as vésperas do vestibular, apresentar aos jovens nossos mestres como mais um conteúdo. A idéia não é essa! Sugerimos integrar no cotidiano das aulas, como um amigo, um aliado, uma experiência. Aí os professores do primeiro ciclo do Ensino Fundamental vão indagar como fazê-lo, vão alegar a literatura extensa. Fácil responder! Basta usar a criatividade para apresentar às crianças além do que contêm no livro didático. As crianças são naturalmente curiosas, ávidas por novidades. Algumas estratégias costumam ser eficazes como:

  • Diariamente apresentar uma frase, propor que copiem na agenda, conversar sobre ela, interpretar através de uma conversa plural. Um dia uma frase divertida, outro dia otimista, ludicamente deixar que as crianças acreditem ser “a frase misteriosa”, “a frase secreta”, “a frase do futuro”... Nessa brincadeira pode-se começar a aula sempre com uma frase, colá-la no calendário para marcar o dia, e assim, facilmente introduzir frases de grandes autores brasileiros. Chegará o dia em que os alunos levarão suas próprias frases, terão sede de pesquisar frases interessantes, diferentes, polêmicas... Com isso até gostarão de elaborar suas próprias frases filosóficas.
  • Mostrar a foto do autor e propor uma pesquisa sobre sua biografia. Não aquela pesquisa morta em que depois é guardada e esquecida, usada apenas para uma nota, mas a pesquisa viva onde terão a chance de dialogar com o autor. Com todas as pesquisas em mãos pedir que cada aluno diga o que mais chamou sua atenção de tudo que descobriram. Criar um cartaz listando as descobertas e ilustrando com fotos e caricaturas. O professor pode, ainda, pesquisar junto na internet ou em livros previamente preparados para a aula. Havendo tempo suficiente ainda é possível criar jogos e brincadeiras usando o material pesquisado.
  • Apresentar uma grande obra de forma sintetizada através de dramatização ou teatro fantoches. Quem sabe um pequeno vídeo ou apresentação em Power Point.

No caso de Gilberto Freyre as possibilidades são inúmeras. Sua obra mais conhecida “Casa grande e senzala” foi lançada no formato de gibi (história em quadrinhos) em edição especial para crianças. Gilberto não escreveu somente livros, mas deixou poemas e artigos que podem, também, ser trabalhados em sala de aula. Ainda é possível explorar entrevistas e vídeos com o autor. Para aqueles que moram no nordeste uma opção ainda mais interessante é visitar a Fundação Gilberto Freyre. Localizada em Apipucos. A casa-museu reúne seu patrimônio cultural, seus bens e acervos, além de estimular a continuidade dos seus estudos e de suas idéias, através da compreensão e interpretação da realidade social brasileira.

Uma visita a Fundação Gilberto Freyre integra cultura, história, literatura e ecologia, através de atividades lúdicas e de curiosidades. Existe na fundação um programa especial de atendimento aos educadores.

É inegável que Gilberto Freyre ofereceu contribuições inestimáveis para a compreensão do Brasil. Sua obra retrata a identidade de nosso país e de nosso povo, fala da terra, da vida, dos animais, da casa, da moda, dos fatos do cotidiano. Para tal Freyre utilizou recursos diversos como: histórias infantis, receitas, livros de culinária, diários íntimos, cantigas e mitos e da cultura popular, sendo um revolucionário e como tal bastante polêmico.

Nas décadas de 30, 40 e 50 já trabalhava temas como ecologia, futebol, família, sexualidade, infância e cultura material.

Quisera conseguir atingir o íntimo dos professores ao ponto de estimulá-los a colocar em seus planejamentos um pouco que seja da imensa contribuição de Freyre para Sociedade. Muito falamos da importância de estimular e criar o hábito da leitura, criamos vários projetos no intuito de inserir a Literatura no cotidiano dos nossos alunos, enquanto isso percebo claramente que a grande maioria dos professores precisam tanto quanto de incentivo, de projetos e de estímulos para ler.

Nos dias de hoje acabamos lendo o que mais aparece na mídia, o que nos é imposto em faculdades ou no próprio trabalho. Acabamos caindo na tentação de ler o mais fácil, o mais ilustrado, o mais rápido... Com isso, se não somos animados e conhecer e re-conhecer bons autores, simplesmente os esquecemos em nossas aulas. Não falo aos especialistas em Ciências Sociais e Antropológicas, mas me dirijo ao público que acompanha o trabalho do PPD e busca em nosso site um apoio a sua prática pedagógica diária. Falo com os professores do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental, aqueles que formam a base da educação. Aqueles que são os modelos de tantas crianças brasileiras.

Se em nossa profissão temos inúmeros obstáculos, problemas e desafios que tanto nos desanimam, não adianta ficarmos buscando culpados e com isso deixar a rotina mecânica dos livros adotados perseverar no erro. Quantos livros lemos por semana, por mês ou por ano? Quantos autores embasam nossa práxis pedagógica? Diria mais, quantos autores conhecemos a fundo? Quantos deles apresentamos às crianças?

Aqui não estou a julgar, mas a tentar mostrar que temos sim nossa grande parcela de culpa no fracasso da educação de nosso país. A partir do momento em que abraçamos o magistério como profissão temos o dever e a obrigação de fazer a nossa parte. Que vai além do que costumamos fazer...

Como Gilberto Freyre inovou para mostrar-nos suas idéias podemos nós aproveitar seu entusiasmo e inovar também lançando mão de suas obras, puramente patriotas, vividas e apaixonadas.

Lanço aqui um desafio aos professores para que trabalhem Gilberto Freyre e nos envie depois, por e-mail, o resultado. Aqueles que sentirem-se tocados por este meu apelo serão publicados no site para, quiçá, estimular outros profissionais.

