sábado, 31 de dezembro de 2011

Maria Montessori

"A tarefa do professor é preparar motivações para atividades culturais, num ambiente previamente organizado, e depois se abster de interferir" .


Maria Montessori - Primeira mulher a se formar em Medicina em seu país, foi também pioneira no campo pedagógico ao dar mais ênfase à auto-educação do aluno do que ao papel do professor como fonte de conhecimento.

Individualidade, atividade e liberdade do aluno são as bases da teoria, com ênfase para o conceito de indivíduo como, simultaneamente, sujeito e objeto do ensino. Montessori defendia uma concepção de educação que se estende além dos limites do acúmulo de informações. O objetivo da escola é a formação integral do jovem, uma "educação para a vida". A filosofia e os métodos elaborados pela médica italiana procuram desenvolver o potencial criativo desde a primeira infância, associando-o à vontade de aprender — conceito que ela considerava inerente a todos os seres humanos.

O método Montessori é fundamentalmente biológico. Sua prática se inspira na natureza e seus fundamentos teóricos são um corpo de informações científicas sobre o desenvolvimento infantil. Segundo seus seguidores, a evolução mental da criança acompanha o crescimento biológico e pode ser identificada em fases definidas, cada uma mais adequada a determinados tipos de conteúdo e aprendizado.

Maria Montessori acreditava que nem a educação nem a vida deveriam se limitar às conquistas materiais. Os objetivos individuais mais importantes seriam: encontrar um lugar no mundo, desenvolver um trabalho gratificante e nutrir paz e densidade interiores para ter capacidade de amar.

A educadora acreditava que esses seriam os fundamentos de quaiquer comunidades pacíficas, constituídas de indivíduos independentes e responsáveis. A meta coletiva é vista até hoje por seus adeptos como a finalidade maior da educação montessoriana.

Ao defender o respeito às necessidades e aos interesses de cada estudante, de acordo com os estágios de desenvolvimento correspondentes às faixas etárias, Montessori argumentava que seu método não contrariava a natureza humana e, por isso, era mais eficiente do que os tradicionais. Os pequenos conduziriam o próprio aprendizado e ao professor caberia acompanhar o processo e detectar o modo particular de cada um manifestar seu potencial.

Por causa dessa perspectiva desenvolvimentista, Montessori elegeu como prioridade os anos iniciais da vida. Para ela, a criança não é um pretendente a ser adulto e, como tal, um ser incompleto. Desde seu nascimento, já é um ser humano integral, o que inverte o foco da sala de aula tradicional, centrada no professor. Não foi por acaso que as escolas que fundou se chamavam Casa das Crianças (Casa dei Bambini, em italiano), evidenciando a prevalência do aluno. Foi nessas "casas" que ela explorou duas de suas idéias principais: a educação pelos sentidos e a educação pelo movimento.

Nas escolas montessorianas, o espaço interno era é cuidadosamente preparado para permitir aos alunos movimentos livres, facilitando o desenvolvimento da independência e da iniciativa pessoal. Assim como o ambiente, a atividade sensorial e motora desempenha função essencial. Ou seja, dar vazão à tendência natural que a garotada tem de tocar e manipular tudo o que está ao seu alcance.

Maria Montessori defendia que o caminho do intelecto passa pelas mãos, porque é por meio do movimento e do toque que os pequenos exploram e decodificam o mundo ao seu redor. "A criança ama tocar os objetos para depois poder reconhecê-los", disse certa vez. Muitos dos exercícios desenvolvidos pela educadora — hoje utilizados largamente na Educação Infantil — objetivam chamar a atenção dos alunos para as propriedades dos objetos (tamanho, forma, cor, textura, peso, cheiro, barulho).

O método Montessori parte do concreto rumo ao abstrato. Baseia-se na observação de que meninos e meninas aprendem melhor pela experiência direta de procura e descoberta. Para tornar esse processo o mais rico possível, a educadora italiana desenvolveu os materiais didáticos que constituem um dos aspectos mais conhecidos de seu trabalho. São objetos simples, mas muito atraentes, e projetados para provocar o raciocínio. Há materiais pensados para auxiliar todo tipo de aprendizado, do sistema decimal à estrutura da linguagem.

Atividades Montessorianas


É a característica da escola montessoriana criar um ambiente propício para as crianças, levando considerando inclusive a decoração dos espaços e os materiais adequados ao desenvolvimento infantil. “É fundamental educar os sentidos, depois o intelecto”, acreditava Maria, que defendia a tese de que os pequenos deviam ter a liberdade de escolher o que desejavam trabalhar.
O método pesquisado e desenvolvido por Montessori, é especialmente para as crianças e têm como objetivo principal a Educação sensorial dos sentidos, como o tato, olfato, paladar, audição e linguagem e equilíbrio corporal.
Desenvolvida a partir de atividades diferenciadas, o método também têm como objetivo criar condições de apropriação de valores como: autonomia, normalização e construção de conhecimento.
Autonomia está relacionada com ser independente, ou seja, fazer as atividades de vida diária sozinho. Normalização trás o sentido de aprender a cumprir com as regras sociais, valor fundamental para o convívio sadio com grupos sociais e carregando com ela a importância de aprender a ter conseqüências com a escolha de alguma coisa. Construção de conhecimento, atualmente a pedagogia moderna trabalha com a noção de construção de conhecimento, como o aluno sendo protagonista desta construção, e o professor o mediador das construções. Como conseqüência desta construção o aluno aprende aquilo quer lhe carrega sentido.
As atividades montessorianas criam inúmeras condições para o desenvolvimento destes valores.

















     Aula de linha
    Atividade que têm como objetivo específico a apresentação de noções e a construção de conhecimento mediada pela professora. Na Aula de Linha as crianças aprendem sobre animais, frutas, verduras, legumes, números, letras, moradias, atualidades, análise de quadros artistícos, artistas, pintores, escritores, gêneros musicais, instrumentos musicais , enfim toadas as noções importantes para a faixa etária que eles se encontram.
    Qualquer assunto que será apresentado no dia têm ao centro da Linha algo que o represente. As crianças nesta faixa etária estão em construção do raciocínio abstrato e compreendem algo a partir do concreto, não adianta falar sobre cavalo se ela não possui um conhecimento prévio sobre o mesmo, por exemplo.
    A Aula de linha é composta por cinco fases :
    1a fase - Atenção: Observação dos alunos ao que está no centro da roda e questionamento da professora sobre os conhecimentos prévios de cada um.
    2a fase - Andamento: Andar em círculo em cima da linha, com diversos movimentos do corpo, como: andar com as mãos na cabeça, andar na ponta dos pés, andar com um copo d´água na mão, etc. O objetivo é desenvolver a consciência corporal e temporal dos movimentos.
    3a fase - Desconcentração: Consiste na escolha das músicas pelos alunos, cada aluno escolhe a música favorita para o grupo cantar. Esta fase têm diversos objetivos e desenvolve muitas habilidades como : linguagem , ampliação de repertórios de palavras, atenção , concentração, memória, autonomia e respeito, pois, os alunos aprendem a respeitar as vontades dos outros.
    4a fase – Diálogo (conversa plural): Construção de conhecimento simbólico para as crianças, pois, a professora vai associar o conhecimento prévio com outras informações sobre o assunto, construindo novos sentidos para o mesmo assunto e aprendendo a relacioná-lo com a vida cotidiana.
    5a fase - Desabrochamento Feliz: Esta fase trabalha com as brincadeiras e têm como objetivo desenvolver a criatividade e a imaginação. Geralmente são contadas histórias para as crianças imaginarem as cenas e os personagens.
    6a fase - Lição do silêncio: As crianças devem aprender a ficar em silêncio para interiorizarem o que foi construído e aprendido, no silêncio escutam músicas de relaxamento, o assobio dos passarinhos e o barulho das outras crianças no pátio.

