domingo, 25 de setembro de 2011

Bullying: um problema presente no ambiente escolar


Bullying: da palavra “bully” (valentão) do inglês, é um termo ainda sem tradução para o português. Significa uma agressão física ou psicológica, que ocorre constantemente, sem motivo aparente, onde a vítima é ridicularizada, humilhada e intimidada. Especialistas chamam de “violência moral”.
Esse fenômeno começou a ser observado e estudado em 1970, na Noruega, pelo professor Dan Olweus, da Universidade da Noruega. Seu estudo consistiu em relacionar as tendências suicidas entre adolescentes com freqüentes ameaças sofridas por essas pessoas.
De acordo com uma pesquisa realizada no Rio de Janeiro pela Abrapia (associação voltada para a infância e adolescência), 40% dos entrevistados sofrem algum tipo de prática considerada bullying.
Esse sofrimento, que muitas vezes é levado em silêncio, pode causar diversos danos psicológicos, e, de acordo com Lélio Braga Calhau, promotor de Justiça de MG, em uma entrevista à revista Nova Escola, levar a vítima a adentrar a criminalidade. Pode acontecer em qualquer contexto social, como em escolas, universidades, família, ambiente de trabalho e outras situações de convivência coletiva, por ser um tipo de agressão em grupo. Acontece com mais frequência em ambientes escolares, tanto da rede pública quanto particular, em meios rurais ou urbanos, e entre alunos de diversas faixas etárias, inclusive entre crianças entre 3 e 4 anos.
O bullying sempre existiu, mas seu impulso foi dado pela televisão e pela internet, fazendo com que as agressões verbais e psicológicas, assim como os apelidos pejorativos ficassem mais frequentes e tomassem outras proporções. De acordo com Guilherme Schelb, autor do livro “Violência e Criminalidade Infanto-Juvenil”, o fato das conseqüências como mortes e suicídios se tornarem reais, e a impunidade de fato acontecer, acarretou em uma necessidade de se discutir o tema com mais seriedade.
Para entender melhor esse problema que aflige grande parte dos alunos, o assunto deve ter suas características mais importantes destacadas, para que possa ser logo identificado e sanado, sem causar maiores problemas às vítimas. Há três agentes envolvidos: as vítimas, os agressores e as testemunhas.
A vítima: Apresentam características como depressão, baixa auto-estima, ansiedade, abandono dos estudos. Podem possuir algumas particularidades, o que os tornará alvo dos agressores, como problemas de obesidade, estatura baixa, deficiência física, usar óculos de lentes grossas e até mesmo serem abordados nos aspectos culturais, étnicos ou religiosos. A vítima pode ser o menino novo da turma, ou a menina bonita da escola,   que acaba sendo vítima das outras colegas. O professor pode identificar uma vítima ao perceber uma brusca queda no rendimento escolar do aluno, ou uma grande frequência de faltas sem explicação, isolamento, agressividade (constante mudança de humor), apresentar roupas e livros rasgados, machucados inexplicáveis visíveis aos olhos dos educadores. Podem tornar-se constantes as desculpas inventadas para ir embora para casa (como alegar que não está se sentindo bem), além de tentarem ou cometerem suicídio. Geralmente sofrem calados.
O Agressor: São geralmente os líderes da turma e os mais populares. Têm um certo prazer em colocar apelidos maldosos ou pejorativos nos colegas mais frágeis. Geralmente são crianças ou adolescentes que sempre tiveram toda a atenção que desejaram, que gostam do poder de que têm ao liderar a turma. A maioria dos agressores têm dificuldades de relacionamento, principalmente as crianças. Sentem-se inseguras, e podem ser tratados com desrespeito em suas casas. Já podem ter sido vítimas de algum abuso, humilhados pelos adultos e sofrerem pressão por parte de sua família para que tenham sucesso em algo. Deve-se ressaltar, mais uma vez, que o bullying praticado por essas pessoas é consequência da sensação de poder que, inconscientemente, esconde o sofrimento interno deles.
As Testemunhas : Convivem diariamente com o problema, omitem o que presenciam por medo dos agressores (medo de se tornarem uma vítima) ou insegurança.  Com o tempo, vão se acostumando e encarando a situação como algo normal. Elas se fecham a relacionamentos, não fazem mais amizades, por achar que futuramente, possam vir a sofrer as agressões também. No cyberbullying, ao participar das agressões repassando as informações, elas podem se tornar cúmplices, e futuramente, os próprios agressores.
Tanto vítima quanto agressor necessitam de ajuda psicológica para superarem as consequências trazidas pelas agressões. Como citado acima, as vítimas podem se inserir no mundo do crime por conta da humilhação sofrida. De acordo com o presidente do Centro Multidisciplinar de Estudos e Orientação Sobre Bullying Escolar, José Augusto Pedra, em entrevista à Revista Nova Escola, o que pode parecer um apelido inofensivo pode afetar emocional e fisicamente o alvo da ofensa. Crianças que sofrem humilhações racistas, difamatórias ou excludentes podem revelar queda no rendimento escolar, desenvolverem doenças psicológicas ou deficiências do aprendizado e sofrer algum trauma que influencia sua personalidade no futuro. O mais importante a se observar quem é uma vítima é para prevenir que no futuro ela se torne um agressor.
Os agressores precisam de ajuda para enfrentar o trauma que sofreram ao conviver em um ambiente violento e difamatório, e para entender que a agressividade que apresentam não é a maneira correta de enfrentar os fatos. Suas atitudes podem também levá-los à criminalidade, principalmente por se sentirem bem com a sensação de liderança.