Os resultados sendo positivos podemos abrir o leque de possibilidades e buscar outros autores brasileiros para enriquecer nossas aulas. Façamos o seguinte: comprometo-me a estudar, pesquisar e oferecer no site subsídios para suas aulas e você que é professor tentará, igualmente fazê-lo, adicionando grandes mestres de nossa Literatura, um a um, na sua prática pedagógica, apresentando-os aos alunos como aliados no processo ensino-aprendizagem. Juntos, reconheceremos nosso país e nosso povo, com criatividade, com sensibilidade e vontade não só de ensinar, mas de aprender junto, de viver a educação, de reinventar a escola e torná-la um capítulo de orgulho a nossa gente e a nossa cultura.


Site da fundação Gilberto Freyre - Onde é possível encontrar link para a Biblioteca Virtual que reúne acervo pessoal, livros, artigos, teses e dissertações, fotos e vídeos. Além dos contatos (telefones e e-mails) para agendar visitas pedagógicas.




Vale a pena conferir a coleção Aprender Brincando que foi criada pelo Escritor Mário Souto Maior com a finalidade de plantar na mente das crianças, com linguagem acessível à idade, informações sobre a vida de brasileiros ilustres que, nas artes e nas letras, elevaram o nome de nossa pátria.

Um menino chamado Gilberto Freyre” número 1 da coleção - pegue aqui o arquivo em PDF e imprima para você e seus alunos. Atenção: Imprimir as páginas ímpares, virar o papel e imprimir as pares. Clique aqui para fazer download.

Lev S. Vygotsky

"Quanto mais rica a experiência humana, tanto maior será o material disponível para a imaginação e a criatividade".


Professor e pesquisador foi contemporâneo de Piaget, e nasceu em Orsha, pequena cidade da Bielorrusia em 17 de novembro de 1896, viveu na Rússia, quando morreu, de tuberculose, tinha 37 anos.

Construiu sua teoria tendo por base o desenvolvimento do indivíduo como resultado de um processo sócio-histórico, enfatizando o papel da linguagem e da aprendizagem nesse desenvolvimento, sendo essa teoria considerada histórico-social. Sua questão central é a aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio.

Segundo Vygotsky, a evolução intelectual é caracterizada por saltos qualitativos de um nível de conhecimento para outro. A fim de explicar esse processo, ele desenvolveu o conceito de ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL, que definiu como a "distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes".

De acordo com Vygotsky “a escola tem o papel de fazer a criança avançar em sua compreensão de mundo a partir de seu desenvolvimento já consolidado e tendo como meta etapas posteriores, ainda não alcançadas”. Por sua vez, “o professor tem o explícito papel de interferir na zona de desenvolvimento proximal dos alunos provocando avanços que não ocorreriam espontaneamente” (REGO, 1999, p. 85) .

O aluno só conseguirá atingir um nível de abstração em Matemática, por exemplo, se anteriormente ele foi estimulado com operações concretas, como o uso do ábaco, do material dourado, dos palitos de sorvete, das pedrinhas, das barrinhas de Cursinaire, entre tantos. Valemo-nos, mais uma vez, das contribuições de Vygotsty (1987 – p. 31) - “o único bom ensino é aquele que se adianta ao desenvolvimento” .

Ao ensinar/educar as crianças, o adulto deverá, ainda, utilizar sempre um vocabulário vasto, além de usar nomenclaturas corretas e dar explicações coerentes, que satisfaçam o grau de desenvolvimento delas. Tornando mais claro, se um professor que trabalha com crianças de quatro anos fazer uso contínuo de diminutivos, certamente elas assim o farão; falarão como o modelo apresentado. Mas, em outro exemplo, se alguém disser às crianças que a gripe é causada por um vírus e lhes der uma explicação plausível sobre o que é ‘isso', elas sairão, no final de cada processo, de cada momento de ensino-aprendizagem, mais bem preparadas, com um vocabulário mais rico e, certamente, não falarão à outra pessoa que a gripe é causada por uns ‘bichinhos'...

Vygotsky enfatiza o papel da intervenção no desenvolvimento, porém o seu objetivo maior é trabalhar com a importância do meio cultural e das relações entre indivíduos na definição de um percurso de desenvolvimento da pessoa humana, e não propor uma pedagogia diretiva, autoritária.

Trabalha com a idéia de reconstrução, de reelaboração, por parte do indivíduo, dos significados que lhe são transmitidos pelo grupo cultural. Imitação, para ele, é uma reconstrução individual daquilo que é observado nos outros.

Ele não toma a atividade imitativa como um processo mecânico, mas sim como uma oportunidade de a criança realizar ações que estão além de suas próprias capacidades, o que contribuiria para seu desenvolvimento. Ao imitar a escrita de um adulto, a criança está promovendo o amadurecimento de processos de desenvolvimento que a levarão ao aprendizado da escrita. Quando uma criança de três ou quatro anos imita um adulto utilizando-se da garatuja ou dos rabiscos contínuos, na tentativa de se comunicar via escrita, ela está tentando imitar a letra cursiva do adulto/modelo. Isso significa que está sendo, portanto, estimulada pelo meio e, após alcançar o NDP, assim o fará, se bem estimulada. Não se pode esquecer que todo esse mecanismo está intrinsecamente ligado e, ao mesmo tempo, se inter-relacionando com a maturidade do sistema nervoso central. É preciso que tal sistema esteja amadurecido. Segundo alguns autores é por essa razão que a criança deve ser alfabetizada com sete anos.