    Trabalho Pessoal
    O ambiente para o desenvolvimento desta atividade necessita ser livre e organizado, para que as crianças possam aprender a organização, disciplina e autonomia. Consiste em ser um trabalho socializante.
    Os materiais utilizados para a atividade são tapetes de curvim e materiais pedagógicos e montessorianos. Na sala deve conter tapetes individuais e quando as crianças estiverem trabalhando não deve sobrar nenhum tapete na prateleira , com relação aos brinquedos a mesma coisa, porém o montessoriano deve ter apenas um de cada vez na prateleira.
    As crianças têm a livre escolha de optar pelo material que quer utilizar e somente irá manusea-lo em cima do seu tapete , conhecido como “ casinha”, e requer cuidados como limpeza e conservação.
    Quando há uma escolha por algo que meu amigo está trabalhando, preciso esperar ele guardar o material na prateleira para pega-lo.
    Ao término de cada material o aluno deve aprender guarda-lo e coloca-lo na prateleira.
    OBS: A livre escolha das atividades pela criança é um aspecto fundamental para que exista a concentração e para que a atividade seja formadora e imaginativa.
    Essa escolha se realiza com ordem disciplina e com um relativo silêncio.






    Vida Prática
    Acontece em todos os ambientes da escola, campo, parque , sala de informática, casinha de boneca, no lanche, no banheiro, enfim em todos os momentos do cotidiano escolar, porém, uma atividade sempre é escolhida pela professora para ser realizada e estudada a sua importância.
    A professora escolhe a vida prática a partir da necessidade da classe.
    A vida prática têm como objetivo cuidados pessoais, cuidados com as plantinhas e boas maneiras. Criando condições dos alunos desenvolverem autonomia para as atividades de vida diária.

    OBS: O silêncio também desempenha papel preponderante.
    A criança fala quando o trabalho assim o exige, a professora não precisa falar alto.

    Materiais Montessorianos

    Os materiais montessorianos, específicos do método, foram desenvolvidos a partir das necessidades de trabalhar com os órgãos de sentidos das crianças. Pressupõem a compreensão das coisas a partir delas mesmas, tendo como função a estimular e desenvolver na criança, um impulso interior que se manifesta no trabalho espontâneo do intelecto.
    Montessori produziu uma série de cinco grupos de materiais didáticos:
    • Exercícios Para a Vida Cotidiana
    • Material Sensorial
    • Material de Linguagem
    • Material de Matemática
    • Material de Ciências
    Todos os materiais tem maneiras corretas de utilizá-los que são aprendidas nas “aulas de linha”.
    São divididos por série, sendo que o nível de dificuldade de compreendê-lo vai aumentando conforme a série. Estes materiais se constituem de peças sólidas de diversos tamanhos e formas: caixas para abrir, fechar e encaixar; botões para abotoar; série de cores, de tamanhos, de formas e espessuras diferentes. Coleções de superfícies de diferentes texturas e campainhas com diferentes sons.
    O Material Dourado é um dos materiais criado por Maria Montessori. Este material baseia-se nas regras do sistema de numeração, inclusive para o trabalho com múltiplos, sendo confeccionado em madeira, é composto por: cubos, placas, barras e cubinhos. O cubo é formado por dez placas, a placa por dez barras e a barra por dez cubinhos. Este material é de grande importância na numeração, e facilita a aprendizagem dos algoritmos da adição,da subtração, da multiplicação e da divisão.
    O Material Dourado desperta no aluno a concentração, o interesse, além de desenvolver sua inteligência e imaginação criadora, pois a criança, está sempre predisposta ao jogo. Além disso, permite o estabelecimento de relações de graduação e de proporções, e finalmente, ajuda a contar e a calcular.
    O aluno usa (individualmente) os materiais a medida de sua necessidade e por ser autocorretivo faz sua auto-avaliação. Os professores são auxiliares de aprendizagem e o sistema peca pelo individualismo. Embora, hoje sua utilização é feita em grupo.
    No trabalho com esses materiais a concentração é um fator importante. As tarefas são precedidas por uma intensa preparação, e, quando terminam, a criança se solta, feliz com sua concentração, comunicando-se então com seus semelhantes, num processo de socialização.

    Considerações sobre o método
    Algumas considerações importantes sobre o método montessoriano:
    • Quem entra numa sala de aula de uma escola montessoriana encontra crianças espalhadas, sozinhas ou em pequenos grupos, concentradas nos exercícios. Os professores estão misturados a elas, observando ou ajudando. Não existe hora do recreio, porque não se faz a diferença entre o lazer e a atividade didática. Nessas escolas as aulas não se sustentam num único livro didático. Os estudantes aprendem a pesquisar em bibliotecas (e, hoje, na internet) para preparar apresentações aos colegas.
    • Pés e mãos tem grande destaque nos exercícios sensoriais (não se restringem apenas aos sentidos), fornecendo oportunidade às crianças de manipular os objetos, sendo que a coordenação se desenvolve com o movimento.
    • Em relação à leitura e escrita, na escola montessoriana, as crianças conhecem as letras e são introduzidas na análise das palavras e letras; estando a mão treinada e reconhecendo as letras, a criança pode escrever palavras e orações inteiras.
    • Em relação à matemática os materiais permitem o reconhecimento das formas básicas, permitem o estabelecimento de graduações e proporções, comparações, induzem a contar e calcular.
    • Ambiente físico montessoriano se caracteriza por ser proporcional ao tamanho da criança, limitado para evitar estímulos em excesso; simples e modificável, para favorecer o ajuste aos interesses do momento, ordenado, atraente, calmo, bem arejado e espaçoso. Deve então, o ambiente da escola, fornecer situações cheias de vida e estímulos necessários a uma grande atividade mental.
    • As crianças de uma escola elementar montessoriana são agrupadas da seguinte maneira: dos três aos seis anos, dos nove aos doze anos, ocupando cada grupo salões determinados, mas não rigidamente separados. Na escola montessoriana, a aula das crianças dos três aos seis anos é pouco separada das crianças de sete a nove anos, fazendo com que os pequenos tirem sugestões das classes sucessiva para a organização do seu estudo, assim como os mais velhos também aprendem com os mais novos. Por isso, a organização das salas de aula é dividida por meias paredes, facilitando o acesso de um grupo para outro; assim todos participam e se ajudam mutualmente.

    Professor Montessoriano
    Para Montessori, o trabalho do professor é o de um Guia. Ele guia ensinando o manuseio do material, utilizando palavras exatas, orientando cada trabalho; guia ao impedir qualquer desperdício de energia ou, eventualmente, restabelecendo o equilíbrio.
    Seu dever principal na prática, é o de explicar o uso do material. Os objetos, e não o ensinamento da professora; sendo a criança que os usa, ela é a entidade ativa, e não a mestra.

    O educador montessoriano tem como funções:
    • Preparar o ambiente e o material;
    • Levar a criança a se auto- corrigir;
    • Levar a criança a se auto- disciplinar;
    • Levar a criança a respeitar o trabalho dos colegas;
    • Servir de intermediário entre o material e a criança;
    • Ensinar o manuseio do material e o método de trabalho;
    • Ser um elo de união entre o meio e a criança.

