domingo, 25 de setembro de 2011

Sexualidade e identidade pessoal: questões fundamentais para os adolescentes

 

Faz parte do universo adolescente o conflito entre ser diferente, único e, ao mesmo tempo, parecer-se com os colegas para, assim, fazer parte do grupo. Conforme a criança entra na adolescência, as relações com os pares da mesma idade passam progressivamente a ter maior influência sobre ela do que a relação com os pais. É uma fase importante de desenvolvimento da identidade pessoal, que engloba a definição de uma identidade sexual, moral, política e religiosa. O desafio de se definir, frente a tantos modelos e pressões do grupo, é bastante grande, já que a necessidade de ser aceito, admirado e respeitado por seus pares é uma prioridade.
© iStockPhoto/AngiePhotos
O despertar e a exploração da própria sexualidade, certamente, ocupam lugar de destaque nas preocupações e nas conversas entre os jovens, sejam estas reais ou virtuais. Com base em diálogos de adolescentes em salas de bate-papo (chatrooms), alguns estudos observaram que a presença de conteúdos sexualizados, da linguagem ao convite explícito para participar de práticas sexuais on-line (cybersexo), assim como o acesso a sites pornográficos, aumenta proporcionalmente com a idade dos usuários. Ou seja, quanto mais velhos os adolescentes, maior o interesse deles por conteúdos sexuais e mais frequente é essa temática nas interações com seus pares. O interesse, a curiosidade, a troca de experiências e mesmo o acesso à pornografia em diversas formas não são comportamentos inapropriados para a idade, afinal fazem parte da exploração e da construção da própria sexualidade. O cuidado é: quão preparado está esse jovem para assimilar e processar as informações recebidas?
Eis algumas questões que podem ajudá-lo a verificar como seu filho lida com o tema sexualidade: Com que frequência ele o procura para esclarecer dúvidas sobre os diversos temas que o preocupam? Ele se sente confortável com o próprio corpo? Ele pode falar com você sobre as mudanças percebidas em seu corpo? Quem são seus amigos? Como ele se relaciona com eles? Com que frequência você, adulto, aborda questões relacionadas à sexualidade e ao prazer com seu filho? Você se sente confortável falando sobre esses assuntos com ele? E o tema relacionamento? Você sabe o que ele busca, admira ou não nas pessoas com quem se relaciona? Quão claro é isso para ele mesmo? Qual é a expectativa dele quanto ao exercício da sexualidade? Qual é a relação entre sexo e relacionamento para ele? Que tipo de satisfação ele espera de um, de outro e da combinação de ambos? O que você, adulto, pensa sobre isso e pode compartilhar com ele?
Essas são questões importantes por dois motivos: primeiro, porque ajudam os próprios pais a definir quais são os valores e os comportamentos que eles gostariam de compartilhar e repassar a seus filhos. Segundo, porque ajudam a esclarecer e delinear a individualidade do próprio jovem, seus prazeres, medos, talentos e dificuldades. Afinal, é nesse contexto mais amplo que o sexo se insere, e é importante que isso fique claro. O corpo é, sim, um instrumento de prazer, mas não independe dos outros aspectos envolvidos na sexualidade, como respeito, confiança, valorização de si mesmo e do outro. Essencial é saber o que é importante para si próprio, o que se busca e o que se espera do outro. Essa é uma referência importante para guiar o próprio comportamento, assim como para definir os comportamentos e a postura que se esperam do outro.
Penso que a principal ideia a ser transmitida é esta: não é feio nem proibido ter curiosidade, ver, querer e pensar sobre sexo. O problema é tratar esse aspecto da vida e, consequentemente, o próprio corpo como um mero objeto de prazer.
Como o grupo é um referencial tão influente na adolescência, é importante nutrir no jovem a consciência dos próprios valores e prioridades. Assim, na interação com o outro ou com o grupo, ele terá melhores condições de desfrutar dos benefícios de fazer parte desse grupo e de negociar as exigências e as expectativas que isso impõe sem ferir sua própria integridade.
Por Daniela Matheus

Nenhum comentário:

Postar um comentário