A interação entre alunos também provoca intervenções no desenvolvimento das crianças. Ao propor uma atividade em grupo, o professor deve ter como objetivos, além dos específicos, a expectativa de que a ajuda mútua, as discussões, os levantamentos de hipóteses, sejam momentos de grande aprendizado.

Se o professor, por exemplo, dá uma tarefa individual aos alunos em sala de aula, a troca de informações e de estratégias entre as crianças não deve ser considerada como procedimento errado, pois pode tornar a tarefa um projeto coletivo extremamente produtivo para cada criança.

Quando um aluno recorre ao professor como fonte de informação para ajudá-lo a resolver algum tipo de problema escolar, não está burlando as regras do aprendizado, mas ao contrário, utilizando-se de recursos legítimos para promover seu próprio desenvolvimento. E uma das melhores formas de o professor ajudá-lo é propondo algo que o faça buscar uma resposta. Por exemplo, se um aluno lhe pergunta se ‘benefício' escreve-se com c, ç, s ou ss, o professor pode, juntamente com ele, buscar a resposta num dicionário. Ou pode propor um desafio para grupos de crianças, oferecendo-lhes uma lista com palavras para trabalharem e criarem regras ortográficas, fazendo-as defrontar-se com o problema.

Vygotsky exemplifica a importância das situações concretas e a fusão que a criança pequena faz entre os elementos percebidos e o significado. Numa situação imaginária, entretanto, a criança é levada a agir num mundo imaginário, onde a situação é definida pelo significado estabelecido pela brincadeira e não pelos elementos reais concretamente presente.

Ao brincar com um tijolinho de madeira como se fosse um carrinho, por exemplo, a criança se relaciona com o significado em questão e não com o objeto concreto. O tijolinho serve como uma representação de uma realidade ausente – um jogo simbólico. O brinquedo provê, assim, uma situação de transição entre a ação da criança com objetos concretos e suas ações com significados – preparando-a para uma nova etapa de seu desenvolvimento. Portanto, a promoção de atividades que favoreçam o envolvimento da criança em brincadeiras, tem nítida função pedagógica e psicológica (catalisação de conflitos, por exemplo).

Outra função extremamente importante da escola é a de criar espaços/condições para promover a leitura e a escrita. Vygotsky tem uma abordagem genética da escrita: preocupa-se com o processo de aquisição. Para compreender o desenvolvimento da escrita é necessário estudar o que ele chama de “a pré-história da linguagem escrita” – o que se passa com a criança antes de ser submetida a processos deliberados de alfabetização.

Alguns exemplos de práticas didáticas baseadas nos estudos vygotskyanos

Alfabetização
Não se pauta por fases (como pré-silábica ou silábica, que orientam o construtivismo). O objetivo é ampliar o universo de expressões da criança para facilitar a incorporação da escrita. A ênfase é na elaboração da fala, da escrita e da leitura como instrumentos simbólicos que reprecutem no desenvolvimento mental.

O erro
Faz parte do processo de aprendizado, mas o professor deve apontá-lo sempre para que a criança o corrija. "Não se pode esperar que o aluno descurbra sozinho que errou", diz João Carlos. O construtivismo também faz correções, mas sempre considerando o desenvolvimento da criança.

Cópia
A criança deve contar com um ponto de partida para realizar suas próprias descobertas. Nesse sentido, o oferecimento de modelos de texto, por exemplo, é uma estratégia válida - desde que resulte numa atividade criativa, não numa cópia mecânica. O construtivismo rígido exclui o trabalho com cópias.



Para saber mais Pedagogia Indaiatuba recomenda:

  • A Formação Social da Mente, Lev Vygotsky, Martins Fontes.
  • Pensamento e Linguagem, Lev Vygotsky, Martins Fontes.
  • Linguagem, Desenvolvimento e Aprendizagem, Yygotsky, Luria e Leontiev, Ícone Editora e Editora da USP.
  • A Linguagem e o Outro no Espaço Escolar - Vygotsky e a Construção do Conhecimento, Ana Smolka e Mari Cecilia Goes, Papirus.
  • O Pensamento de Vygotsky e Bakhtin no Brasil, Maria Teresa de Assunção Freitas, Papirus.
  • Psicologia na Educação, Claudia Davis e Zilma Oliveira, Cortez.
  • Vygotsky: Aprendizado e Desenvolvimento - Um Processo Sócio-Histórico, Marta Kohl de Oliveira, Scipione.
  • Vygotsky e a Educação, Luis Moll, Artes Médicas.
  • Vygotsky - Uma Perspectiva Histórico-Cultural da Educação, Teresa Cristina Rego, Vozes.
  • Vygotsky - Uma Síntese, Renê Van Der Veer e Jaan Vaisiner, Loyola.

Emilia Ferreiro

" Ler não é decifrar, escrever não é copiar"

Emilia Ferreiro, a psicolingüista argentina, discípula de Jean Piaget, revolucionou o conhecimento que se tinha sobre a aquisição da leitura e da escrita quando lançou, com Ana Teberosky, o livro Psicogênese da Língua Escrita, em que descreve os estágios pelos quais as crianças passam até compreender o ler e o escrever. Crítica ferrenha da cartilha, ela defende que os alunos, ainda analfabetos, devem ter contato com diversos tipos de texto. Passadas mais de duas décadas, o tema permanece no centro dos interesses da pesquisadora, que se indigna com quem defende o método fônico de alfabetização, baseado em exercícios para treinar a correspondência entre grafemas e fonemas.

Emilia Ferreiro considera a alfabetização não um estado, mas um processo que tem início bem cedo e não termina nunca. "Nós não somos igualmente alfabetizados para qualquer situação de uso da língua escrita. Temos mais facilidade para ler determinados textos e evitamos outros. O conceito também muda de acordo com as épocas, as culturas e a chegada da tecnologia" - Afirma.