    Para que isso ocorra o educador deve:
    • "Diminuir" para que a criança possa crescer;
    • Deixar a criança ser o centro do processo educativo;
    • Ser alguém que influencia e não impõe;
    • Ser firme e seguro na colocação de limites;
    • Evitar ajudas inúteis naquilo que a criança mesma tem capacidade de fazer; •Ser silencioso, tranquilo, falando pouco e em agradável voz baixa; •Moderado nos gestos, avesso à pressa;
    • Exato na apresentação do material, concentrado naquilo que está fazendo;
    • Evitar prêmios e castigos.
    Para iniciar e induzir os aprendizes às atividades, o professor deve constituir-se um modelo e apenas sugerir. Seu papel nesse processo é apenas de um "indicador". Ele só consegue o progresso dos alunos quando indica, orienta e põe à disposição da criança uma graduação de exercícios.
    A técnica a ser observada é a seguinte:
    • isolar o objeto (deixando sobre a mesa da criança unicamente o material que vai apresentar);
    • apresentá-lo com absoluta exatidão (indicando como ele deve ser manipulado, realizando, ele mesmo, uma ou duas vezes, o exercício);
    • prevenir o uso incorreto (controlando qualquer displicência, ditada pela má vontade, face às instruções);
    • respeitar a atividade útil (concedendo à criança o direito de repetir o mesmo exercício pelo tempo que quiser, sem ser interrompido em suas atividades).
    • providenciar para que o trabalho seja concluído (habituando o aprendiz a, terminando o exercício, devolver o material ao lugar que lhe compete).

    " Quanto mais ativo é o mestre, mais passiva é a criança.
    Quanto mais passivo é o mestre, mais ativa é a criança."
     
    Para saber mais Pedagogia Indaiatuba recomenda:

    • Educação Montessori: De um Homem Novo para um Mundo Novo, Izaltina de Lourdes Machado, 90 págs., Ed. Pioneira.
    • Estudo do Sistema Montessori, Vera Lagoa, 192 págs., Ed. Loyola.
    • Mente Absorvente, Maria Montessori, 318 págs., Ed. Nórdica.
    • Site da Organização Montessori do Brasil : http://www.omb.org.br

    Jean Piaget


    " O professor não ensina, mas arranja modos de a própria criança
    descobrir. Cria situações-problemas".

    Jean Piaget (1896-1980) foi um renomado psicólogo e filósofo suíço, conhecido por seu trabalho pioneiro no campo da inteligência infantil. Piaget passou grande parte de sua carreira profissional interagindo com crianças e estudando seu processo de raciocínio. Seus estudos tiveram um grande impacto sobre os campos da Psicologia e Pedagogia.
    Até o início do século XX assumia-se que as crianças pensavam e raciocinavam da mesma maneira que os adultos. A crença da maior parte das sociedades era a de que qualquer diferença entre os processos cognitivos entre crianças e adultos era sobretudo de grau: os adultos eram superiores mentalmente, do mesmo modo que eram fisicamente maiores, mas os processos cognitivos básicos eram os mesmos ao longo da vida.
    Piaget, a partir da observação cuidadosa de seus próprios filhos e de muitas outras crianças, concluiu que em muitas questões cruciais as crianças não pensam como os adultos. Por ainda lhes faltarem certas habilidades, a maneira de pensar é diferente, não somente em grau, como em classe.
    A teoria de Piaget do desenvolvimento cognitivo é uma teoria de etapas, uma teoria que pressupõe que os seres humanos passam por uma série de mudanças ordenadas e previsíveis.
    O interacionismo, a idéia de construtivismo seqüencial e os fatores que interferem no desenvolvimento são os pressupostos básicos de sua teoria.
    A criança é concebida como um ser dinâmico, que a todo momento interage com a realidade, operando ativamente com objetos e pessoas.
    Essa interação com o ambiente faz com que construa estrutura mentais e adquira maneiras de fazê-las funcionar. O eixo central, portanto, é a interação organismo-meio e essa interação acontece através de dois processos simultâneos: a organização interna e a adaptação ao meio, funções exercidas pelo organismo ao longo da vida.
    Considera, ainda, que o processo de desenvolvimento é influenciado por fatores como: maturação (crescimento biológico dos órgãos), exercitação (funcionamento dos esquemas e órgãos que implica na formação de hábitos), aprendizagem social (aquisição de valores, linguagem, costumes e padrões culturais e sociais) e equilibração (processo de auto regulação interna do organismo, que se constitui na busca sucessiva de reequilíbrio após cada desequilíbrio sofrido).
    A educação na visão Piagetiana: com base nesses pressupostos deve possibilitar à criança um desenvolvimento amplo e dinâmico desde o período sensório- motor até o operatório abstrato.
    A escola deve partir dos esquemas de assimilação da criança, propondo atividades desafiadoras que provoquem desequilíbrios e reequilibrações sucessivas, promovendo a descoberta e a construção do conhecimento.
    Para construir esse conhecimento, as concepções infantis combinam-se às informações advindas do meio, na medida em que o conhecimento não é concebido apenas como sendo descoberto espontaneamente pela criança, nem transmitido de forma mecânica pelo meio exterior ou pelos adultos, mas, como resultado de uma interação, na qual o sujeito é sempre um elemento ativo, que procura ativamente compreender o mundo que o cerca, e que busca resolver as interrogações que esse mundo provoca.
    É aquele que aprende basicamente através de suas próprias ações sobre os objetos do mundo, e que constrói suas próprias categorias de pensamento ao mesmo tempo que organiza seu mundo. Não é um sujeito que espera que alguém que possui um conhecimento o transmita a ele por um ato de bondade.
    Principais objetivos da educação segundo Piaget : formação de homens "criativos, inventivos e descobridores", de pessoas críticas e ativas, e na busca constante da construção da autonomia.
    Piaget não propõe um método de ensino, mas, ao contrário, elabora uma teoria do conhecimento e desenvolve muitas investigações cujos resultados são utilizados por psicólogos e pedagogos.
    Implicações do pensamento piagetiano para a aprendizagem
    • Os objetivos pedagógicos necessitam estar centrados no aluno, partir das atividades do aluno.
    • Os conteúdos não são concebidos como fins em si mesmos, mas como instrumentos que servem ao desenvolvimento evolutivo natural.
    • primazia de um método que leve ao descobrimento por parte do aluno ao invés de receber passivamente através do professor.
    • A aprendizagem é um processo construído internamente.
    • A aprendizagem depende do nível de desenvolvimento do sujeito.
    • A aprendizagem é um processo de reorganização cognitiva.
    • Os conflitos cognitivos são importantes para o desenvolvimento da aprendizagem.
    • A interação social favorece a aprendizagem.
    • As experiências de aprendizagem necessitam estruturar-se de modo a privilegiarem a colaboração, a cooperação e intercâmbio de pontos de vista na busca conjunta do conhecimento.
    Piaget não aponta respostas sobre o que e como ensinar, mas permite compreender como a criança e o adolescente aprendem, fornecendo um referencial para a identificação das possibilidades e limitações de crianças e adolescentes. Desta maneira, oferece ao professor uma atitude de respeito às condições intelectuais do aluno e um modo de interpretar suas condutas verbais e não verbais para poder trabalhar melhor com elas.
    Para saber mais Pedagogia Indaiatuba recomenda:
    • LIMA, Lauro de Oliveira. Piaget para principiantes . 2. ed. São Paulo: Summus, 1980. 284 p.
    • PIAGET, Jean. O nascimento da inteligência na criança . 4. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1982. 389 p.