No entanto, como os educadores podem ajudar as vítimas ou prevenir que o bullying aconteça no ambiente escolar que frequentam?
Os professores, que são os educadores que passam mais tempo com os alunos, podem observa-los dentro e fora da sala de aula, e verificar se algum deles apresenta um brusca queda no rendimento escolar. Deve desenvolver, mesmo se não percebe indícios de bullying, aulas que estimulem a comunicação e interação entre os alunos. Faça debates com os alunos, perguntando quem já foi vítima de bullying, ou quem já foi vítima de brincadeiras de mau gosto, apelidos maldosos ou agressões verbais pela internet. Explique que o bullying pode ser achado normal por muitas pessoas, mas não é. Discuta os efeitos psicológicos que pode trazer. Ao identificar o bullying, o professor deve informar imediatamente à direção da escola, para que medidas sejam tomadas, assim como avisar os pais.
Já os diretores e coordenadores, que passam menos tempo em contato com os alunos, devem realizar campanhas na escola para evitar que o bullying aconteça, ou para combatê-lo. As autoridades escolares devem também se responsabilizar em contatar os pais de ambos os lados (agressores e vítimas), e viabilizarem um encontro para que possa ser discutido a melhor maneira de se resolver a situação, sem causar maiores danos aos alunos.
Primeiro, a escola deve identificar se existe o bullying naquele ambiente. Isso pode ser feito com a aplicação de um questionário aos alunos, com um pequeno texto explicando os fatos que se deseja obter, sem que sejam identificados nomes. Os resultados devem exibir se o bullying está ou não presente, e quais as opiniões dos estudantes em relação ao assunto. O questionário deve ser aplicado simultaneamente às turmas, para se evitar intimidações pelos corredores.
Se for detectado a existência de bullying, os educadores devem se reunir e discutir o problema. Os professores devem ser informados sobre como devem proceder ao presenciarem um cena de violência física ou verbal, sendo ou não prática de bullying, e orientados a discutirem o tema com os alunos, como citado acima.
Deve ser realizada uma assembléia com professores, pais, alunos, funcionários, coordenadores e diretores para exibir o problema e resolver quais serão os métodos utilizados para combater o bullying. Os pais devem ser informados de como agir para identificar se seus filhos são vítimas ou agressores, e como devem proceder para orientá-los sobre o assunto.
Cartazes podem ser espalhados pela escola com informações sobre o que é o bullying e suas consequências. Também deve ser informado aos alunos que esse tipo de prática não será aceita dentro da escola, e se acontecer, punições serão aplicadas. Devem ser orientados a relatar à diretoria qualquer violência sofrida pelos colegas, dentro ou fora do ambiente escolar.
Os pais podem ser orientados a identificarem se seus filhos são vítimas ou agressores com as características citadas antes, e perceberam se seu filho, sendo uma possível vítima, demonstra medo de ir a escola, diz estar doente no momento de ir a escola, pede para trocar de escola, volta para casa dizendo que perdeu o dinheiro frequentemente e tem pesadelos frequentes. Devem tentar conversar com o filho, a fim de confirmar sua suspeita, sempre ressaltando que eles não são culpados e elogiando sua coragem de relatar os seus problemas.
Para os pais que percebem ou que foram informados que seus filhos são agressores, orientações como procurar ajuda psicológica para a criança e não ignorar o problema são úteis. Precisam ser orientados a manterem a calma quando forem conversar sobre o problema com o filho, sem gritar ou brigar com ele, mostrando que o ama e que sabe o que está acontecendo. Com a conversa, podem tentar identificar o que está levando o filho a praticar o bullying e dizer a ele que será ajudado a superar isso. O  aluno deve ser encorajado pelos pais a pedir desculpas às vítimas, pessoalmente ou por meio de cartas ou bilhetes, e também a frequentar atividades onde ele se saia bem, para que possa ser elogiado, pois sua auto estima também está baixa.
Os pais também podem conversar com os colegas do filho para pedir a eles que ajudem a criança a compreender a situação.
Bullying é um problema sério, que deve ser combatido o quanto antes, para evitar maiores consequências àqueles que sofrem com isso. Não deve ser ignorado no ambiante escolar, principalmente, pois é nele que a grande maioria das agressões acontecem.
Abaixo exibimos um vídeo sobre o bullying, para ilustrar o assunto.

E você, educador? Já presenciou algum tipo de bullying dentro do ambiente escolar que trabalha? Se a resposta for afirmativa, qual tipo de agressão foi presenciado e como o problema foi resolvido ou como a escola ou você mesmo prosseguiu?
Utilize nossos comentários para discutirmos o assunto abertamente.

Bibliografia Utilizada:
Revista Nova Escola (reportagem): http://revistaescola.abril.com.br/crianca-e-adolescente/comportamento/bullying-preciso-levar-serio-431385.shtml#bullying
Revista Nova Escola (plano de aula) : http://revistaescola.abril.com.br/ensino-medio/bullying-problema-merece-traducao-475045.shtml
Site Bullying: http://www.bullying.com.br
Para Saber Mais:
Site Brasil Escola (reportagem) http://www.educador.brasilescola.com/trabalho-docente/bullying-escolar.htm
Blog Não Ao Bullying: http://www.nao-ao-bullying.blogspot.com/
Leitura Indicada:
Garota Fora do Jogo: A Cultura Oculta da Agressão nas Meninas, Rachel Simmons, Ed. Rocco, tel. 0800-216789

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