Autora de várias obras, muitas traduzidas e publicadas em português, já esteve algumas vezes no país, participando de congressos e seminários. Falar de alfabetização, sem abordar pelo menos alguns aspectos da obra de Emilia Ferreiro, é praticamente impossível. Ela não criou um método de alfabetização, como ouvimos muitas escolas erroneamente apregoarem, e sim, procurou observar como se realiza a construção da linguagem escrita na criança.

Os resultados de suas pesquisas permitem, isso sim, que conhecendo a maneira com que a criança concebe o processo de escrita, as teorias pedagógicas e metodológicas, nos apontem caminhos, a fim os erros mais freqüentes daqueles que alfabetizam possam ser evitados, desmistificando certos mitos vigentes em nossas escolas.

Aqueles que são, ou foram alfabetizadores, com certeza, já se depararam com certos professores que logo ao primeiro mês de aula estão dizendo, a respeito de alguns alunos: não tem prontidão para aprender, tem problemas familiares, é muito fraca da cabeça, não fez uma boa pré-escola, não tem maturidade para aprender e tantos outros comentários assemelhados. Outras vezes, culpam-se os próprios educadores, os métodos ou o material didático. Com seus estudos, Ferreiro desloca a questão para outro campo: " Qual a natureza da relação entre o real e sua representação? " As respostas encontradas a esse questionamento levam, pode-se dizer, a uma revolução conceitual da alfabetização.

A escrita da criança não resulta de simples cópia de um modelo externo, mas é um processo de construção pessoal. Emilia Ferreiro percebe que de fato, as crianças reinventam a escrita, no sentido de que inicialmente precisam compreender seu processo de construção e suas normas de produção. " Ler não é decifrar, escrever não é copiar". Muito antes de iniciar o processo formal de aprendizagem da leitura/escrita, as crianças constroem hipóteses sobre este objeto de conhecimento.

Henri Wallon

"Reprovar é sinônimo de expulsar, negar, excluir. É a própria negação do ensino"

 
Falar que a escola deve proporcionar formação integral (intelectual, afetiva e social) às crianças é comum hoje em dia. No início do século passado, porém, essa idéia foi uma verdadeira revolução no ensino. Uma revolução comandada por um médico, psicólogo e filósofo francês chamado Henri Wallon. Sua teoria pedagógica, que diz que o desenvolvimento intelectual envolve muito mais do que um simples cérebro, abalou as convicções numa época em que memória e erudição eram o máximo em termos de construção do conhecimento. Wallon foi o primeiro a levar não só o corpo da criança, mas também suas emoções, para dentro da sala de aula. Baseou suas idéias em quatro elementos básicos que se comunicam o tempo todo: a afetividade, o movimento, a inteligência e a formação do eu como pessoa. Militante apaixonado (tanto na política como na educação), dizia que reprovar é sinônimo de expulsar, negar, excluir. Ou seja, "a própria negação do ensino".

Diferentemente dos métodos tradicionais (que priorizam a inteligência e o desempenho em sala de aula), a proposta walloniana põe o desenvolvimento intelectual dentro de uma cultura mais humanizada. A abordagem é sempre a de considerar a pessoa como um todo. Elementos como afetividade, emoções, movimento e espaço físico se encontram num mesmo plano. As atividades pedagógicas e os objetos, assim, devem ser trabalhados de formas variadas. Numa sala de leitura, por exemplo, a criança pode ficar sentada, deitada ou fazendo coreografias da história contada pelo professor. Os temas e as disciplinas não se restringem a trabalhar o conteúdo, mas a ajudar a descobrir o eu no outro. Essa relação dialética ajuda a desenvolver a criança em sintonia com o meio.

Wallon considerava que entre a psicologia e a pedagogia, deveria haver uma relação de contribuição recíproca. A pedagogia oferecia campo de observação à psicologia e a psicologia ao construir conhecimentos sobre o processo de desenvolvimento infantil, oferecia um importante instrumento para o aprimoramento da prática pedagógica.

Wallon propõe o estudo integrado do desenvolvimento, ou seja, que este abarque os vários funcionais nos quais se distribui a atividade infantil ( afetividade, motricidade, inteligência ). Podemos definir o projeto teórico de Wallon como a elaboração de uma psicogênese da pessoa completa.

Segundo Wallon, para a compreensão do desenvolvimento infantil, não bastam os dados fornecidos pela psicologia genética, é preciso recorrer a dados provenientes de outros campos de conhecimento. Neurologia, psicopatologia, antropologia e a psicologia infantil, foram os campos de comparação privilegiados por Wallon.

Em suas idéias pedagógicas. Wallon propõe que a escola reflita acerca de suas dimensões sócio-políticas e aproprie-se de seu papel no movimento de transformações da sociedade. Propõe uma escola engajada, inserida na sociedade e na cultura, e, ao mesmo tempo, uma escola comprometida com o desenvolvimento dos indivíduos, numa prática que integre a dimensão social e a individual.



Para saber mais Pedagogia Indaiatuba recomenda:

  • Henri Wallon: Uma Concepção Dialética do Desenvolvimento Infantil , Izabel Galvão, 132 págs., Ed. Vozes.
  • A Infância da Razão: Uma Introdução à Psicologia da Inteligência de Henry Wallon , Heloysa Dantas, 112 págs., Ed. Manole.
  • As Origens do Caráter na Criança, Henry Wallon, 278 págs., Ed. Nova Alexandria.
  • As Origens do Pensamento na Criança, Henri Wallon, 540 págs.
  • Wallon, Vygotsky, Piaget: Teorias Psicogenéticas em Discussão, Yves de la Taille, Marta Kohl de Oliveira e HeloysaDantas, 120 págs., Summus Editorial.