    Paulo Freire

    "Ninguém sabe tudo, ninguém ignora tudo! Todos sabemos alguma coisa; todos ignoramos alguma coisa, por isso aprendemos sempre". ..

    Paulo Hegallus Neves Freire (1921-1997) antes de qualquer denominação, foi um ser humano como poucos, tinha o desejo de ajudar as pessoas sem sentir pena delas, pois achava que era um direito de todo homem e de toda mulher, criança, jovem, adulto ou idoso, saber ler e escrever, ter o conhecimento das coisas e utilizar a educação como um exercício de liberdade. O método utilizado pelo educador nega a mera repetição alienada e alienante de frases, palavras e sílabas ao propor aos alfabetizandos "ler o mundo" e "ler a palavra", leituras, aliás, como enfatiza Freire, indissociáveis. Daí ter vindo se posicionando contra as cartilhas.
    Paulo Freire esteve no exílio por quase dezesseis anos, exatamente porque compreendeu a educação desta maneira e, lutou para que um grande número de brasileiros e brasileiras tivesse acesso a esse bem a eles negado secularmente: o ato de ler a palavra lendo o mundo.
    "Seu" trabalho foi profícuo "mudando a cara da escola", Reformou as escolas entregando-as às comunidades locais dotadas de todas as condições para o pleno exercício das atividades pedagógicas. Reformulou o currículo escolar para adequá-lo também às crianças das classes populares e procurou capacitar melhor o professorado em regime de formação permanente.
    Não esqueceu de incluir o pessoal instrumental da escola como agente educativo formando-o para desempenhar adequadamente tal tarefa. Eram os vigias, as merendeiras, as faxineiras, os (as) secretários (as) que, ao lado de diretores (as) , professores (as), alunos (as), e pais de alunos, faziam do ato de educar um ato de conhecimento, elaborado em cooperação a partir das necessidades socialmente sentidas. A obra de Paulo Freire está orientada para a emancipação da pessoa humana, para a liberdade dos povos e à justiça social entre os homens, para a democracia autêntica como soberania popular e para a paz entre os cidadãos, num clima de humanização e de conscientização.
    A eficácia e validade do Método de Freire consistem em partir da realidade do alfabetizando, do que ele já conhece, do valor pragmático das coisas e fatos de sua vida cotidiana, de suas situações existenciais. Respeitando o senso comum e dele partindo, Freire propõe a sua superação. O "Método" obedece às normas metodológicas e lingüísticas, mas vai além delas, porque desafia o homem e a mulher que se alfabetizam a se apropriarem do código escrito e a se politizarem, tendo uma visão de totalidade da linguagem e do mundo.

    Para saber mais recomendo:
    • PAIVA, Vanilda Pereira. Paulo freire e o Nacionalismo-Desenvolvimentista. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980
    • PAULO, Freire. A Educação na Cidade. São Paulo: Cortez, 1995.
    • Cunha; OLIVEIRA, Miguel Darcy de; BARRETO, José Carlos; GIFFONI, Vera Lúcia. O Processo Educativo Segundo Paulo Freire e Pichon Rivière. Rio de Janeiro: Vozes, 1987.

      P rofessor, mestre, exímio Educador
      A lfabetizando crianças, adultos e oprimidos
      U m defensor do sempre amor
      Livros e mais livros vendidos
      O ser de mente límpida, um sedutor....
      Fazendo da escola um ambiente igualitário
      Reinando em nosso meio como uma luz
      Entrando em nosso trabalho.....Sem comentário!
      Indo e vindo livremente
      Rindo, brincando de educar
      Eterno, imortal, aqui sempre estarás presente
      Autoria: Paty Fonte

    O pensamento de Freire através da ludicidade

    História de Paulo Freire através do teatro de bonecos

    Teatro de bonecos - Paulo FreireCom o objetivo de divulgar parte da obra e prestar uma homenagem ao grande mestre Paulo Freire, o arte educador Isaias José (Zazá) elaborou uma proposta que utiliza a linguagem do teatro de bonecos e da musica.
    Seu principal intuito é apresentar ao público algumas das principais idéias do educador e dessa forma explanar experiências por ele vividas nos círculos de cultura em suas andanças pelo Brasil e pelo mundo. Tal trabalho procura explicitar no contexto da história da educação a concepção dialética e libertadora da educação concebida pelo educador Paulo Freire.
    Para realização deste trabalho o artista e educador social Isaias José – Zazá desenvolveu sua pesquisa elaborando um roteiro que apresenta alguns relatos da experiência prática em círculos de cultura de alfabetização de jovens e adultos do próprio educador Paulo Freire, depoimentos de importantes pensadores da área da educação que com Paulo Freire fundaram o IPF - Instituto Paulo Freire em São Paulo e que além de conhecer o conjunto de sua obra tiveram a oportunidade de conhecer sua prática como educador. Desenvolveu também nesta pesquisa entrevista com depoimentos de Lutgardes Costa Freire, filho de Paulo Freire, e de outros colaboradores da educação que o acompanharam em sua trajetória de vida.
    No espetáculo a personagem de Paulo Freire (boneco) interage com a platéia relatando algumas histórias de suas experiências acontecidas nos círculos de cultura nos grupos de alfabetização de jovens e adultos em várias regiões do Brasil e em outros países durante o período do exílio político.

    A utilização da linguagem do Teatro de Bonecos e da Música nesta proposta além de criar uma atmosfera lúdica, permite estabelecer uma comunicação eficaz com o publico acerca do legado de Paulo Freire. Mas do que homenageá-lo em morte, a proposta pretende esclarecer ao publico as principais contribuições que o homem e cidadão Paulo Freire trouxe à sociedade contemporânea e à ciência. Todo trabalho é marcado pelas características da cultura popular, do humor e da ludicidade.
    É importante salientar que esse trabalho vem sendo realizado em universidades, congressos e seminários de educação em São Paulo e outras cidades. Nos últimos três anos foram realizadas apresentações em eventos organizados pelo IPF – Instituto Paulo Freire e pelo NTC – Núcleo de Trabalhos Comunitários da PUC-SP. Em março de 2009 foi apresentado no TUCA – Teatro da Universidade Católica de São Paulo no lançamento do livro Pedagogia Social. Os nove autores brasileiros, todos pioneiros no estudo do tema, desenvolvem reflexões sobre a aplicabilidade da Pedagogia Social em contextos diversos da realidade brasileira. O livro aborda a Pedagogia Social como uma nova área de conhecimento das Ciências da Educação e delineia seus campos de atuação, de formação e de pesquisa no Brasil.
                         Por que “Educar para transformar”?
    Jason Ferreira Mafra - IPF
    Educar para transformar reflete o elemento central da pedagogia freiriana. Paulo Freire acreditava que a Educação só cumpriria a sua função fundamental, qual seja, a humanização de mulheres e homens, caso se transformasse em ferramenta de mudança social. Tinha consciência de que ela não pode fazer a transformação social, em termos estruturais. Afirmava, porém, que nenhuma mudança profunda na sociedade aconteceria sem a Educação. Por sua natureza, esse espaço privilegiado da cultura não deve esperar os desdobramentos econômicos e políticos para mudar. Para Freire, a Educação sozinha não revoluciona a sociedade, mas ela pode transformar pessoas para se engajarem nessa tarefa. Educar, na linguagem freiriana, é o duplo movimento da existência humana de “ler e transformar o mundo”.