Maria Montessori

"A tarefa do professor é preparar motivações para atividades culturais, num ambiente previamente organizado, e depois se abster de interferir" .


Maria Montessori - Primeira mulher a se formar em Medicina em seu país, foi também pioneira no campo pedagógico ao dar mais ênfase à auto-educação do aluno do que ao papel do professor como fonte de conhecimento.

Individualidade, atividade e liberdade do aluno são as bases da teoria, com ênfase para o conceito de indivíduo como, simultaneamente, sujeito e objeto do ensino. Montessori defendia uma concepção de educação que se estende além dos limites do acúmulo de informações. O objetivo da escola é a formação integral do jovem, uma "educação para a vida". A filosofia e os métodos elaborados pela médica italiana procuram desenvolver o potencial criativo desde a primeira infância, associando-o à vontade de aprender — conceito que ela considerava inerente a todos os seres humanos.

O método Montessori é fundamentalmente biológico. Sua prática se inspira na natureza e seus fundamentos teóricos são um corpo de informações científicas sobre o desenvolvimento infantil. Segundo seus seguidores, a evolução mental da criança acompanha o crescimento biológico e pode ser identificada em fases definidas, cada uma mais adequada a determinados tipos de conteúdo e aprendizado.

Maria Montessori acreditava que nem a educação nem a vida deveriam se limitar às conquistas materiais. Os objetivos individuais mais importantes seriam: encontrar um lugar no mundo, desenvolver um trabalho gratificante e nutrir paz e densidade interiores para ter capacidade de amar.

A educadora acreditava que esses seriam os fundamentos de quaiquer comunidades pacíficas, constituídas de indivíduos independentes e responsáveis. A meta coletiva é vista até hoje por seus adeptos como a finalidade maior da educação montessoriana.

Ao defender o respeito às necessidades e aos interesses de cada estudante, de acordo com os estágios de desenvolvimento correspondentes às faixas etárias, Montessori argumentava que seu método não contrariava a natureza humana e, por isso, era mais eficiente do que os tradicionais. Os pequenos conduziriam o próprio aprendizado e ao professor caberia acompanhar o processo e detectar o modo particular de cada um manifestar seu potencial.

Por causa dessa perspectiva desenvolvimentista, Montessori elegeu como prioridade os anos iniciais da vida. Para ela, a criança não é um pretendente a ser adulto e, como tal, um ser incompleto. Desde seu nascimento, já é um ser humano integral, o que inverte o foco da sala de aula tradicional, centrada no professor. Não foi por acaso que as escolas que fundou se chamavam Casa das Crianças (Casa dei Bambini, em italiano), evidenciando a prevalência do aluno. Foi nessas "casas" que ela explorou duas de suas idéias principais: a educação pelos sentidos e a educação pelo movimento.

Nas escolas montessorianas, o espaço interno era é cuidadosamente preparado para permitir aos alunos movimentos livres, facilitando o desenvolvimento da independência e da iniciativa pessoal. Assim como o ambiente, a atividade sensorial e motora desempenha função essencial. Ou seja, dar vazão à tendência natural que a garotada tem de tocar e manipular tudo o que está ao seu alcance.

Maria Montessori defendia que o caminho do intelecto passa pelas mãos, porque é por meio do movimento e do toque que os pequenos exploram e decodificam o mundo ao seu redor. "A criança ama tocar os objetos para depois poder reconhecê-los", disse certa vez. Muitos dos exercícios desenvolvidos pela educadora — hoje utilizados largamente na Educação Infantil — objetivam chamar a atenção dos alunos para as propriedades dos objetos (tamanho, forma, cor, textura, peso, cheiro, barulho).

O método Montessori parte do concreto rumo ao abstrato. Baseia-se na observação de que meninos e meninas aprendem melhor pela experiência direta de procura e descoberta. Para tornar esse processo o mais rico possível, a educadora italiana desenvolveu os materiais didáticos que constituem um dos aspectos mais conhecidos de seu trabalho. São objetos simples, mas muito atraentes, e projetados para provocar o raciocínio. Há materiais pensados para auxiliar todo tipo de aprendizado, do sistema decimal à estrutura da linguagem.

Atividades Montessorianas


É a característica da escola montessoriana criar um ambiente propício para as crianças, levando considerando inclusive a decoração dos espaços e os materiais adequados ao desenvolvimento infantil. “É fundamental educar os sentidos, depois o intelecto”, acreditava Maria, que defendia a tese de que os pequenos deviam ter a liberdade de escolher o que desejavam trabalhar.
O método pesquisado e desenvolvido por Montessori, é especialmente para as crianças e têm como objetivo principal a Educação sensorial dos sentidos, como o tato, olfato, paladar, audição e linguagem e equilíbrio corporal.
Desenvolvida a partir de atividades diferenciadas, o método também têm como objetivo criar condições de apropriação de valores como: autonomia, normalização e construção de conhecimento.
Autonomia está relacionada com ser independente, ou seja, fazer as atividades de vida diária sozinho. Normalização trás o sentido de aprender a cumprir com as regras sociais, valor fundamental para o convívio sadio com grupos sociais e carregando com ela a importância de aprender a ter conseqüências com a escolha de alguma coisa. Construção de conhecimento, atualmente a pedagogia moderna trabalha com a noção de construção de conhecimento, como o aluno sendo protagonista desta construção, e o professor o mediador das construções. Como conseqüência desta construção o aluno aprende aquilo quer lhe carrega sentido.
As atividades montessorianas criam inúmeras condições para o desenvolvimento destes valores.

