    Grandes Pensamentos de Paulo Freire

    "Educar e educar-se, na prática da liberdade, é tarefa daqueles que pouco sabem - por isto sabem que sabem algo e podem assim chegar a saber mais - em diálogo com aqueles que, quase sempre, pensam que nada sabem, para que estes, transformando seu pensar que nada sabem em saber que pouco sabem, possam igualmente saber mais".
    "O mundo não é, o mundo está sendo".
    "A leitura do mundo precede a leitura da palavra"
    "Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda".
    "O homem, ser de relações, e não só de contatos, não apenas está no mundo, mas com o mundo"
    "É porque eu amo o mundo que luto para que a justiça social venha antes da caridade"
    "Somente o homem pode distanciar-se do objeto para admirá-lo"
    "Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho, as pessoas se libertam em comunhão."
    "Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo".
    "A educação modela as almas e recria os corações. Ela é a alavanca das mudanças sociais
    "Não posso continuar sendo humano se faço desaparecer em mim a esperança"
    ''Não há saber mais, nem saber menos, há saberes diferentes''
    "Como professor não me é possível ajudar o educando a superar sua ignorância se não supero permanentemente a minha".
    "O tempo que levamos dizendo que para haver alegria na escola é preciso primeiro mudar radicalmente o mundo é o tempo que perdemos para começar a inventar e a viver a alegria".
    "...aprender não é um ato findo.Aprender é um exercício constante de renovação..."
    "...Inauguram o desamor, não os desamados, mas os que não amam, porque apenas se amam..."
    "A amorosidade de que falo, o sonho pelo qual brigo e para cuja realizacao me preparo permanentemente, exigem em mim, na minha experiencia social, outra qualidade: a coragem de lutar ao lado da coragem de AMAR!!!"

    "Não é, porém, a esperança um cruzar de braços e esperar. Movo-me na esperança enquanto luto e, se luto com esperança, espero."
    "Por isso a alfabetização não pode ser feita de cima para baixo, como uma dádiva ou uma imposição, mas de dentro para fora, pelo próprio analfabeto e apenas com a colaboração do educador".

    "Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo; os homens educam-se entre si, mediados pelo mundo".
    "A teoria sem a prática é puro verbalismo inoperante, a prática sem a teoria é um atavismo cego".
    "O conhecimento exige uma presença curiosa do sujeito em face do mundo. Requer uma ação transformadora sobre a realidade. Demanda uma busca constante. Implica em invenção e em reinvenção".
    "Estudar exige disciplina. Estudar não é fácil. porque estudar pressupõe criar, recriar, e não apenas repetir o que os outros dizem ..."

    "Estudar é um dever revolucionário"

    "A escola sozinha não muda as condicões de injustiças sociais... Resta perguntar: Está fazendo tudo que pode?"
    "Não nego a competência, por outro lado, de certos arrogantes,mas lamento neles a ausência de simplicidade que, não diminuindo em nada seu saber, os faria gente melhor. Gente mais gente".

    "A educação tem caráter permanente. Não há seres educados e não educados. Estamos todos nos educando".
    "Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa, por isso aprendemos sempre".
    " Não se deve confundir liberdade com libertinagem".
    "Ai de nós, educadores e educadoras, se deixarmos de sonhar sonhos possíveis".
    "Educar é educar-se na prática da liberdade, é tarefa daqueles que sabem que pouco sabem - por isso sabem algo e podem assim chegar a saber mais - em diálogo com aqueles que, quase sempre, pensam que nada sabem, para estes, transformando seu pensar que nada sabem em saber que pouco sabem, possam igualmente saber mais."
    "Crescer como Profissional,significa ir localizando-se no tempo e nas circunstâncias em que vivemos,para chegarmos a ser um ser verdadeiramente capaz de criar e transformar a realidade em conjunto com os nossos semelhantes para o alcance de nosso objetivos como profissionais da Educação".
    "Se nossa opção é progressista, se estamos a favor da vida e não da morte, da eqüidade e não da injustiça, do direito e não do arbítrio, da convivência com o diferente e não de sua negação, não temos outro caminho senão viver plenamente a nossa opção"...
    "O educador se eterniza em cada ser que educa".
    "Todo conhecimento é auto-conhecimento".
    "Sem limites, é impossível que a liberdade se torne liberdade e também é impossível para a autoridade realizar sua obrigação, que é precisamente a de estruturar limites"
    "O erro na verdade não é ter um certo ponto de vista, mas absolutizá-lo e desconhecer que, mesmo do acerto de seu ponto de vista é possível que a razão ética nem sempre esteja com ele".
    "Ensinar exige segurança, competência profissional e generosidade."
    “A educação é um ato de amor, por isso, um ato de coragem. Não pode temer o debate. A análise da realidade. Não pode fugir à discussão criadora, sob pena de ser uma farsa”.
    " Precisamos contribuir para criar a escola que é aventura, que marcha, que não tem medo do risco, por isso que recusa o imobilismo.
    A escola em que se pensa, em que se cria, em que se fala, em que se adivinha, a escola que apaixonadamente diz sim a vida"
    " É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal maneira que num dado momento a tua fala seja a tua prática."
    É preciso ousar, aprender a ousar , para dizer NÃO a burocratização da mente a que nos expomos diariamente".
    "É preciso ousar para jamais dicotomizar o cognitivo do emocional.
    Nao deixe que o medo do difícil paralise você".
    "Saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção"
    "Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino".

    "A educação necessita tanto de formação técnica e científica como de sonhos e utopias".
    "A prática educativa é tudo isso: afetividade, alegria, capacidade científica, domínio técnico à serviço da mudança ou lamentavelmente, da permanência do hoje."

    Célestin Freinet



    O pedagogo francês Celéstin Freinet (1896-1966) foi um grande educador popular e um inovador que conseguiu a façanha de ser expulso do Partido Comunista e do sistema público de ensino francês, apesar dos excelentes resultados educativos de seus métodos. Com certeza, sua paixão pelo diálogo com as crianças e a aversão a qualquer forma de autoritarismo e de "didatismo" não angariaram muita simpatia para esse comunista convicto junto aos burocratas.
    Por volta de 1925, Freinet encontrava-se incapacitado de passar o dia dando aulas expositivas para os filhos de camponeses, seus alunos, nas aldeias do sul da França, por causa de um ferimento no pulmão durante a Primeira Guerra Mundial. Conhecedor das idéias da Escola Nova (na época, chamada de "Escola Ativa"), ele buscava caminhos para adaptá-las ao trabalho com crianças humildes.
    A solução veio quando Freinet comprou uma velha imprensa, dessas de fazer jornais, e colocou-a no coração de sua sala. As crianças começaram a montar textos em que descreviam seus passeios pela aldeia, seus sonhos, seu mundo. Eles eram compostos e impressos até pelas crianças ainda não alfabetizadas. Logo, os alunos trocavam, pelo correio tradicional, textos, desenhos e poesias com escolas da França, de outros países da Europa e até da África.
    Essa técnica, que ficou conhecida como correspondência interescolar, juntamente com os contatos com a comunidade e o texto livre (desenha-se e/ou escreve-se livremente sempre que houver vontade de expressar algo), constitui um dos fundamentos do método natural, criado por Freinet e relatado em uma série de livros belíssimos.
    O trabalho de Freinet despertou grande admiração, inclusive de Piaget, que considerava o educador francês um pedagogo genial. Também teve muitos críticos, que o censuravam por promover a anarquia e a falta de rigor. As acusações parecem injustas, especialmente quando constatamos o alto grau de desenvolvimento da autonomia e do espírito crítico em alunos que freqüentam boas escolas Freinet.
    O trabalho iniciado pelo pedagogo francês multiplicou-se e, até hoje, encontramos um grande número de escolas que adota a sua pedagogia. O trabalho de Freinet também pode inspirar escolas de linha mais tradicional que buscam renovar e enriquecer suas práticas.
    A pedagogia Freinet é centralizada na criança e baseada sobre alguns princípios:
        • senso de responsbilidade
        • senso cooperativo
        • sociabilidade
        • julgamento pessoal
        • autonomia
        • expressão
        • criatividade
        • comunicação
        • reflexão individual e coletiva
        • afetividade
    Invariantes Pedagógicas:



    1. A criança é da mesma natureza que o adulto.
    2. Ser maior não significa necessariamente estar acima dos outros.
    3. O comportamento escolar de uma criança depende do seu estado fisiológico, orgânico e constitucional.
    4. A criança e o adulto não gostam de imposições autoritárias.
    5. A criança e o adulto não gostam de uma disciplina rígida, quando isto siginifica obedecer passivamente uma ordem externa.
    6. Ninguém gosta de fazer determinado trabalho por coerção, mesmo que, em particular, ele não o desagrade. Toda atitude imposta é paralisante.
    7. Todos gostam de escolher o seu trabalho mesmo que essa escolha não seja a mais vantajosa.
    8. Nnguém gosta de trabalhar sem objetivo, atuar como máquina, sujeitando-se a rotinas nas quais não participa.
    9. É fundamental a motivação para o trabalho.
    10. É preciso abolir a escolástica.
    10- a. Todos querem ser bem-sucedidos. O fracasso inibe, destrói o ânimo e o entusiasmo.
    10- b. Não é o jogo que é natural na criança, mas sim o trabalho.
    11. Não são a observação, a explicação e a demonstração - processos essenciais da escola - as únicas vias normais de aquisição de conhecimento, mas a experência tateante,que é uma conduta natural e universal.
    12. A memória, tão preconizada pela escola, não é válida, nem preciosa, a não ser quando está integrada no tateamento experimental,onde se encontra verdadeiramente a serviço da vida.
    13. As aquisições não são obtidas pelo estudo de regras e leis, como às vezes se crê, mas sim pela experîencia. Estudar primeiro regras e leis é colocar o carro na frente dos bois.
    14. A inteligência não é uma faculdade específica, que funciona como um circuito fechado, independente dos demais elementos vitais do indivíduo, como ensina a escolástica.
    15. A escola cultiva apenas uma forma abstrata de inteligência, que atua fora da realidade fica fixada na memória por meio de palavras e idéias.
    16. A criança não gosta de receber lições autoritárias.
    17. A criança não se cansa de um trabalho funcional, ou seja, que atende aos rumos de sua vida.
    18. A criança e o adulto não gostam de ser controlados e receber sanções. Isso carcteriza uma ofensa à dignidade humana, sobretudo se exercida publicamente.
    19. As notas e classificações constituem sempre um erro.
    20. Fale o menos possível.
    21. A criança não gosta de sujeitar-se a um trabalho em rebanho. Ela prefere o trabalho individual ou de equipe numa comunidade cooperativa.
    22. A ordem e a disciplina são necessárias na aula.
    23. Os castigos são sempre um erro. São humilhantes, não conduzem ao fim desejado e não passam de paliativo.
    24. A nova vida da escola supõe a cooperação escolar, isto é, a gestão da vida pelo trabalho escolar pelos que a praticam, incluindo o educador.
    25. A sobrecarga das classes constitui sempre um erro pedagógico.
    26. A concepção atual das grandes escolas conduz professores e alunos ao anonimato, o que é sempre um erro e cria barreiras.
    27. A democracia de amanhã prepara-se pela democracia na escola. Um regime autoritário na escola não seria capaz de formar cidadãos democratas.
    28. Uma das primeiras condições da renovação da escola é o respeito à criança e, por sua vez, a criança ter respeito aos seus professores; só assim é possível educar dentro da dignidade.
    29. A reação social e política, que manifesta uma reação pedagógica, é uma oposição com o qual temos que contar, sem que se possa evitá-la ou modificá-la.
    30. É preciso ter esperança otimista na vida. (Sampaio, 1989: 81-99)



    Técnicas Freinet
        • Aula passeio
        • Texto livre
        • Imprensa escolar
        • Correção
        • Livro da vida
        • Fichário de consulta
        • Plano de Trabalho
        • Correspondência interescolar
        • Auto-avaliação
    Aula Passeio
    Por acreditar que o interesse da criança não estava na escola e sim fora dela, Freinet idealizou esta atividade com o objetivo de trazer motivação, ação e vida para a escola.

    Texto Livre
    É a base da livre expressão, pode ser um desenho, um poema ou pintura. A criança determina a forma, o tema e o tempo para sua realização. Porém se a criança desejar que seu texto seja divulgado deverá passar pela correção coletiva.
    Imprensa Escolar
    Seu ponto de partida são as entrevistas, pesquisas, vivências e aulas-passeio. Freinet usava o tipógrafo. Todo processo de construção e impressão é coletivo.

    Correção
    Para o texto ser divulgado é necessário que esteja perfeito e a correção é fundamental. Ela pode ser feita coletivamente, ou em auto-correção. Freinet acredita que o "erro" deva ser trabalhado com a criança para que ela perceba e faça o acerto.

    Livro da Vida
    Funciona como um diário da classe, registrando a livre expressão (texto, desenho e pintura). Esta atividade permite que as crianças exponham seus diferentes modos de ver a aula e a vida.

    Fichário de Consulta
    Põe a disposição da criança exercícios destinados à aquisição dos mecanismos do cálculo, ortografia, gramática, história, ciências etc. São construídas em sala de aula pelos professores na interação com a turma. Freinet criticava duramente os livros didáticos fora da realidade da criança.

    Plano de Trabalho
    Tendo o currículo escolar como ponto de partida, os grupos de alunos se organizavam para escolher as estratégias de desenvolvimento das atividades que podiam ser realizadas em grupos, duplas, ou individualmente. Para registro do plano são elaboradas fichas onde são anotadas as realizações da semana.
    Correspondência Interescolar
    É uma atividade em que a criança faz a aprendizagem da vida coooperativa, uma classe se corresponde com a outra. Depois dos professores terem se comunicado e organizado a forma. Podem enviar: cartas, textos, fitas, vídeos, desenhos e e-mail.

    Auto-Avaliação
    A criança registra o resultado do seu trabalho em fichas de auto-avaliação que permitem constantes comparações entre os trabalhos realizados. Segundo Freinet o aluno e o professor devem se avaliar regularmente.
    Para saber mais Pedagogia Indaiatuba recomenda:
    • FREINET, Celestin, BALESSE, L.. A leitura pela imprensa na escola. Lisboa: Dinalivro, 1977.
    • FREINET, Celestin, SALENGROS, R.. Modernizar a escola. Lisboa: Dinalivro, 1977.
    • FREINET, Elise. O itinerário de Célestin Freinet: a livre expressão na pedagogia de Freinet. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1979.
    • FREINET, Elise. Nascimento de uma pedagogia popular. Lisboa: Estampa, 1978.
    • SAMPAIO, Rosa Maria Whitaker Ferreira. Freinet: evolução histórica e atualidades. São Paulo: Scipione, 1989.

    quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

    Corpo e Mente na Educação

    Sandra CelanoSaúde é um estado que depende de interações entre pessoas e ambientes que, em níveis profundos, são campos de energia interconectados. Pesquisas da física, da neurociência, da psiconeuroimunologia sugerem que a qualidade dos espaços intra e intersubjetivos afeta o entorno e é por ele afetado.