     Aula de linha
    Atividade que têm como objetivo específico a apresentação de noções e a construção de conhecimento mediada pela professora. Na Aula de Linha as crianças aprendem sobre animais, frutas, verduras, legumes, números, letras, moradias, atualidades, análise de quadros artistícos, artistas, pintores, escritores, gêneros musicais, instrumentos musicais , enfim toadas as noções importantes para a faixa etária que eles se encontram.
    Qualquer assunto que será apresentado no dia têm ao centro da Linha algo que o represente. As crianças nesta faixa etária estão em construção do raciocínio abstrato e compreendem algo a partir do concreto, não adianta falar sobre cavalo se ela não possui um conhecimento prévio sobre o mesmo, por exemplo.
    A Aula de linha é composta por cinco fases :
    1a fase - Atenção: Observação dos alunos ao que está no centro da roda e questionamento da professora sobre os conhecimentos prévios de cada um.
    2a fase - Andamento: Andar em círculo em cima da linha, com diversos movimentos do corpo, como: andar com as mãos na cabeça, andar na ponta dos pés, andar com um copo d´água na mão, etc. O objetivo é desenvolver a consciência corporal e temporal dos movimentos.
    3a fase - Desconcentração: Consiste na escolha das músicas pelos alunos, cada aluno escolhe a música favorita para o grupo cantar. Esta fase têm diversos objetivos e desenvolve muitas habilidades como : linguagem , ampliação de repertórios de palavras, atenção , concentração, memória, autonomia e respeito, pois, os alunos aprendem a respeitar as vontades dos outros.
    4a fase – Diálogo (conversa plural): Construção de conhecimento simbólico para as crianças, pois, a professora vai associar o conhecimento prévio com outras informações sobre o assunto, construindo novos sentidos para o mesmo assunto e aprendendo a relacioná-lo com a vida cotidiana.
    5a fase - Desabrochamento Feliz: Esta fase trabalha com as brincadeiras e têm como objetivo desenvolver a criatividade e a imaginação. Geralmente são contadas histórias para as crianças imaginarem as cenas e os personagens.
    6a fase - Lição do silêncio: As crianças devem aprender a ficar em silêncio para interiorizarem o que foi construído e aprendido, no silêncio escutam músicas de relaxamento, o assobio dos passarinhos e o barulho das outras crianças no pátio.

    Trabalho Pessoal
    O ambiente para o desenvolvimento desta atividade necessita ser livre e organizado, para que as crianças possam aprender a organização, disciplina e autonomia. Consiste em ser um trabalho socializante.
    Os materiais utilizados para a atividade são tapetes de curvim e materiais pedagógicos e montessorianos. Na sala deve conter tapetes individuais e quando as crianças estiverem trabalhando não deve sobrar nenhum tapete na prateleira , com relação aos brinquedos a mesma coisa, porém o montessoriano deve ter apenas um de cada vez na prateleira.
    As crianças têm a livre escolha de optar pelo material que quer utilizar e somente irá manusea-lo em cima do seu tapete , conhecido como “ casinha”, e requer cuidados como limpeza e conservação.
    Quando há uma escolha por algo que meu amigo está trabalhando, preciso esperar ele guardar o material na prateleira para pega-lo.
    Ao término de cada material o aluno deve aprender guarda-lo e coloca-lo na prateleira.
    OBS: A livre escolha das atividades pela criança é um aspecto fundamental para que exista a concentração e para que a atividade seja formadora e imaginativa.
    Essa escolha se realiza com ordem disciplina e com um relativo silêncio.






    Vida Prática
    Acontece em todos os ambientes da escola, campo, parque , sala de informática, casinha de boneca, no lanche, no banheiro, enfim em todos os momentos do cotidiano escolar, porém, uma atividade sempre é escolhida pela professora para ser realizada e estudada a sua importância.
    A professora escolhe a vida prática a partir da necessidade da classe.
    A vida prática têm como objetivo cuidados pessoais, cuidados com as plantinhas e boas maneiras. Criando condições dos alunos desenvolverem autonomia para as atividades de vida diária.

    OBS: O silêncio também desempenha papel preponderante.
    A criança fala quando o trabalho assim o exige, a professora não precisa falar alto.

    Materiais Montessorianos

    Os materiais montessorianos, específicos do método, foram desenvolvidos a partir das necessidades de trabalhar com os órgãos de sentidos das crianças. Pressupõem a compreensão das coisas a partir delas mesmas, tendo como função a estimular e desenvolver na criança, um impulso interior que se manifesta no trabalho espontâneo do intelecto.
    Montessori produziu uma série de cinco grupos de materiais didáticos:
    • Exercícios Para a Vida Cotidiana
    • Material Sensorial
    • Material de Linguagem
    • Material de Matemática
    • Material de Ciências
    Todos os materiais tem maneiras corretas de utilizá-los que são aprendidas nas “aulas de linha”.
    São divididos por série, sendo que o nível de dificuldade de compreendê-lo vai aumentando conforme a série. Estes materiais se constituem de peças sólidas de diversos tamanhos e formas: caixas para abrir, fechar e encaixar; botões para abotoar; série de cores, de tamanhos, de formas e espessuras diferentes. Coleções de superfícies de diferentes texturas e campainhas com diferentes sons.
    O Material Dourado é um dos materiais criado por Maria Montessori. Este material baseia-se nas regras do sistema de numeração, inclusive para o trabalho com múltiplos, sendo confeccionado em madeira, é composto por: cubos, placas, barras e cubinhos. O cubo é formado por dez placas, a placa por dez barras e a barra por dez cubinhos. Este material é de grande importância na numeração, e facilita a aprendizagem dos algoritmos da adição,da subtração, da multiplicação e da divisão.
    O Material Dourado desperta no aluno a concentração, o interesse, além de desenvolver sua inteligência e imaginação criadora, pois a criança, está sempre predisposta ao jogo. Além disso, permite o estabelecimento de relações de graduação e de proporções, e finalmente, ajuda a contar e a calcular.
    O aluno usa (individualmente) os materiais a medida de sua necessidade e por ser autocorretivo faz sua auto-avaliação. Os professores são auxiliares de aprendizagem e o sistema peca pelo individualismo. Embora, hoje sua utilização é feita em grupo.
    No trabalho com esses materiais a concentração é um fator importante. As tarefas são precedidas por uma intensa preparação, e, quando terminam, a criança se solta, feliz com sua concentração, comunicando-se então com seus semelhantes, num processo de socialização.