    Existe uma tecnologia leve e delicada que ajuda qualquer pessoa ou grupo a construir estados pacíficos, dissolver bloqueios afetivos, criar harmonia e paz. Autoconhecimento, consciência corporal, reciclagem emocional, respiração, silêncio, entre outras práticas ajudam a experimentar novos estados e criativas respostas.
    A abordagem transpessoal em psicologia busca a manifestação da essência, acompanhando seus fluxos que atravessam corpo, emoções, mente e ambiente - dimensões da multidimensionalidade humana ainda vistas separadamente, o que gera abordagens pedagógicas com sérios impactos nas crianças. Aposta na sensibilidade dos educadores para acompanharem o ponto evolutivo em que elas se encontram hoje e na necessidade de um melhor preparo para manejar crises, decodificando a linguagem de sintomas e perturbações que os desafiam diariamente.
    Educadores são agentes de cura social se iniciam em si mesmos o trabalho que desejam ver no mundo. E passam a se encantar com essa intercomunicação incessante entre tudo no universo, pois não há separação entre nós e uma estrela distante, nem entre a lua, o micróbio e cada um de nós.
    Somos campos de energia que se entrelaçam, mas precisamos ampliar o foco da consciência para nestes estados mergulharmos. Muito conhecemos do céu, das estrelas e das flores, mas quase nada sabemos sobre como ancorar esse conhecimento em nossa vida diária. Nossas mentes, nossos sentimentos e nossas ações geralmente seguem caminhos antagônicos, afastando-nos do profundo núcleo que integra estes níveis e que é a natureza essencial a ser desvelada.
    Ser saudável é cuidar de si, cuidar do outro e cuidar da Terra, sendo capaz de uma percepção trans, uma percepção que se move entre, através e além de pessoas, coisas e eventos. E é por uma educação que inclua a transcendência que nossas crianças hoje clamam.
    Sandra Celano é psicoterapeuta transpessoal. Criadora e coordenadora da Gente em Flor - Escola para Terapeutas Sociais, escreveu os livros "Corpo e Mente na Educação - uma saída de emergência" (Ed. Vozes) e "Mãos que Tocam a Alma - Sugestões para uma Educação Transdisciplinar", este em co-autoria com Ivan Guerrini (Ed. Triom).

    O Professor como Arquiteto da Aprendizagem

    Rafael ParenteNão é de hoje que grandes pensadores da educação sugerem que os educadores devem abandonar o papel de detentores do conhecimento e centralizadores da atenção nas aulas por uma postura mediadora, que favoreça uma aprendizagem colaborativa, centrada nas necessidades dos alunos. Paulo Freire criticou a "educação bancária" e recomendou uma "educação libertadora" que utilizasse e desenvolvesse a consciência crítica do educador e do educando. Para Moacir Gadotti, o professor deixaria de ser um lecionador e se tornaria um mediador do conhecimento, organizando a aprendizagem. Antônio Carlos Gomes da Costa citou uma metáfora de Peter Senge para explicar que a organização da aprendizagem precisa deixar o modelo de máquina e se transformar no modelo do jardim e do jardineiro, com relações marcadas pelo cuidado, pelo apreço e dedicação à vida de todos e cada um. Com a entrada das novas tecnologias nas escolas públicas e ao contrário do que muitos imaginam, essa mudança pode estar acontecendo.

    Pesquisas recentemente realizadas indicam que a maioria dos professores das rede municipal do Rio de Janeiro não mais descarta o computador e a internet como modismos, deseja capacitações frequentes para melhorar seu trabalho com as novas tecnologias e sente-se motivada e receptiva para repensar suas práticas pedagógicas. A pesquisa "Megafone na Escola", do Instituto Desiderata, concluiu que alunos e professores desejam ter mais computadores, internet e novas tecnologias nas escolas e acreditam que novas tecnologias e novas mídias são elementos essenciais para que "a escola se torne um lugar melhor para estudar e ensinar" e para que as aulas "fiquem melhores". Uma outra pesquisa, realizada pelo Instituto Oi Futuro e a Secretaria Municipal de Educação, com o apoio do Ibope e do Instituto Paulo Montenegro, apresentou resultados ainda mais surpreendentes. Foram aplicados mais de 35 mil questionários para alunos, professores e diretores, com o objetivo de compreender o relacionamento desses três públicos com as novas tecnologias. As conclusões mais interessantes foram:
    - A maioria absoluta dos três públicos (mais de 80% em cada) acredita que as novas tecnologias podem contribuir bastante para a aprendizagem;
    - Professores e diretores consideram que capacitações relacionadas à utilização das novas tecnologias são as mais importantes para sua atuação profissional. Em segundo lugar, os professores optaram por capacitações voltadas para a integração de tecnologias às aulas e diretores desejam aquelas voltadas para gestão escolar;
    - Os três públicos acreditam na necessidade da utilização das novas tecnologias para o desenvolvimento educacional. Para os alunos, as novas tecnologias os mantêm conectados ao seu mundo, aumentam seu conhecimento e sua autoestima; Para professores, elas são o canal para o conhecimento e para o mundo globalizado; Diretores concordam com os professores e creem que as novas tecnologias também têm o poder de democratizar o acesso à informação, estimulando a participação cidadã;
    - 75% dos alunos da rede já têm computadores em casa, 66% deles acessam a internet diariamente de suas casas e menos de 20% ainda dependem de lan houses;
    - A utilização de novas tecnologias por professores e diretores para compartilhar práticas ou soluções com colegas e para se conectarem aos alunos e familiares criando uma extensão do ambiente educacional ainda precisa de estímulos;
    - Com relação ao conforto na utilização, como previsto, alunos dizem saber utilizar muito mais ferramentas do que professores e diretores e todos os públicos expressam o desejo de participarem de cursos com essa finalidade nas unidades de ensino;
    - Mais de 60% de professores e diretores concordam totalmente (cerca de 15%) ou parcialmente (cerca de 45%) que atualmente as novas tecnologias vencem os livros como principal fonte de informação; No caso dos alunos, 45% deles concordam totalmente e 32% concordam parcialmente que a internet é uma melhor fonte de informações do que os livros.
    Atenta aos resultados dessas pesquisas que comprovam mudanças na mentalidade e nas expectativas de professores e alunos, a Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro está investindo na infraestrutura e manutenção das escolas, planejando cursos de capacitação para professores e gestores e remodelando metodologias, sistemas e práticas, sempre em parceria com o Ministério da Educação, institutos, fundações e empresas. Nossos professores ajudaram a criar e avaliar a utilização da Educopédia, uma plataforma colaborativa de aulas digitais que tem o mesmo peso que apostilas e livros didáticos nas salas de aula. Nessa avaliação, pesquisadores de universidades cariocas descobriram, por exemplo, que a grande maioria dos alunos acha que a plataforma facilita a compreensão dos conceitos, que ajuda no estudo para provas bimestrais e que as aulas ficaram mais interessantes, enquanto somente 9% dos professores acreditam que essa nova ferramenta não teve um impacto positivo na participação e motivação dos alunos. Os resultados de todas essas pesquisas estão à disposição para pesquisadores e para o público em geral.
    O impacto das novas tecnologias já é uma realidade na vida de alunos e professores. Avaliar o que os melhores sistemas de educação do mundo fizeram no século passado sem uma análise prévia e cuidadosa desse impacto pode ser um grande erro. Nossas pesquisas em campo comprovam que o professor da cidade do Rio de Janeiro já está reavaliando a sua postura em sala de aula, com o desejo de se tornar um mediador e de aprender junto com os alunos. O investimento em novas ferramentas e procedimentos relacionados às novas tecnologias precisa fazer parte do planejamento estratégico de todos os governos se queremos, de fato, dar um salto na qualidade da educação pública no nosso país. Os educadores e alunos cariocas já sabem disso e estão ávidos por novidades. A preferência é que elas cheguem via Twitter, jogos virtuais e tablets.
    Rafael Parente é formado em publicidade, mestre em gestão da educação, concluindo um PhD em educação internacional e desenvolvimento pela NYU. Nascido em Brasília, mora no Rio há 2 anos. É subsecretário de projetos estratégicos da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro.
    Este artigo foi originalmente publicado no blog de Rafael Parente e cedido pelo autor para publicação no Pedagogia Indaiatuba.

    Internet na sala de aula


    1. A escola que não está na internet está fadada a ficar para trás?
    Acredito que estão fadadas a ficar para trás e fracassar as escolas que não atendem aos interesses e necessidades de seus alunos e da comunidade onde estão inseridas. Aquelas que não estão receptivas a mudanças, que não ouvem seus alunos, que repetem as mesmas técnicas, sem reflexão, sem crítica, sem análise.

    Não podemos parar no tempo enquanto a ciência e a tecnologia avançam acreditando que a educação será eficaz na base da mera transmissão de conhecimentos pelo professor, de cópias da lousa e exercícios em livros e cadernos. Vivemos na era tecnológica e nossos alunos, nativos digitais, anseiam pelo aprendizado que explore todas as habilidades e potencialidades que eles conhecem através da web e dos programas de computador.

    É urgente acompanharmos essa evolução, transformando as escolas num espaço condizente com a era em que vivemos. Porém, sabemos que a realidade brasileira ainda está distante das tecnologias e que há resistência por parte dos professores.

    2- Há escolas (e empresas, e pessoas) que se empolgam com a tecnologia em si, presenteando alunos com acesso banda larga e até tablets. Mas tecnologia, sozinha, não faz milagres, não é mesmo?
    Sem dúvida. Os educadores hoje precisam enfatizar a curiosidade, a criatividade, a inovação, a pesquisa e a imaginação. Incentivar a autonomia individual e a solidariedade, prevenir insucessos e lutar contra as desigualdades, favorecer o ensino experimental e o espírito científico, abrir novos horizontes, aliando a compreensão das origens e raízes à identidade da inovação científica e tecnológica. Porém, não se pode restringir as aulas aos tablets e à internet. É imprescindível variar as propostas de atividades, explorando recursos diversos como: artes plásticas, música, movimento, contação de histórias, dinâmicas, entre outros. Independente do recurso ser ou não tecnológico, essa variedade é essencial, pois cada pessoa aprende de uma forma, temos habilidades diferentes e todas merecem ser desenvolvidas.

    Uma escola de excelência precisa ser consciente que a sua principal missão que é educar para cidadania. Não podemos mecanizar o ensino, devemos resgatar afetos, valorizar sentimentos, explorar valores de convivência éticos e morais.

    3. Se uma escola deseja criar um projeto pedagógico prevendo a internet, que conselhos-chave você daria?
    É importante elaborar um projeto didático e/ou pedagógico de uso dos recursos deste ambiente virtual, mas a finalidade técnica não pode ser pensada sem a intencionalidade pedagógica. A proposta é ensinar crianças e jovens a navegarem de forma segura, positiva e eficaz, transformando a tecnologia em grande aliada do processo ensinoaprendizagem. Usar a internet apenas para passar o tempo não adianta nada.

    Ensinar utilizando a internet exige uma forte dose de atenção do professor. Diante de tantas possibilidades de busca, a própria navegação se torna mais sedutora do que o necessário trabalho de interpretação. Os alunos tendem a dispersar-se diante de tantas conexões possíveis, de endereços dentro de outros endereços, de imagens e textos que se sucedem ininterruptamente. Tendem a acumular muitos textos, lugares, idéias, que ficam gravados, impressos, anotados. Colocam os dados em seqüência mais do que em confronto. Copiam os endereços, os artigos uns ao lado dos outros, sem a devida triagem. Portanto, cabe ao professor planejar bem o que vai ser trabalhado, orientando os alunos a analisar, comparar, separar o que é essencial do acidental, hierarquizando idéias, assinalando coincidências e divergências.

    4. Professores e alunos, às vezes, podem "misturar os canais" nas redes sociais, confundindo o papel de professor com o papel de "colega". Que riscos isso pode trazer?
    Cabe ao professor deixar claro aos seus alunos os objetivos dos trabalhos nos ambientes virtuais. Se quiser, extra sala de aula, manter contato com os alunos nas redes, o professor pode criar perfis profissionais para tal. Assim, sua privacidade será mantida. Todavia, também é possível permitir que os alunos saibam um pouco de sua vida pessoal desde que haja um clima de respeito baseado em prévias combinações de regras. O maior risco é que se perca a intencionalidade pedagógica se o trabalho não for bem planejado e combinado.

    5. Quais as principais regras de segurança a se adotar numa escola que se propõe a usar intensamente a internet e as redes sociais?
    O primeiro passo é o planejamento pedagógico que deve ser realizado pela equipe docente, coordenação e direção da escola. Tal planejamento deixará claro quais são os objetivos do uso da internet e das redes sociais para cada classe: Até onde podemos ir? O que cada atividade trará de útil para os alunos? Quais atividades serão realizadas? Com isso definido deve-se através de uma reunião transmitir aos pais e responsáveis como será desenvolvido o trabalho deixando-os tranqüilos, demonstrando que há uma intenção não somente de inovação, mas de usar a tecnologia como aliada no processo ensino -aprendizagem.

    Não podemos deslumbrar-nos com a pesquisa na internet e deixar de lado outras tecnologias. A chave do sucesso está em integrar a internet com as outras tecnologias - vídeo, televisão, jornal, computador sem acesso a web. Integrar o mais avançado com as técnicas já conhecidas, dentro de uma visão pedagógica nova, criativa, aberta.

    Criam-se todos os dias mais de cento e quarenta mil novas páginas de informações e serviços na rede. Há informações demais e conhecimento de menos no uso da internet na educação. E há uma certa confusão entre informação e conhecimento. Temos muitos dados, muitas informações disponíveis. Na informação os dados estão organizados dentro de uma lógica, de um código, de uma estrutura determinada. Conhecer é integrar a informação no nosso referencial, no nosso paradigma, apropriando-a, tornando-a significativa para nós. O conhecimento não se passa, o conhecimento se cria, se constrói.

    A internet é uma ferramenta fantástica para abrir caminhos novos, para abrir a escola para o mundo, para trazer inúmeras formas de contato com o mundo. Mas essas possibilidades só acontecem se, na prática, as pessoas estão atentas, preparadas, motivadas para querer saber, aprofundar, avançar na pesquisa, na compreensão do mundo. Quem está acomodado em uma atitude superficial diante das coisas, pesquisará de forma superficial.


    Paty Fonte (Patrícia Lopes da Fonte) é educadora especialista em pedagogia de projetos, escritora, autora de mais de 150 temas de projetos didáticos e pedagógicos e do livro "Projetos Pedagógicos Dinâmicos: a paixão de educar e o desafio de inovar" (WAK editora); autora e tutora de cursos presenciais e on-line de educação continuada a docentes, coach, palestrante. Idealizadora e diretora do site: http://www.projetospedagogicosdinamicos.com/
    OUTROS CONTATOS:
    E-mail: patyfonte@projetospedagogicosdinamicos.com
    Blog: http://www.paixaodeeducar2.blogspot.com/