    Considerações sobre o método
    Algumas considerações importantes sobre o método montessoriano:
    • Quem entra numa sala de aula de uma escola montessoriana encontra crianças espalhadas, sozinhas ou em pequenos grupos, concentradas nos exercícios. Os professores estão misturados a elas, observando ou ajudando. Não existe hora do recreio, porque não se faz a diferença entre o lazer e a atividade didática. Nessas escolas as aulas não se sustentam num único livro didático. Os estudantes aprendem a pesquisar em bibliotecas (e, hoje, na internet) para preparar apresentações aos colegas.
    • Pés e mãos tem grande destaque nos exercícios sensoriais (não se restringem apenas aos sentidos), fornecendo oportunidade às crianças de manipular os objetos, sendo que a coordenação se desenvolve com o movimento.
    • Em relação à leitura e escrita, na escola montessoriana, as crianças conhecem as letras e são introduzidas na análise das palavras e letras; estando a mão treinada e reconhecendo as letras, a criança pode escrever palavras e orações inteiras.
    • Em relação à matemática os materiais permitem o reconhecimento das formas básicas, permitem o estabelecimento de graduações e proporções, comparações, induzem a contar e calcular.
    • Ambiente físico montessoriano se caracteriza por ser proporcional ao tamanho da criança, limitado para evitar estímulos em excesso; simples e modificável, para favorecer o ajuste aos interesses do momento, ordenado, atraente, calmo, bem arejado e espaçoso. Deve então, o ambiente da escola, fornecer situações cheias de vida e estímulos necessários a uma grande atividade mental.
    • As crianças de uma escola elementar montessoriana são agrupadas da seguinte maneira: dos três aos seis anos, dos nove aos doze anos, ocupando cada grupo salões determinados, mas não rigidamente separados. Na escola montessoriana, a aula das crianças dos três aos seis anos é pouco separada das crianças de sete a nove anos, fazendo com que os pequenos tirem sugestões das classes sucessiva para a organização do seu estudo, assim como os mais velhos também aprendem com os mais novos. Por isso, a organização das salas de aula é dividida por meias paredes, facilitando o acesso de um grupo para outro; assim todos participam e se ajudam mutualmente.

    Professor Montessoriano
    Para Montessori, o trabalho do professor é o de um Guia. Ele guia ensinando o manuseio do material, utilizando palavras exatas, orientando cada trabalho; guia ao impedir qualquer desperdício de energia ou, eventualmente, restabelecendo o equilíbrio.
    Seu dever principal na prática, é o de explicar o uso do material. Os objetos, e não o ensinamento da professora; sendo a criança que os usa, ela é a entidade ativa, e não a mestra.

    O educador montessoriano tem como funções:
    • Preparar o ambiente e o material;
    • Levar a criança a se auto- corrigir;
    • Levar a criança a se auto- disciplinar;
    • Levar a criança a respeitar o trabalho dos colegas;
    • Servir de intermediário entre o material e a criança;
    • Ensinar o manuseio do material e o método de trabalho;
    • Ser um elo de união entre o meio e a criança.

    Para que isso ocorra o educador deve:
    • "Diminuir" para que a criança possa crescer;
    • Deixar a criança ser o centro do processo educativo;
    • Ser alguém que influencia e não impõe;
    • Ser firme e seguro na colocação de limites;
    • Evitar ajudas inúteis naquilo que a criança mesma tem capacidade de fazer; •Ser silencioso, tranquilo, falando pouco e em agradável voz baixa; •Moderado nos gestos, avesso à pressa;
    • Exato na apresentação do material, concentrado naquilo que está fazendo;
    • Evitar prêmios e castigos.
    Para iniciar e induzir os aprendizes às atividades, o professor deve constituir-se um modelo e apenas sugerir. Seu papel nesse processo é apenas de um "indicador". Ele só consegue o progresso dos alunos quando indica, orienta e põe à disposição da criança uma graduação de exercícios.
    A técnica a ser observada é a seguinte:
    • isolar o objeto (deixando sobre a mesa da criança unicamente o material que vai apresentar);
    • apresentá-lo com absoluta exatidão (indicando como ele deve ser manipulado, realizando, ele mesmo, uma ou duas vezes, o exercício);
    • prevenir o uso incorreto (controlando qualquer displicência, ditada pela má vontade, face às instruções);
    • respeitar a atividade útil (concedendo à criança o direito de repetir o mesmo exercício pelo tempo que quiser, sem ser interrompido em suas atividades).
    • providenciar para que o trabalho seja concluído (habituando o aprendiz a, terminando o exercício, devolver o material ao lugar que lhe compete).

    " Quanto mais ativo é o mestre, mais passiva é a criança.
    Quanto mais passivo é o mestre, mais ativa é a criança."
     
    Para saber mais Pedagogia Indaiatuba recomenda:

    • Educação Montessori: De um Homem Novo para um Mundo Novo, Izaltina de Lourdes Machado, 90 págs., Ed. Pioneira.
    • Estudo do Sistema Montessori, Vera Lagoa, 192 págs., Ed. Loyola.
    • Mente Absorvente, Maria Montessori, 318 págs., Ed. Nórdica.
    • Site da Organização Montessori do Brasil : http://www.omb.org.br

    Jean Piaget


    " O professor não ensina, mas arranja modos de a própria criança
    descobrir. Cria situações-problemas".

    Jean Piaget (1896-1980) foi um renomado psicólogo e filósofo suíço, conhecido por seu trabalho pioneiro no campo da inteligência infantil. Piaget passou grande parte de sua carreira profissional interagindo com crianças e estudando seu processo de raciocínio. Seus estudos tiveram um grande impacto sobre os campos da Psicologia e Pedagogia.
    Até o início do século XX assumia-se que as crianças pensavam e raciocinavam da mesma maneira que os adultos. A crença da maior parte das sociedades era a de que qualquer diferença entre os processos cognitivos entre crianças e adultos era sobretudo de grau: os adultos eram superiores mentalmente, do mesmo modo que eram fisicamente maiores, mas os processos cognitivos básicos eram os mesmos ao longo da vida.
    Piaget, a partir da observação cuidadosa de seus próprios filhos e de muitas outras crianças, concluiu que em muitas questões cruciais as crianças não pensam como os adultos. Por ainda lhes faltarem certas habilidades, a maneira de pensar é diferente, não somente em grau, como em classe.
    A teoria de Piaget do desenvolvimento cognitivo é uma teoria de etapas, uma teoria que pressupõe que os seres humanos passam por uma série de mudanças ordenadas e previsíveis.
    O interacionismo, a idéia de construtivismo seqüencial e os fatores que interferem no desenvolvimento são os pressupostos básicos de sua teoria.
    A criança é concebida como um ser dinâmico, que a todo momento interage com a realidade, operando ativamente com objetos e pessoas.
    Essa interação com o ambiente faz com que construa estrutura mentais e adquira maneiras de fazê-las funcionar. O eixo central, portanto, é a interação organismo-meio e essa interação acontece através de dois processos simultâneos: a organização interna e a adaptação ao meio, funções exercidas pelo organismo ao longo da vida.
    Considera, ainda, que o processo de desenvolvimento é influenciado por fatores como: maturação (crescimento biológico dos órgãos), exercitação (funcionamento dos esquemas e órgãos que implica na formação de hábitos), aprendizagem social (aquisição de valores, linguagem, costumes e padrões culturais e sociais) e equilibração (processo de auto regulação interna do organismo, que se constitui na busca sucessiva de reequilíbrio após cada desequilíbrio sofrido).
    A educação na visão Piagetiana: com base nesses pressupostos deve possibilitar à criança um desenvolvimento amplo e dinâmico desde o período sensório- motor até o operatório abstrato.
    A escola deve partir dos esquemas de assimilação da criança, propondo atividades desafiadoras que provoquem desequilíbrios e reequilibrações sucessivas, promovendo a descoberta e a construção do conhecimento.
    Para construir esse conhecimento, as concepções infantis combinam-se às informações advindas do meio, na medida em que o conhecimento não é concebido apenas como sendo descoberto espontaneamente pela criança, nem transmitido de forma mecânica pelo meio exterior ou pelos adultos, mas, como resultado de uma interação, na qual o sujeito é sempre um elemento ativo, que procura ativamente compreender o mundo que o cerca, e que busca resolver as interrogações que esse mundo provoca.
    É aquele que aprende basicamente através de suas próprias ações sobre os objetos do mundo, e que constrói suas próprias categorias de pensamento ao mesmo tempo que organiza seu mundo. Não é um sujeito que espera que alguém que possui um conhecimento o transmita a ele por um ato de bondade.
    Principais objetivos da educação segundo Piaget : formação de homens "criativos, inventivos e descobridores", de pessoas críticas e ativas, e na busca constante da construção da autonomia.
    Piaget não propõe um método de ensino, mas, ao contrário, elabora uma teoria do conhecimento e desenvolve muitas investigações cujos resultados são utilizados por psicólogos e pedagogos.
    Implicações do pensamento piagetiano para a aprendizagem
    • Os objetivos pedagógicos necessitam estar centrados no aluno, partir das atividades do aluno.
    • Os conteúdos não são concebidos como fins em si mesmos, mas como instrumentos que servem ao desenvolvimento evolutivo natural.
    • primazia de um método que leve ao descobrimento por parte do aluno ao invés de receber passivamente através do professor.
    • A aprendizagem é um processo construído internamente.
    • A aprendizagem depende do nível de desenvolvimento do sujeito.
    • A aprendizagem é um processo de reorganização cognitiva.
    • Os conflitos cognitivos são importantes para o desenvolvimento da aprendizagem.
    • A interação social favorece a aprendizagem.
    • As experiências de aprendizagem necessitam estruturar-se de modo a privilegiarem a colaboração, a cooperação e intercâmbio de pontos de vista na busca conjunta do conhecimento.
    Piaget não aponta respostas sobre o que e como ensinar, mas permite compreender como a criança e o adolescente aprendem, fornecendo um referencial para a identificação das possibilidades e limitações de crianças e adolescentes. Desta maneira, oferece ao professor uma atitude de respeito às condições intelectuais do aluno e um modo de interpretar suas condutas verbais e não verbais para poder trabalhar melhor com elas.
    Para saber mais Pedagogia Indaiatuba recomenda:
    • LIMA, Lauro de Oliveira. Piaget para principiantes . 2. ed. São Paulo: Summus, 1980. 284 p.
    • PIAGET, Jean. O nascimento da inteligência na criança . 4. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1982. 389 p.